quarta-feira, 17 de setembro de 2014

COMO SE ALIMENTA O CANCRO?

Imaginem esta cena (da vida real, diga-se).

Sento-me na mesa de um café, prontinha para comer um folhado misto a escorrer gordura e beber um cafézinho no qual despejei um pacote de açúcar; abro o jornal e deparo-me com o título "Vai continuar a alimentar o cancro?".

Fico possessa. Inspiro e expiro 10 vezes. Leio os títulos da "notícia", fecho o jornal e alimento-me.

Naqueles minutos, passaram-me 1001 coisaspela cabeça . A 1.ª foi a vontade de espancar o (a)autor(a) daquele título absurdo.

A 2.ª foi a de dar umas cabeçadas na parede por, há 5 anos, não ter denunciado ao Ministério Público o homeopata que afirmou que eu é que tinha alimentado o meu cancro ao dar-lhe leitinho e me queria propor um tratamento alternativo à quimioterapia, tratamento esse contudo que teria de ser efectuado às escondidas "dos da medicina convencional".

Mas afinal o que é que alimenta o cancro?

A meu ver, e enquanto leiga, há duas coisas que efectivamente o alimentam.

Uma será o fundamentalismo. Outra a dificuldade de o enfrentar, melhor dizendo baixar os braços sem enfrentar o toiro de frente.

No meu caso, por exemplo, tive um homeopata a dizer que me estava a envenenar ao beber leite e uma nutricionista que o contradisse e explicou que o problema do leite (para algumas pessoas) era somente o facto de ser algo indigesto e me aconselhou equilíbrio na alimentação.

Eu, que não sei tomar o pequeno almoço nem lanchar sem leite, preferi a 2.ª teoria até porque me pareceu muito mais razoável.

Mas o certo é que tinha à minha frente dois técnicos na área da saúde com opiniões completamente opostas e isto, para um doente e sua família, é muito difícil de gerir.

Onde está a razão? Para mim, está sempre no meio como a virtude.

E não tenho mesmo paciência para fundamentalismos sobre a vida saudável. Não me venham com tretas de que correr é bom para todos, porque bem vejo o estado de alguns desgraçados que passam à minha porta a correr, como se fossem para a forca, vermelhos,  ofegantes e quase a desfalecer. Cada caso é um caso e a corrida (ritmo e tempo) que será boa para um, não será boa para o coração e articulações de outro.

Tenham dó de mim, e de vocês e evitem títulos sensacionalistas. Tentem é, com o equilíbrio possível em cada momento, não  baixar os braços.

Isso sim será algo que depende de nós e daqueles que estão ao nosso lado para os segurar nos momentos em que estamos cansados de os erguer.






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