sexta-feira, 29 de junho de 2012

Devoção versus fanatismo

"Anjo da Guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia" Começa assim a nossa (minha e da Maria grande) oração antes de dormir. Segue-se a oração espontânea "Obrigada Jesus, por seres meu amigo; obrigada pelas minhas tias; obrigada por (...) Eu digo uma palavra, ela diz outra e assim terminamos o dia, sem esquecer de agradecer todas as coisas boas recebidas. Até aqui tudo muito bem. Ontem, eram 05h45, fui arrancada dos braços de Morfeu, com os gritos da Maria grande "quero dizer o anjo da guarda". Queres o quê?!!! "QUERO DIZER O ANJO DA GUARDA" Lá comecei a oração, e a tontinha (que eu pensava estar a sonhar alto) conseguiu dizê-la, direitinha, até ao fim. Depois de acabar, virou-se para o lado e continuou o seu soninho retemperador. Já eu fiquei com uma daquelas dores de cabeça que nem vos conto. Mais tarde consegui voltar a adormecer e, claro, deixei passar a hora. Asseguro-vos que ser acordada de um sono profundo duas vezes é coisa para nos deixar abananados o dia todo. Resultado, estou agora com receio que a moça vire fanática e me obrigue a jejuar e usar um cilício à cintura (sim, que ela é mais do género de fazer propmessas para os outros cumprirem.

Baixinha, mas feliz

Ontem, depois de mais uma daquelas minhas grandes confusões com datas, levei a Titocas ao centro de saúde. A pequena é rasteirinha, está no percentil 10 de altura. Já na consulta anterior, o médico me tinha dito para não me preocupar com isso, assim como se o facto de ser baixinha fosse algum problema. Nesta consulta, o médico vou a fazer referência a isso, mas acrescentou O ponto essencial "vê-se que é uma criança feliz". Ora aí está, a Titocas é uma criança feliz. Pudera, quem não seria feliz tendo o resto do mundo a prestar-lhe vassalagem e a tratar-lhe de cama, rabo e roupa lavada? Infelizes são os pais, que podem esquecer a possibilidade de vir a ganhar dinheiro com os desfiles da princesa na passarelle.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nunca mais chega Julho

Ando ansiosa que chegue Julho, não só porque significará que as férias estarão logo ali ao virar da esquina mas porque será mês de revisão geral no IPO. Com o aproximar das consultas aparecem-me sempre as comichões e os gânglios. O nosso subconsciente é tramado. É curioso que esta nova ronda pelo IPO seja em Julho, o mês que ficou marcado em mim pelos piores motivos. Foi em Julho de 2009 que iniciei a quimio e que vivi os momentos de maior angústia e aflição pois tinha um medo enorme de todos os efeitos secundários. O que vale é que os meus dias são sempre tâo preenchidos que são pouco os momentos para parar a pensar. Vamos lá dar corda ao relógio

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ratos mortos

Deixei-as sózinhas durante 30 segundos e quando me reaproximei, consegui ouvir "Tita, a mãe cheira a ratos mortos". Incrédula, quis acreditar ter ouvido mal. "Quem é que cheira a ratos mortos, Leonor ?!!!!". O sorriso envergonhado comprovou o que tinha acabado de ouvir. Não só falavam de mim pelas costas, como falavam mal (e tinham noção disso). Tentando abstrair-me da gravidade da situação, só queria que as pessoas que, habitualmente, convivem comigo tenham a frontalidade de me dizer se é verdade o que as minhas adoradas filhas estavam a comentar. Como devem imaginar, é constrangedor para mim sair à rua a partir de hoje.

terça-feira, 26 de junho de 2012

É por causa delas

É por causa delas que chego ao trabalho com a roupa do avesso, cheia de ranho e bolachas. Mas é também por causa delas que entro em casa e fico com a alma limpa.

