sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Saúdinha da boa

Ainda não eram 18 h e já ouvia foguetes. Aliás, ia jurar que já ontem os ouvi.

Sei que a sua “bondade” não é consensual pelo que me prendo no simbolismo. Acho muito bem que não se espere para festejar na hora que alguém um dia escolheu como sendo a certa para o fazer.

Aproximando-se 2022, os votos de todas as horas. Muita saúdinha da boa para todos. Um forte abraço.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

2021 foi um ano péssimo em termos de leitura

Tenho estado aqui a fazer uma introspecção e constatei que 2021 foi um ano péssimo em termos de leitura.

Tirando um ou dois policiais (que não contam como literatura) pouco foi o que li. 

Pior que isso, o livro que mais ansiei ler ("Ana dos Cabelos Ruivos" de Lucy Maud Montgomery) revelou-se uma verdadeira desilusão. E pelo mesmo caminho vão "As aventuras de Tom Sawyer" de Mark Twain. 

Anseio por isso que 2022 seja bem melhor no que a leituras diz respeito e que, com elas, consiga sonhar alto coisa que em 2021 definitivamente não consegui.

sábado, 18 de dezembro de 2021

A queda dos dentes de leite é das coisas mais emocionantes de que tenho memória

 Caiu um dente de leite à patroa mais nova. Sendo a minha segunda filha, e estando quase a fazer 11 anos, a queda de dentes não é propriamente uma novidade para mim, mas há algo neste fenómeno que me emociona profundamente. Cada dente caído é sinónimo de nó na garganta. Freud explicaria, certamente.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Sim, é possível resistir a promessas de gomas

Está a decorrer uma campanha eleitoral na escola e os meninos do nono ano foram falar com os do quinto, o que para estes é motivo de grande orgulho.

No meio da excitação, pude assistir a uma conversa entre dois eleitores de 10 anos.

- A lista G diz que vai dar gomas a quem votar nela!

- Como é que isso é possível se o voto é secreto!

O resto do diálogo foi igualmente ternurento mas aqui fica o essencial. Estes pequenos ainda não perceberam qual o motivo da campanha mas  estão empenhados em perceber pois querem muito votar. E, mais importante ainda, estão a usar o seu sentido crítico. É possível resistir à promessa de gomas quando se sabe que nunca será cumprida. 

Devíamos (nós os adultos) pôr os olhos nestas crianças.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

A luta do DJ Magazino

Escrevo com um nó na garganta. Comove-me mais uma partida prematura. Não conhecia o trabalho do DJ Magazino e só recentemente me cruzei com a sua história que passei a acompanhar à distância mas hoje, no dia da sua morte, posso assegurar que a sua luta marcará para sempre a minha vida.

O DJ Magazino enfrentou a leucemia com uma coragem raramente vista. Como escreveu o Nuno Markl, muitas vezes lhe trocou as voltas. Sofreu horrores sem nunca entregar os pontos. Enquanto muitos discutem o sentido da vida e o conceito de vida digna, deu-nos uma lição inestimável ao partilhar de forma nua e crua no seu Instagram todas as suas fragilidades. Aquilo que para alguns seria viver de forma indigna. Só queria viver porque não há melhor que a vida.

Lamentavelmente, o corpo acabou por não resistir à doença mas a vida essa não acabará enquanto dele nos lembrarmos.

Espero que lhe tenhamos conseguido assegurar uma morte em condições dignas que é algo negado à grande maioria das pessoas em virtude das grandes lacunas que existem em Portugal.

Hoje ouvir-se-á música no céu. Curtam muito aí em cima que o DJ é um dos grandes.

O problema das fotos de Natal!

Anda toda a gente sempre tão preocupada com o estado do ensino em Portugal e pelos vistos o grande problema do Pré-escolar e ensino básico em Portugal      resume-se a saber se, em cada ano, vai haver ou não fotos de Natal.

Alguém que disponibilize o seu tempo para contactar fotógrafos, recolher manifestações de interesse, autorizações e dinheiro para que a fotos sejam uma realidade e para aqueles para os quais o conceito de participação cívica radical é completamente alheio ficará tudo bem.

Tiremos fotos e continuemos na nossa bolha!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Mãe, desinstalei o Tik Tok!

 - Mãe, a minha colega está sempre a enviar-me Tik Tok’s!

- E tu gostas de ver, não gostas?!

- Gosto, mas eu desinstalei o Tik Tok!

- Aí sim?!!! Então porquê?!!!

