domingo, 26 de maio de 2019

Lamento desiludir-te, filha

No meio de uma acalorada discussão, a pequena perguntou " achas que ter 10 anos é só mandar?!!!".
Não quis desiludi-la, até porque a conversa não era comigo, mas a vontade que tive foi dizer-lhe que a irmã está mesma convencida que sim. E consta que a coisa tem tendetend a piorar. Deus nos guarde.

A culpa não é do sol, como não seria da chuva!

A culpa não é do sol, como não seria da chuva! A culpa é do desinteresse, da falta de identificação, da incapacidade de perceber que todos podemos e devemos contar.
Paralelamente temos fenómenos como os da extrema direita a ganhar força. Porque há aqueles que votam. Por cá teremos um provável vencedor que representará 9% da população. 30% de 30% é o que dá, certo? ( Raciocínio roubado, claro, que sou péssima a matemática).
É triste.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Sem palavras

Se este blogue tivesse rubricas, este post iria directamente para a "Sem palavras".
Quando nos sentimos um trapo velho, angustiados por uma falha cometida, e encontramos uma Amiga que em vez de nós passar a mão pelo pêlo nos diz que efetivamente estivemos mal só podemos ficar sem palavras.
Há momentos em que precisamos mesmo destas chamadas de atenção.
Dificilmente existiria alguém tão diferente de mim. Não partilhamos gostos, musicais ou outros, muito menos os mesmos ideais. Mas também dificilmente encontraria alguém de quem gostasse tanto e me fizesse rir naquele momento de angústia.
Obrigada miúda.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

3 longos meses

Era sábado e estava sol.
Nada prenunciava o murro no estômago que acabaria por levar.
3 longos  meses passaram e continuo a ler cada comentário sobre a tua partida, como se estivesse a receber aquele murro pela primeira vez.
E que grande partida me pregaste, Amigo. Tão ilógica e incompreensível aos olhos da razão.
Dia após dia elaboro teorias, mais ou menos consistentes, sobre o lugar em que estarás, o que vês e sentes.
Com elas procuro respostas que me capacitem a perceber isto tudo.
De certo só tenho a tua imensa vivacidade e sorrisos, imagens sempre presentes e com as quais tento perpetuar-te aqui na terra.
O resto o tempo o dirá.

domingo, 19 de maio de 2019

Ser equipa


O basket, entretanto tornado paixão, surgiu cá em casa pela necessidade das patroas praticarem um desporto de equipa. Trabalhar corpo e competências sociais, de forma resumida.

E tem sido uma delícia assistir ao crescimento deste grupo (a foto retrata uma ínfima parte), a forma como vão começando a dominar a bola, a fazer jogo de equipa, a lidar com as frustrações.

Ontem foi dia do Torneio Ticha Penicheiro e lá rumámos ao Barreiro. Os jogos foram intensos.

As minhas crias deixaram lá suor e sangue (o dente de leite caído à Leonor voltou, o mesmo não se poderá dizer da pele do joelho da Tita).

Lágrimas essas, se as houvesse, teriam sido de alegria, tanta foi a animação e a adrenalina que fez com que aquela miudagem tivesse força para fazer a viagem de regresso toda a cantar e brincar.

Ser equipa é isto. Tão bom.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Distracção boa

De repente dei conta que caminhávamos de mão dada, já bem pertinho da escola.
Ela, que no alto dos seus 10 anos já morre de vergonha de me ouvir cantar na rua e medo que me exceda nas manifestações de afectos públicas, ia serena e alheia a eventuais olhares alheios.
Estaria, provavelmente, distraída mas foi tão bom que me calei bem caladinha e fui ali a aproveitar o momento.

terça-feira, 14 de maio de 2019

O que cabe numa década de vida?