Humilhada e maltratada

Dois dias depois do trágico desaparecimento da pê pê amarela, levei a criação à pediatra. Aquilo que era suposto ser uma consulta de rotina, das crianças, transformou-se numa sessão de psicanálise (da mãe). Com o coração em chagas, contei o episódio da pê pê amarela, a dor da Leonor ao vê-la feita em duas e tentei desculpar o pai pela atitude explosiva. Estava mesmo convencida que a pediatra me iria desancar, encaminhar a Leonor para consultas de psicologia e participar a ocorrência ao Ministério Público e CPCJ e preparei-me para o embate. A reacção não podia ter sido mais directa - "o pai fez muito bem, ela tentou humilhá-la e não há mau acordar no mundo que justifique que alguém maltrate as outras pessoas. Não se sinta culpada". Quando cheguei a casa, contei ao papá, que me disse "tu não devias deixar que ela (a Leonor) te fale assim e acredita que não vos custou mais a vocês do que a mim". Certo, certo é que a coisa resultou mesmo e a cachopa quase nem se lembra da pê pê, embora de vez em quando, e sorrateiramente, aproveite para dar uma lambidela na da irmã. Eu é que, pelos vistos, estarei a precisar de ajuda especializada.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A pê pê amarela - parte 2

A 2.ª parte do processo de desmame da pê pê será tirá-la aos avós. Vai ser duro ..................

Ranho e pê pê amarela

A pê pê amarela (sempre ela) foi o meu despertador. Eram 6 da manhã, dormia como um justo, quando comecei a ouvir " a minha pê pê, quero a minha pêpê". Levantei-me, arrastei a cama, pus-me de rabo para o ar e nada .... o raio da pê pê tinha desaparecido. No meio do desespero, fui buscar a pê pê suplente da Titoca e expliquei-lhe "filha, agora ficas com esta, a mamã vai procurar melhor". Não consigo descrever o que vi nos olhos da Leonor, mas tive medo. Estava descontrolada. Pegou na pê pê da mana e espetou com ela no meio do chão e berrou, berrou, berrou "a pê pê, quero a pê pê amarela". Depois de todas as tentativas possíveis e imaginárias para a acalmar, desisti. Levei-a para a sala, decidida a deixá-la berrar e a rezar para que não acordasse a vizinhança que mora num raio de 5 kms (que incluiu, naturalmente, a mana que vive no andar de cima). Nos entretantos ia gritando "ranho, tenho ranho". A rapariga fica muito aflita com o ranho (prefere comê-lo em estado sólido). De repente, chega o papá. Já estava mesmo a ver o filme. "A chupeta, quero saber onde está a chupeta. É hoje que dou cabo dela.". Tentei demovê-lo a deixar-me tratar da situação mas, por motivos que prefiro ignorar, não consegui. Arrastou a cama, encontrou a maldita e foi direitinho à gaveta onde está guardada a tesoura .... o resto podem imaginar (com som e tudo). Há dias a pediatra teve uma conversa séria sobre a pê pê com a Leonor e a Leonor percebeu-a perfeitamente. O plano era o de lhe darmos a pê pê somente para dormir e em caso de "grandes frustações" e era isso que estávamos a tentar fazer. Mas hoje a pequena levou-nos aos limites. Além disso, devo dizer que isso de mensurar as frustações é difícil. A Leonor fica frustada quando embirra com a cor das cuecas, só para dar um pequeno exemplo. E depois deste suave amanhecer, aguardo o resto do dia cheia de expectativas

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Fase do armário no sentido mais estrito

Tive a ousadia de impedir que destruisse um livro. Amuou e foi-se fechar no quarto. Passados uns segundos de silêncio (que dificilmente auguram algo positivo) entrei. Nem sinal da rapariga. De repente lembrei-me .... será? Espreitei e lá estava a minha pré adolescente, de monco caído, sentada dentro do armário.

domingo, 17 de junho de 2012

Ovulação

Ora bem, como é que se explica a ovulação a uma criança de 3 anos? Alguma sugestão?

A escrita é dolorosa

Há dias, uma colega do curso de escrita criativa dizia que o processo de escrita é doloroso. Não faço ideia se doeu, ou não, ao autor do "Rato Renato ajuda a irmã a deixar as fraldas". Mas posso assegurar que dói, e muito, levar com a sua obra em cheio no nariz. Ao ponto de me deixar a ver estrelas às cinco da tarde de um dia ensolarado.

