A manhã de sábado começou com uma sessão de mediação familiar.
Ao sair de casa, para ir à aula, a xadrezista Maria Leonor decidiu tirar as botas dizendo que estavam apertadas.
O pai, que lhas tinha calçado, disse que era impossível estarem apertadas e expliou que não podia ir de sapatilhas de lona já que chovia a valer.
A menina decidiu levar a sua avante e a certa altura só ouço o pai a dizer "então ninguém sai de casa", tirando o casaco logo de seguida e sentando-se no sofá.
Enquanto o drama subia de tom, estava eu especada no meio da sala sem saber o que fazer, com coração já apertadinho só de antecipar o sofrimento da cachopa por não ir à aula e sem poder/dever desautorizar o pai.
A este ponto, deixem-me dizer que o pai estava coberto de razão e a menina empertigada merecia mesmo o castigo.
O problema é que o coração/sensibilidade de uma mãe nem sempre anda a par com a razão. Pelo menos o meu.
Lá comecei a fazer o meu melhor olhar de súplica, qual cocker mimado, tentando que a Leonor não se apercebesse, mas o pai não me dava hipótese. Acho que já não olhava para mim, por saber que o faria.
A certa altura lembrei-me de, com calma, dizer à Leonor que iríamos experimentar as botas para ver se realmente apertavam.
A cachopa, que não queria dar o braço a torcer mas já tinha percebido que a coisa estava mal parada, lá acedeu.
E depois de um pedido de desculpa, nitidamente forçado, tudo se resolveu.
Resultado, a Leonor levou as botas, foi à aula e o resto da família foi ao mercado.
Claro que se tivesse sido a um dia da semana, sem o pai presente, dificilmente teria levado as botas pois os meus berros não teriam nenhum outro efeito para além do ruído.
Qual o método certo para resolver este tipo de situações? Pois não sei.
Tenho a certeza que perante esta situação haveria defensores de 1001 soluções possíveis, .inclusive a de a deixar ir de sapatilhas de lona e molhar os pés para aprender a lição.
Se calhar é porque não há mesmo soluções certas, só as possíveis a cada momento.
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A vida é feitas de pequenos dilemas. São as diferentes experiências que nos fazem crescer por dentro mesmo que, por vezes, sejam um pouco penosas.
ResponderEliminarSim, é verdade. Mas esta ânsia de dar a melhor educação possível deixa-me inseguros, por vezes. E neste campo da educação há teorias para todos os gostos
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