- Porque aquilo vicia! Vejo um vídeo, depois quero ver outro e outro! E eu não quero ficar viciada!

Perante isto, só me ocorre uma palavra - ADMIRAÇÃO - pela força de vontade desta minha patroa mais nova. Tão diferente da sua mãezinha com a graça de Deus.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Direito a desligar

Tenho assistido com interesse à discussão sobre a previsão legal no ordenamento jurídico português do direito a desligar.

A ideia é tão precursora que até teve honras de notícia no New York Times.

Conhecendo bastante bem as entidades empregadoras portuguesas, não imagino o sofrimento que é terem de assistir à tentativa de tornar o teletrabalho algo cada vez mais generalizado.

Como bom S. Tomé, os portugueses precisam de ver (ou achar que vêem) todo o processo de execução. Não basta que o resultado surja. É preciso que surja diante de si. Chamem-lhe desconfiança ou outra coisa qualquer, certo é que se trata de algo cultural e difícil de combater. Com pézinhos de lã, o teletrabalho lá vai avançando (haja COVID para obrigar a perceber a viabilidade desta forma de trabalho em muitas situações).

Chegar ao ponto de haver necessidade de legislar expressamente o direito a desligar (direito que é constantemente violado também no caso de quem trabalha presencialmente). é daquelas coisas que me causa comichão. Como lírica que sou, acho que se trata de um direito tão básico e óbvio que devia bastar olhar para os princípios gerais que constam quer da Constituição quer do Código do Trabalho. Já percebi que não é assim, descansem.

A questão é que o bom senso (chamemos-lhe assim) é muito subjectivo e intangível (o que se aplica aos dois lados da relação laboral, diga-se em abono da verdade) o que não só dificulta a sua regulamentação como a torna particularmente perigosa. Vamos ver no que dá.

Entretanto, desliguemos que amanhã joga o CPE.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O sangue da Dona Silvina


Hoje nem eu me consigo aturar tal a vaidade.

Receber um telefonema, na sequência de uma atitude que tive,  em que me disseram “só podia ter sido você, é mesmo o sangue da Dona Silvina a correr nas suas veias”, deixou-me mais inchada que um perú.

Sou muito pequenina ao lado da minha avó pelo que a comparação foi nitidamente um exagero, mas admito que gostei muito até porque o português com açúcar soa sempre muito bem aos meus ouvidos.

Obrigada querida Aldeir, aqui a escrava branca está nas nuvens.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Muita simpatia e responsabilidade q.b.

 A 500 mts do portão da escola, um adolescente de cerca de 16 anos cumprimentou-me com um grande sorriso e perguntou-me as horas.

08h36, disse-lhe, vais ter de correr!

Pois vou, respondeu com outro enorme sorriso enquanto seguia caminho no mesmo ritmo vagaroso.


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Às vezes é preciso sair da zona de (des)conforto!



Enquanto esperava no cabeleireiro (por falar em (des)conforto) não pude evitar ouvir a conversa do lado.

Uma senhora médica estava quase a hiperventilar porque uma colega “com quarenta e tal anos!” tinha decidido deixar a medicina.

“Mas está tudo maluco ou serei eu que estou errada?!!! Com quarenta e tal anos, deixar a medicina?!!!”.

Enquanto eu me encantava com a história e questionava o porquê de tanto incómodo, pensando que a senhora se preocupada com uma eventual dificuldade de reentrada no mercado de trabalho, eis que  fui surpreendida pelo motivo. Dizia ela - “é que apesar das propinas, a maior parte do curso é pago pelo Estado!”.

Ou seja, aquela senhora não estava preocupada com a pessoa em causa e a enorme angústia que deve ter sentido durante anos. Nem sequer lhe passava pela cabeça quão mau é para os pacientes serem cuidados por uma profissional sem vocação. Para ela o problema é o custo suportado pelo Estado (e directa ou indirectamente pelo seu bolso).

Sair da zona de conforto é duro, muito duro. São muitas as questões que pesam e uma delas é precisamente a falta de atenção de quem está fora do peito e por isso não sente a dor e ardor causados pela ansiedade.

A coragem de sair da zona de conforto (que a dada altura é já de um desconforto atroz) é merecedora de todos os aplausos e vénias. Gostaria muito de conhecer esta corajosa ex médica para lhe expressar de viva voz toda a minha admiração.


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A 6 meses de chegar aos 45 anos!


 Acabo de constatar que estou a 6 meses de chegar aos 45 anos! 