sábado, 16 de junho de 2012

Regresso ao passado

Esta manhã, vesti o fato domingueiro e lá fui, A1 acima, para uma espécie de regresso ao passado. Participei num encontro de Direito do Trabalho sobre riscos psicossociais (infelizmente cada vez mais comuns) realizado na minha faculdade (Escola de Direito, na atual terminologia. Não me lembro ao certo da última vez que lá entrei, só sei que o sítio onde estive está bem diferente daquele edifício onde passei 6 anos (propedêutico e licenciatura). Confesso que nunca senti muitas saudades da Católica, apesar de ter boas recordações dos tempos em que lá andei e ter muito orgulho na minha universidade. Mas foi bom voltar. Divido a minha vida no antes e pós Católica. Certamente seria já, quando lá andei,a mesma pessoa que hoje sou mas, interiormente, sinto uma diferença abismal. A sensação que tenho é a de que só ganhei personalidade própria depois de terminar o curso e começar a trabalhar. Até aí era uma miúda sem sal. Hoje continuo sem salm mas mais dura de roer. PS Estava a brincar quanto ao fato domingueiro. Seria incapaz de ir à Católica de pijama e crocs de fancaria

sexta-feira, 15 de junho de 2012

SOS, pai em perigo de vida

A Leonor (quem mais) está na sala, com uma palhinha em riste, a dizer ao pai que o vai matar porque ele a mandou calar. Quando o pai lhe perguntou se lhe dava um beijinho, respondeu "não, eu sou uma bruxa, sou má". Estou verdadeiramente assustada. Alguém socorra o meu marido, que eu não me aproximo nem que me paguem. Tenho uma filha para criar e outra em vias de ser visitada num centro educativo.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mulheres ...

As raparigas não podiam ser mais femininas, se descontarmos os gostos desportivos. Um dia boxe, outro luta greco-romana (ver foto). Gostam de arte (ainda há dias a Tita esculpiu os dentes na bochecha da Leonor). Perdem-se por uma sessão de tricot ("a mãe é mesmo malvada, não é Tita? OLha o que ela fez!!!"). Tão depressa estão aos murros, como aos beijinhos. No final, e tal como nas histórias de encantar, vence sempre o Amor.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Fofinho

O meu marido que me perdoe, mas há coisas que têm de ser ditas. O Pablito (Pablo Alborán para os menos conhecidos) é fofinho. No domingo armei-me em mãe moderna e independente. Deixei marido e criação em casa e fui ao concerto. Para dizer a verdade, não tinha grande vontade de ir. Fui pela companhia (minhas queridas Filipinha e Aidita), mas tenho de admitir que a coisa superou as minhas (baixas) expectativas. O miúdo é afinadinho, simpático e (pelo menos pelo que me pareceu)nada pedante, o que, perdoem-me nuestros hermanos, não é lá muito frequente na outra ponta da Península Ibérica. Quanto à Carminho, bem, a mulher tem um vozeirão que é fenomenal. Gostei.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Já vi alguns internados por menos

Imaginem uma mãe que passou meses a sonhar com o 3.º aniversário da filha mais velha. Sózinha em casa, ao preparar a festa, coloca as velas no bolo - duas (1+1). Mira, e torna a mirar, o bolo e acha-o lindo. Não repara em nada estranho. Dias mais tarde, a mesma mãe prepara-se para lavar loiça. Pega no esfregão com a mão esquerda e na garrafa com a mão direita. Verte o líquido no esfregão. Até aqui tudo normal, não fosse o líquido azeite. A mamã sente necessidade de relaxar. Está entusiasmada pois vai conhecer, pessoalmente, uma amiga virtual. Está calor e vai tomar um cafézinho com a amiga. Pede, também, uma garrafa de água mas não bebe por ela. Despeja-a ... na chávena do café, muito mal posicionada ao lado do copo. Feliz da vida, a mamã consegue sair a horas do trabalho. É dia de almoço com as amigalhaças. Será dia de piquenique indoor, uma nova modalidade de convívio. Chega à porta de casa (a sua), cumprimenta as amigas efusivamente, tal é a excitação. Mete a mão na carteira. Vasculha .... A chave ?!!! Diz uma das Amigas "Tu não eras capaz de fazer isso, eras?!!!". Disso, e pior. Alguns quilómetros depois, o piquenique aconteceu.