Uma década se passou, desde que dei à luz a Leonor. Talvez o mais correcto seja desde que a Leonor me deu à luz. Lembro-me do 1.º pensamento que tive quando a senti cá fora. "Prova superada". Assim mesmo "prova superada". Naquele momento só ela interessava.  Tinha a missão de a colocar no mundo em segurança e nada mais importava. Os anos passaram. Diz o calendário e provam-no as imagens.
Aos meus olhos será eternamente bebé. O meu colo nunca será pequeno para a acolher.
E tanta coisa coube nesta década de vida, que iniciou ontem. Tanta  coisa e tão pouca planeada. Assim é a vida. Uma caixinha de surpresas.
Certo só o Amor que nasceu no dia em que a soube gerada e se multiplica a cada segundo, assim como o orgulho de a ver crescer, tão segura e desenvolta.
Parabéns Leonor. Que vivas sempre entre estrelinhas e unicórnios. Na mãe terás sempre, prometo, terra firme.





domingo, 12 de maio de 2019

Apontamentos de cor


Por vezes cegam-nos. De tão vivas, nem as vemos. Não será assim com tudo o que damos por garantido?







sábado, 11 de maio de 2019

Divagações

Há árvores que morrem de pé.
Outras vergam, ao passar do tempo, teimando em  manter a esperança na perenidade da vida, enquanto criam pontes de sentido imperceptível a olho nu.
Entre elas, frágeis apontamentos de cor.
A força e a aparente fraqueza, duas faces da mesma moeda.
Tudo tão fácil e, simultaneamente, difícil, de apreciar talvez por estar demasiado perto dos nossos sentidos, habitualmente ocupados por questões mais artificiais.








quinta-feira, 9 de maio de 2019

Humans of Aveiro

Há dias fui surpreendida por uma amiga que me propôs como possível entrevista no projecto Humans of Aveiro, um projecto fotográfico com anónimos da cidade.
Aceitei o desafio e partilho-o agora neste meu cantinho pois, mesmo sabendo ue muitos de vocês já leram, tenho de clarificar dois pontos e sossegar a chata da minha irmã do meio:

- Não tenho 40 anos, estou nos 40 ☺️
- As minhas causas não são  obviamente o aborto e a eutanásia, como uma leitura mais diagonal e a minha falta de clareza possam fazer parecer. Bem pelo contrário, defendo que a vida tem de ser defendida do início ao fim e que a sociedade ( entidades e cidadãos comuns) têm de assumir as suas responsabilidades para que a dignidade da vida seja uma realidade.

Posto isto, resta-me agradecer os muitos comentários carinhosos recebidos na sequência da partilha da minha história de vida que me deixaram de coração cheio, apesar do manifesto exagero de alguns (os Amigos são sempre exagerados, parece-me.

Deixo o texto, para quem não navega pelos mares do Facebook.


Ontem estive com uma pessoa que é uma lição de vida, inspiradora, resiliente, há exemplos que deviam chegar a todos. Assim nos chegou a Susana Neves:

"Sou a neta e filha mais velha, de uma família quase perfeita (se é que a perfeição existe). Uma menina cheia de mimo, portanto.
Gosto de pessoas e coisas simples. Dou tudo por uma boa conversa com amigos, preferencialmente à volta de uma mesa. No meu dia ideal não existiriam relógios. Chateia-me muito o tempo contado.
Gosto da segurança e maturidade que se sente aos 40 anos. Poder dizer sem vergonha, por exemplo, que escolhi seguir a área de Direito por gostar muito de escrever e dos 1001 sentidos que se podem retirar de uma frase e, em parte, inspirada nos muitos livros que li em que o Perry Mason era a personagem principal.
Até dada altura, a vida correu como sempre planeei. Entrei no curso que escolhi; casei aos 30 anos, como decidi; engravidei à 1.ª tentativa.
Tudo corria às mil maravilhas, até que às 19 semanas de gravidez me foi diagnosticado um linfoma de Hodgkin.
Receber uma notícia destas em plena gravidez é algo avassalador. Faz-nos questionar tudo e perceber que não somos nada. Felizmente tudo correu bem e tenho a Leonor prestes a fazer 10 anos e a Benedita, gerada 6 meses após a quimio, que são o meu orgulho.
O cancro reforçou em mim a convicção de que nada acontece por acaso e há que procurar o sentido de tudo aquilo que nos acontece na vida.
Posso dizer que há uma Susana antes e outra depois do cancro e que, apesar de toda a dor, sou imensamente mais feliz agora porque valorizo cada segundo do dia, esteja sol ou vento.
Já antes me tinha envolvido em iniciativas de apoio à vida mas depois do diagnóstico encarei a sua defesa como uma das minhas prioridades.
O aborto e a eutanásia, em particular as condições sociais que entendo deverem existir para que a vida seja do início ao fim a opção, são causas a que me dedico de corpo e alma.
Entretanto redescobri o gosto pela escrita e vou fazendo do meu blogue, Hodgkin, Logo Existo, uma espécie de diário no qual partilho o que me vai na alma a cada momento.
Não tenho outras ambições para além da de continuar a ser feliz, junto da minha família e amigos.