Considerando que devo ter aumentado uns bons 10 kgs neste último mês e meio (vejam bem estas bochechas), tudo o que me ocorre dizer é “Deus continue a ajudar-me!”.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

A forma subtil como me chamaram acumuladora

Tenho dificuldade em desfazer-me de objectos da família, como é sabido, pelo que “limpar” a casa dessas memórias é um exercício moroso é-me doloroso.

Tenho perfeita noção que nalguns casos só estou a mudar coisas de sítio. Que o guardar folhas amareladas cheias de rabiscos em nada altera sentimentos mas, apesar disso, persisto nesse apego.

Hoje, depois de um desses momentos, disseram-me “também és Matos!” e foi a forma mais subtil e bonita de me chamarem acumuladora.

É sempre um orgulho ser comparada com o meu avô Emílio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Vou só ali vender um rim e já volto

 A patroa mais nova precisa de uma flauta transversal nova e está convencida que já está na fase em que se impõe que a mesma seja de prata.

Vou só ali vender um rim e já volto que eu faço tudo pelas patroas (só que não).

terça-feira, 26 de outubro de 2021

41 primaveras do grupo Monte Sião II



Querida avó,

Faz hoje 21 primaveras o “teu” grupo, aquele que tanto amavas, ao qual ias buscar forças que a todos sempre espantaram e onde me foste ensinando a rezar de forma alegre e espontânea.

Lembro-me das noites de terça-feira em que a avó Bena, tua mãe, ficava comigo e com a Dulce para poderes ir à oração e de no regresso ficares horas intermináveis a conversar no carro com quem te dava boleia.

Hoje na Eucaristia, diante da imagem de S. José, percebi como o “teu” grupo me ajudou a crescer e continua presente na minha vida. Dele brotou o Adoramus Te que me veio a acolher e onde encontrei Amigos de todas as horas. Foi, pois, um momento muito emotivo. Sei como gostarias de ali estar a celebrar um aniversário tão importante e doeu que não o pudesses fazer mas mais forte que a dor foi a gratidão por te ter como avó e raiz de todo o meu ser.

Parabéns ao Monte Sião II, a todos os seus fundadores e àqueles que continuam tão belo projecto.

Avó, esta rosa vermelha (cor do Espírito Santo que dá vida) é tua.


 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Serão alfaces? Serão ervas daninhas?

Decidi aventurar-me no mundo encantador das hortas caseiras e já comecei a ver os primeiros resultados.

Não sei se serão alfaces ou ervas daninhas, só sei que estas folhinhas verdes crescem a um ritmo alucinante e é espectacular ver a vida a despontar.

Falo com elas logo pela manhã *, rego-as cuidadosamente e


até lhes fiz adubo caseiro. Acho que vão crescer saudáveis.

* descansem, por norma não falo com alfaces ou ervas daninhas. Ainda.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Squid Game

 Confesso que até esta semana nunca tinha ouvido falar na série Squid Game.

As patroas, naturalmente, conhecem-na. A mais velha diz que já viu uns episódios em casa de umas amigas. A mais nova viu publicidade no Tik Tok (mãe, nem é preciso pesquisar que aquilo aparece logo!).

Sinais dos tempos, como alguém dizia há tempos numa reportagem, os pais têm agora de estar mais atentos aos perigos virtuais do que às companhias físicas. E acreditem que é bem mais difícil acompanhar pesadas digitais.

 É uma ilusão pensarmos que controlamos tudo.    Por mais atentos que estejamos, há sempre muito que nos escapa. A informação chega de todos os lados e das formas mais inusitadas.

É preciso acompanhar com distância qb, que os miúdos são escorregadios, mas essencialmente apostar na mensagem e exemplo que passamos aos pequenos. Um desafia imenso mas afinal tirámos as próximas décadas para tratar dos cachopos. Faz parte do caminho.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Caminhada Solidária pela Vida - os meus motivos para participar


No próximo sábado, dia 23 de Outubro, realiza-se em 10 cidades do país a Caminhada Solidária pela Vida promovida pela ADAV - Associação de Defesa e Apoio da Vida.

O objectivo desta iniciativa é angariar fundos e/ou bens para apoiar mães e bebés carenciados (creio que não será necessário sequer referir que o número de famílias a necessitar de ajuda tem vindo a aumentar) para quem o apoio recebido é fundamental.

Quais os meus motivos para participar nesta iniciativa?