domingo, 10 de junho de 2012

Aterrador

Fico doente com grande parte dos comentários feitos a notícias on line. Custa acreditar (especialmente a quem, como eu, sofre do síndrome de S. Tomé) que exista tanta gente doente no mundo. E não falo em doenças físicas, falo em distúrbios de personalidade. Para não me chatear, evito ver esses comentários, mas às vezes não consigo. Hoje foi um desses momentos. Estava a ler esta notícia do Sol http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=51504 sobre um jovem de 23 anos que sofre de cancro em estado terminal. Ao confessar os seus últimos desejos, fala na vontade de ter sexo (como qualquer pessoa normal). O comentário que despoletou este post foi o seguinte: "confessou querer ter sexo o maior número de vezes possível antes de morrer." Este é que me saiu cá um Maloio,de estúpido não tem nada. Só precisa, de dinheiro uma esposa bonita, rica,se possível virgem e ter sexo forte e feio até morrer. Ao que parece o seu estado ainda não é assim tão terminal, pior é o estado dos lorpas que vão na historia do vigário...kkkkkkkk ". Estou, com toda a certeza, a dar demasiada atenção a quem não a merece. Mas ninguém é de ferro. E pergunto-me "como é que é possível"? Este não é o único comentário do género. Obviamente que a história pode ser falsa. Há gente para tudo. Mas porquê partir desse princípio? Mais. Porquê partir do princípio que alguém em estado terminal não tem vontade de ser feliz e aproveitar todos os momentos? Coisa que, aliás, todos devíamos fazer. Não querendo comparar as pessoas em questão (muito menos a motivação)faz-me lembrar os tempos da quimio. Quando telefonava a uma amiga a perguntar como estava e ouvia como resposta "não te preocupes comigo, agora tens é de tratar de ti). Claro que sim, tinha de tratar de mim, mas o que mais queria é que o meu dia a dia fosse minimamente normal e isso implicava preocupar-me com os outros, ter sexo (....). Nem sei o que sentir relativamente a pessoas que escrevem estas enormidades. Se tenho pena por serem umas verdadeiras bestas, se fico feliz porque, provavelmente, nunca conviveram com a iminência do fim (antecipado) da vida (delas ou de alguém próximo).

sábado, 9 de junho de 2012

Num assomo de loucura

Num assomo de loucura (daqueles que, felizmente, só tenho aí uma vez por ano), resolvi ir à esteticista. Para animar algo já de si tão animado, levei D.ª Maria Leonor comigo. Às tantas estava a esteticista a esfurancar-me as sobrancelhas e a Leonor sentada na minha barriga. Hora e meia depois, estava eu fartinha de praguejar interiormente, pergunta a esteticista "é só para tirar o excesso, não é?". Foi quando percebi a piadola do meu marido "pareces o Quim Roscas". A loucura não se ficou pelas sobrancelhas, foi dia de arranjar mãos e pés. Não vão acreditar, mas deixei pintar com rosa forte (também, só assim a minha unha do pé carunchosa disfarça). Como está bom de ver, era eu a sair da cabeleireira, toda vaidosa, com os dedinhos dos pés à mostra e os primeiros pingos de chuva a cair. Temos pena, agora nem que chovam canivetes vou esconder os pés. Ainda falta muito tempo para o próximo ano.

21 de Janeiro de 2009

Perguntam-me, frequentemente, como foi viver a gravidez, sabendo ter cancro. Nunca sei como nem o que responder. Na verdade, há muitas coisas que só percebo à distância. Hoje resolvi partilhar uma das páginas do diário que fui escrevendo. Há coisas que senti que nunca me permiti, sequer, escrever. Agora, ao ler o diário, percebo muita coisa que o cérebro foi mascarando. A partilha é uma espécie de terapia. Não me perguntem porquê, mas a minha reacção foi sempre a de falar sobre o cancro. Ao olhar para a minhas crias tudo parece mentira. Estão lindas e saudáveis e têm a mãe com elas, para as amassar com beijos. E eu tinha razão, a Leonor tem cá uma personalidade ..... "Minha querida Leonor, estou ansiosa por te ter nos braços, apesar de estar deliciada com a gravidez. Não fora o "precalço" que me foi detectado, e uma tendinite horrível no ombro direito, e seria tudo um mar de rosas. Tenho uma vaidade imensa na minha barriga. O avô Fernando chama-te "Lianor", na brincadeira. Se for como era comigo, e com as tias Dulce e Joana, há-de arranjar-te uma série de alcunhas. Ainda não te disse mas quando saí da ecografia morfológica (no dia 7) dei comigo a cantar "morena de Angola que traz o chocalho agarrado na canela". É de um CDdo Chico Buarque que a tia Dulce ofereceu ao papá nos anos. Não sei com quem te vais parecer. Só sei que sinto que vais ter uma personalidade muito forte. Aquilo que me tens feito sentir, a força que me transmite (sempre nos momentos mais complicados)é indescritível. Sou uma privilegiada, acho que nunca ninguém terá contigo uma relação tão íntima e forte como aquela que eu tenho. Quando estava a fazer a eco, a médica disse-me "quem sabe esta bebé não veio para a ajudar?". Estava a referir-se ao linfoma e à questão da criopreservação das células estaminais. Ainda não coloquei em questão a minha capacidade para ser uma boa mãe, talvez seja falta de modéstia, não sei. Só sei que tenho um Amor infinito por ti e o meu único medo é não ter saúde para te acompanhar. Embora não o queira transmitir, sabes que tenho medo, apesar de não me sentir revoltada. Vejo tantas pessoas doentes à minha volta. É assustador. Enfim, mas tenho de ter fé. E depois, aconteça o que acontecer, há muitas pessoas que te amam e cuidarão de ti".