Sou neta de alentejanos e fui a 1.ª da família a nascer cá. O meu avô, Emílio Matos, era professor de piano e esteve ligado ao início do Conservatório em Aveiro.
Sou apaixonada por esta cidade que acolheu tão bem a minha família que até o meu pai, sem qualquer ligação à cidade, acabou por ter o sonho de vir para cá viver após a reforma sonho que, entretanto, já realizou.
Vivi cá até aos 5 anos e regressei aos 23, quando acabei o curso e decidi que era em Aveiro que queria construir o meu futuro.
Nesse entretanto, lembro-me de vir para Aveiro no 1.º dia das férias de verão e só regressar a casa no final dos 3 meses.
Aveiro é a cidade perfeita para viver. Desde o mar à montanha, temos de tudo a dois passos. Um dos locais que mais me marcou foi o velhinho estádio Mário Duarte onde passei muitas tardes de domingo a vibrar pelo Beira-Mar.
Marcou-me também a praceta no Bairro do Liceu, onde passei parte da infância.

A Sé (onde fui batizada) e o museu de Santa Joana. Gosto muito de preservar memórias e tradições. Sem conhecer e respeitar o passado dificilmente compreendemos o presente e conseguimos criar uma marca identitária e estes locais têm o condão de o permitirem, por estarem ligados à história de Aveiro.
Se tivesse de dizer alguma coisa ao mundo o que seria?
Há uma frase que ouvi há anos que resume muito do que gostaria de dizer ao mundo,” Ninguém é uma ilha de si próprio”. Precisamos todos uns dos outros. Somos tão pequenos, e a vida tão volátil, que não devemos perder tempo com brigas e outras parvoíces.
Cada segundo é precioso e deve ser vivido com intensidade. E partilhem. Se não tiverem nada mais nada, partilhem tempo, doem medula óssea. Há sempre tanto que podemos fazer."

domingo, 5 de maio de 2019

O meu dia da mãe!

-Sabem, a Tita ainda não me deu um beijinho do dia da mãe!
- Nem sei se dou!
- A melhor prenda que me podiam dar hoje era não brigarem.

GRANDE gargalhada conjunta.

E a manhã ainda vai a meio.

sábado, 4 de maio de 2019

Porque é que não existe o dia dos tios?!

Com uma das tias cá, a proximidade do dia da mãe e a lembrança do dia da criança e dos avós, a minha cria mais nova anda com esta dúvida a martelar-lhe o cérebro.  Porque é que não existe o dia dos tios?!
Bem tento explicar-lhe que estes são somente dias simbólicos e que deve evidenciar o amor e admiração pelas ruas sempre que quiser, sem necessidade de dias oficiais, mas acho que não consegui convencer a cachopa.
Cheira-me que está na iminência de lançar uma petição que não deixarei de apoiar e divulgar por estas bandas, ainda que continue firme na convicção que o dia dos tios é, como o Natal, quando o Homem quiser.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Instinto de sobrevivência

Andei anos a confundir o chamado instinto de sobrevivência com um exercício solitário de quem se vê na necessidade de a ele apelar.

Solitário no sentido de envolver somente o próprio e Deus, porque estou longe de acreditar que os homens se bastam a si mesmos.

Foi difícil ver o que sempre esteve à frente dos meus olhos.

Sobrevivi por não querer ver os meus pais, avós, marido e amigos sofrer, por querer que a Leonor tivesse a mãe ao seu lado ao longo do seu crescimento (…), isto só para falar na situação mais dramática em que me vi colocada.

Sobrevivo diariamente às frustrações e desilusões que vou sentindo, por causa das mesmas pessoas.

E o que não falta ao meu redor são exemplos de pessoas cujo instinto de sobrevivência é despoletado pelos outros. Pelo Amor que lhes têm e a determinação de minimizarem o sofrimento alheio.

Não tem nada de solitário, então, isto do instinto de sobrevivência. Muito pelo contrário, (sobre)vivemos pelos outros e com eles.

É o Amor que dá vida, sem dúvida.

Volte sempre senhor carteiro

  Volte sempre senhor carteiro. Volte sempre.