Os meus pais e avós moram mesmo ao lado de um cemitério, o mesmo onde está sepultado o meu tio e padrinho.
Não será por isso que nos lembramos mais dele, pois nunca nos sai da memória e, muito menos, do coração, mas de certa forma ajuda a que o sintamos mais perto de nós.
A minha avó sempre encarou a morte com muita naturalidade e educou-nos nesse sentido. Toda a vida a ouvi dizer que temos de pensar na morte como algo normal, que faz parte da vida.
Foi essa maneira de ver as coisas, aliada à sua fé inabalável que fez com que encarasse a morte do filho mais velho como um afastamento físico.
Apesar da dor que sente (cuja intensidade não consigo sequer imaginar), nunca vi a minha avó lamuriar-se.
Ontem levou as meninas a passear a cadela. Discretamente, fui atrás e encontrei-as paradas em frente ao cemitério, onde a minha avó lhes explicava que era ali que estava o Zézinho e que um dia iria lá com elas.
Quando me viu, disse-lhes que, se eu ficasse cá fora com a cadela, entrariam nesse momento.
Fiquei com o coração apertado e o meu 1.º impulso foi o de negar. Depois pensei melhor e acabei por deixar que entrassem. Sabia que iria ser um momento sereno, porque a minha avó é assim, e achei que não tinha o direito de a impedir de o fazer.
Claro que hesitei muito, mas acho que tomei a decisão certa. De facto, a morte é uma passagem e faz parte da vida. Tudo depende da nossa capacidade de a encarar.
Obviamente não estivemos com grandes explicação, que as meninas ainda são pequenas. Aconteceu tudo com muita paz e, para elas, foi um passeio como outro qualquer.
Apesar disso continuo com o coração apertado, mas acho que é das saudades.
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Também acho que deve ser das saudades, Susaninha. Eu também sempre encarei a morte de uma forma natural, e agora, à beirinha dos 3 meses de me ter despedido da minha mãe para sempre, continuo a encará-la dessa forma. A minha mãe teve que fazer noutro sítio, chamaram-na e ela teve de ir, mas às vezes aperta uma saudade..., uma vontade de lhe contar coisas do meu dia-a-dia... e de lhe pedir conselhos... Não vou ao cemitério, pois sei que ela não está lá, mas não vejo problema nenhum em ir-se lá e muito menos em começar a conviver com isso de pequenino, como com tudo o resto. Desde que não se transforme num hábito frequente... Acho que tomaste a decisão certa, pois a morte faz parte da vida, assim mesmo ou de outra forma... Beijinhos
ResponderEliminarSabes Guida, às vezes (passados 6 anos) ainda me parece que o vejo na cidade e sinto aquele impulso de lhe enviar sms a contar coisas.
EliminarÉ estranho deixar de ver alguém que sempre fez parte da nossa vida.
Mas é a vida, não é?
Beijinhos grandes
De facto a perda de uma Pessoa, vem acompanhada de muita dor.
ResponderEliminarSábios aqueles que aprenderam a lidar com ela.
Um beijinho grande.
Beijinhos Gigi
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