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Há coisas que não se percebem

Há coisas que não se percebem. A ciência tem avançado muito (não tanto como seria desejável), sabe-se que os transplantes de medula óssea podem salvar vidas. Fazem-se campanhas para incentivar a doacção, as pessoas aderem e, surpresa das surpresas, na HORA H há dadores que recusam submeter-se ao transplante. Segundo me constou (de fonte segura) são mesmo muitos. E não, não percebo o egoísmo. Não estamos a falar da doacção de órgãos, estamos a falar de algo que se regenera. Enquanto uns têm medo da dor, há outros que sofrem com medo de não a voltar a sentir. E assim vamos vivendo, num mundo que se basta de aparências e grandes números. Era bom que a imprensa levantasse esta questão e os medricas tivessem a foto exposta na montra das mercearias, como caloteiros que são.

Prémio Mãe Blogger - vamos lá votar

Começou a votação no Prémio Mãe blogger. Quem quiser ajudar a polir o ego desta amiga (e ajudar alguém a receber uma mala para levar para a maternidade), pode votar no Hodgkin, logo existo no link: http://premiomaeblogger.com/votar/ Ao escolher o blog em que pretendem votar, irão receber um email com um link para validar o voto. Só quando clicarem nesse link é que o voto será considerado. And let´s the game begin P S O Hodgkin, logo existo está na 3.ª página.

Com a moela cheia de areia

Ontem levámos a Titoca à praia pela primeira vez.

Sentámo-nos os 4 na areia e aquilo é que foi brincar.

Diz a miúda que a areia da praia da Barra (barra de Kinder, nas palavras da Leonor) é muito agradável ao paladar e ajuda a fazer a digestão.

No curso errado

Cuidar de criancinhas é como viver em cima de um barril de pólvora. 1000 olhos não chegam para tomar conta delas. Ontem estávamos os 4 na cozinha, divertidos a fazer bolinhas de sabão, quando a Leonor resolveu encarnar a brincadeira. Vai daí, toca de beber a água com detergente. Parece que aquilo não é lá muito saboroso e ficou um bocado aflita, como está bom de ver. Fui logo pegar no frasco do detergente, para ver se tinha alguma informação sobre o tratamento a dar a bolas de sabão humanas. Não tem, indica somente o número de telefone do serviço médico de informação toxicológica. Felizmente, não foi necessário contactar o serviço, mas nós (os papás) ficámos a necessitar de um cardiologista. Tudo isto fez-me pensar que me inscrevi no curso errado. Onde é que já se viu uma mãe resolver fazer, para se ditrair um bocado, um curso de escrita criativa?!!! Uma mãe tem de fazer licenciaturas, mestrados e pós-graduações de primeiros socorros.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Está para cair chuva

Aiiiiiiiiiii, que medo. Depois do acordar tempestuoso de ontem, hoje acordou a cantar (acreditem que não é normal). Depois sentou-se, encostada a mim, pôs a mão no meu ombro e disse "mãe gosto tanto de ti. Como diria o meu paizinho, "está para cair chuva".

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Saída de casa e entrada no infantário em grande estilo

Eram 08h40m (devia estar no trabalho às 09h00).
Enfio o impermeável na minha pessoa e às duas pessoinhas que tinha de deixar no infantário.

Começo a descer as escadas e ouço "mãe, quero a minha pêpê" (rais partam a pêpê)

Ainda calmamente, respondo "a mãe dá-te a pêpê no carro, agora não consigo tirá-la da carteira" (não sei se percebeste, mas tenho a tua irmã ao colo)

"Mãe, quero o meu cavalinho"

Já com menos calma, respondo "Leonor, agora não temos tempo. Desce as escadas para irmos embora. Ainda agora tinhas o cavalinho nas mãos, tu é que quiseste deixá-lo em casa" "Não! Quero o meu cavalinho", começou a gritar, sem parar. Começo a inspirar e expirar e repito "Desce as escadas" "Não! Quero o meu cavalinho", continuou vezes sem fim, sempre a subir de tom. Refreei o impulso de atirar a Benedita para o chão e subir as escadas para a trazer por uma orelha. Deixei-a aos berros, e lavada em lágrimas, em frente à porta de casa e fui pôr a Benedita no carro. Tranquei o carro (por sorte estacionado mesmo à porta de casa) e galguei escadas acima. Fui encontrar a vizinha da porta em frente a tentar acalmar a fera e, provavelmente, a pensar raios e coriscos de mim. Com medo de represálias, acedi em abrir a porta e fui buscar o raio do cavalinho. Pego na fedelha ao colo e começa a gritar pela pêpê. "Desculpa mas agora não ta dou. Quiseste o cavalinha e já o tens. Agora ficas de castigo, sem pêpê". "Mas eu não estou de castigo!" (4x bis) "Estás sim, portaste-te mal". "Mas eu não me portei mal!" (4 x bis) E lá seguimos com a rapariga a gritar pela pêpê o caminho todo. À saída do carro, resolveu atirar-se para o meio do chão, a gritar e espernear. Valeu-lhe o impermeável (que o diz está de chuva) 4 números acima do tamanho dela e o facto de ter a Benedita ao colo, que impediu que a espancasse. Entrámos no infantário esbaforidas, ela com aspecto de criança maltratada e sofredora e eu com aspecto de tresloucada (suponho), tais eram os nervos. Resultado, cheguei ao trabalho (não sei bem a que horas, que já não via nada à minha frente, banhadinha em suor e tenho passado o dia a olhar para os lados, à espera de sentir a ponta do dedo de alguém da CPCJ a tocar no meu ombro.

ohhhhhhhhhh

Estou a tomar o pequeno almoço e, ao meu lado, tenho uma rebelde que acaba de atirar o prato ao chão e olhar para mim enquanto diz "ohhhhhhhhhhhh". Deixa lá filha, vi perfeitamente que não foste tu a pegar no prato e atirá-lo para longe. A culpa foi da força da gravidade. Vamos dar-lhe tau tau. Está descansada Titocas, o único problema que temos neste momento é descobrir como tirar do teu cabelinho essas estrelitas, todas empapadas, que te fazem parecer uma árvore de Natal.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Só isso?

Então diz-me lá o que fizeste no teu trabalho hoje?, perguntou-me a Leonor ontem ao fim do dia Respondi: escrevi no computador E mais? Falei ao telefone E mais? Mais?! Ah ... Mais nada A pequena olhou para mim, incrédula, e não disse palavra, mas nos seus olhos estava escrito "só isso?!!!" E de facto, pensando bem ...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vais fazer a escolha certa

Há dias em que, definitivamente, não encontro as melhores palavras. Ando, desde ontem à noite, à procura das melhores e mais acertadas. Como não as encontro, mas também não posso deixar de dizer o que me vai na alma, vou deixar de as procurar. Silvina chérie. Gostei muito, muito de te conhecer pessoalmente. Em qualquer um dos teus egos (esta é a nossa private joke) se pode ver o quão especial és. Tenho a certeza (tenho mesmo) que vais fazer a escolha certa. Como te disse, não vou dar palpites (a menos que queiras muito, que eu por ti faço tudo). Trata-se de mais uma escolha que só a ti pertence e os outros (como eu) só têm de apoiar. A tua teimosia e determinação vão fazer o resto. PS Só não acho bem teres iniciado a Tita nos erros alimentares (essa era a minha parte). ih, ih

domingo, 3 de junho de 2012

Dura realidade

Esta noite tive autorização para dormir no quarto "do papá e da Tita". A autorização foi meramente tácita e relacionou-se com o facto de a Leonor ter adormecido sózinha, tal era a exaustão ao final de um dia em que não dormiu a sesta. Estava eu a dormir profundamente quando, pelas 5 da manhã, a pequena desatou aos gritos "mamã, onde estás? quero que venhas para aqui!". Completamente atordoada, vou a correr escadas abaixo (não sei como ainda não me espatifei toda nestas minhas corridas nocturnas). Quando me sentiu no quarto (sim, porque nem se dignou olhar para mim), o discurso mudou "a minha pêpê, quero a minha pêpê". Encontrada a dita cuja, pu-la na boca e virou-se para o lado, continuando a dormir placidamente. Nestes entretantos, colocou a minha integridade, física e psicológica, em risco. Fartei-me eu de ler coisas sobre criancinhas, nomeadamente que não as devemos deixar sózinhas, a chorar, muito tempo para que não se sintam inseguras e é esta a paga. Uma escrava é o que eu sou.

sábado, 2 de junho de 2012

Em resposta ao meu marido

Entre as muitas coisas que me fazem gostar de escrever neste blogue, está a alegria que sinto cada vez que recebo comentários do meu marido. Tão raros quanto especiais. E o rapaz até sabe escrever. Qualque dia desafio-o ser ser co-autor do Hodgkin, logo existo (aliás, creio que já aqui o disse, é ele o padrinho da criança pois foi quem lhe deu o nome). Passo agora à resposta ao comentário deixado no post de dia 30 de Maio (as minhas limitações não me permitem reencaminhar-vos para lá. Meu Amor, o mundo dá muitas voltas pelo que não posso jurar jamais vir a fazer a apologia dos verdes. Presentemente está fora de questão. Ainda à hora do almoço reparei na reacção da Tita quando lhe deste alface pela 1.ª vez e pensei que não deve ser muito natural os humanos comerem verduras, se até uma criança, que ainda não conhece os sabores, as rejeita. Mas isso sou eu, que fiquei traumatizada com aquela besta daquele homeopata que tanto me fez sofrer, em vésperas de iniciar a qimio, ao insinuar que eu era culpada por ter cancro. Só por comer carne e ter caído às mãos do lobbie (segundo a besta) da indústria de lacticínios. Brincadeiras à parte, sei que não sou um bom exemplo para as minhas filhas e espero que, também nisso, saiam ao pai (apesar de tudo indicar o contrário).

Mais uma ideia para o fim de semana

Já que estou em maré de ideias, aproveito para vos falar de outra pérola do nosso património (empresarial e cultural) que merece ser visitada - o Aliança Underground Museum, nas Caves Aliança. Apesar do nome inglês (dispensável, a meu ver), este museu é bem português. Fica na freguesia de Sangalhos, concelho de Anadia, Distrito de Aveiro (tinha de ser). A colecção do comendador Berardo (arqueologia, etnografia, mineralogia, paleontologia, azulejaria e cerâmica) está exposta ao longo das caves, pelo que durante a visita se vai, simultaneamente, conhecendo o processo de fabrico dos espumantes. Estive lá duas vezes. Na 2.ª vez, já na era pós Berardo, estava em trabalho pelo que não tive oportunidade de ver as colecções com a devida atenção. Está prometido. Um dia volto, com calma. Se quiserem conhecer mais, visitem o site www.alianca.pt E não, não me pagam pela divulgação (aliás nem sabem quem eu sou)

Ideia para o fim de semana

Portugueses, está a decorrer, até ao próximo dia 10 de Junho, a Feira do Livro de Aveiro.

Ali mesmo no Rossio, entre os moliceiros e os ovos moles. Aproveitem para vir passear. Ao lado, fica o Museu da Arte Nova de cuja cafetaria já vos falei e que torno a falar. Gosto muito do espaço.

Aqui fica a ideia para uma passeata com a família

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Hoje o dia é delas

Hoje o dia é delas. Ora aqui está um título completamente enganador, tipo revista cor de rosa.

Dito assim, parece que não o são todos os dias, horas, minutos e segundos da minha vida. E são, claro.

Nem de outra forma poderia ser, se são elas que me dão vida e força para enfrentar tudo e todos.

Por elas desço do salto. Por elas viro bicho. Com elas sou a mãe mais feliz que existe ao cimo da terra.

Mas porque o dia é delas, e  porque não quero que a minha amiga Sandra Pereira continue a chamar-me forreta, lá vou comprar-lhes uma prendinha.

Elas não precisam, mas merecem.

15 anos depois

15 anos depois, eis que tive alta da consulta de onco-hematologia.  Diz a médica que as maleitas de que me queixo parecem ser coisas de “pes...