1º - se não defendermos a vida e o direito a vivê-la dignamente não faz sentido falar em qualquer outro tipo de direito (este motivo é óbvio e nem Lapalisse diria melhor)

2º - não fui um bebé planeado mas tive a sorte de os meus jovens pais terem tido a coragem (porque apoiados, naturalmente) de alterar os seus planos de vida para me acolherem neste mundo. Tenho, pois, o dever de os homenagear ajudando outros jovens pais a conseguir dar a volta e poder dar aos seus filhos aquilo que chegaram a pensar nunca ser possível (como estou certa terá um dia acontecido com os meus)

3º - já recebi a notícia de ter cancro e uma taxa de sobrevida de 65% (lutei muito para não cair nos 35% pois viver é maravilhoso)

4º - tenho à minha volta muitos exemplos de luta árdua pela vida (pelas mais variadas razões) que me ensinaram que viver só faz sentido se o fizermos com e pelos outros

E poderia continuar por aqui fora. 

Para além do objectivo de fundo desta iniciativa, a caminhada proporcionará bons momentos de convívio com familiares e amigos (não sei quanto a vocês mas é das coisas que mais me dá gozo neste momento e não é todos os dias que arranjamos tempo para tal).

Convido-vos assim a fazerem-se presentes no dia 23 de Outubro. Juntos pela Vida!

Para conhecer um pouco sobre o trabalho da ADAV Aveiro e fazer a inscrição  nesta caminhada solidária podem clicar AQUI.

A participação tem um valor simbólico de cinco euros. Em alternativa, podem ser entregues bens alimentares, de higiene ou roupa para crianças.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Muda o chip mãe! (diz a vozinha que vive dentro de mim)

 -Porque é que ela tem tanta pressa para ir para a escola?!

- Quer chegar mais cedo para ter tempo de brincar com as amigas.

Precisei de alguns minutos para cair em mim e dar conta que a justificação que dei se encontra desactualizada. A minha cria mais velha não quer brincar com as amigas, quer é ir com elas à pastelaria comprar doces (Deus as conserve assim muito tempo) e eu estou fartinha de o saber. Preciso mesmo de mudar o chip é o que é.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

O conforto da despedida


Por estes dias experienciei quão bom é ter a possibilidade de me despedir de alguém sem deixar nada por dizer.    
Até sempre D. Emília, um dia voltaremos a encontrar-nos. Não tenho dúvidas.


sábado, 9 de outubro de 2021

Avó, sempre a desatar os nós da minha garganta!

 Quem me lê sabe que a minha avó materna, o esteio da nossa família, é A mulher que sempre quis ser mas a cujos calcanhares jamais chegarei porque simplesmente é grande demais para que possa ser deste mundo.

A minha avó tem Alzheimer. Os seus olhos não me reconhecem mas o seu coração tem uma memória indestrutível.

Não é qualquer pessoa que tem a benção de chegar aos 44 anos e continuar a ter a avó a desatar os nós que se lhe formam na garganta.

Não há nó na garganta que resista quando ouve “esta é a minha menina”, mesmo que o resto da frase deixe de ter nexo.

Não há nó na garganta com mais força que dezena de beijinhos na face dados pela avó, mesmo com uma máscara a tapar-lhe os lábios.

Sou abençoada por este Amor indestrutível e indiferente a um qualquer Alzheimer.

Sou e serei sempre a menina da minha avó, tal como as minhas irmãs e primos. O coração da avó é elástico.


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Em processo de desformatação

 Por questões genéticas, sociais e eventualmente outras que não me ocorrem ocorrem sempre fui uma miúda muito formatada. Tenho (aliás) a fama e porventura algum proveito de ser muito quadrada e avessa à mudança.

Até há pouco achava (e deixei que me fizessem achar) que aos 44 anos temos de ter resposta para tudo, responsabilidade acrescida para uma sobrevivente de cancro (perdi a conta às vezes que ouvi que tendo sobrevivido a tal bicho ruim nada mais me abalaria). Que engano tão grande!

Começo aos poucos a perceber e aceitar que nada é assim tão linear. Que preciso de me desformatar e deixar rodear por malta que pensa fora da caixa sem que isso implique deixar de ser eu mas antes uma forma  de me conhecer verdadeiramente. 

domingo, 26 de setembro de 2021

Torneio D. Alcídia e a importância de homenagear em vida

 





Realizou-se por estes dias o torneio D. Alcídia. Para quem não sabe, a D. Alcídia é uma senhora amorosa que, enquanto a saúde permitiu, cuidou dos atletas do CPE e dos seus equipamentos, sempre de sorriso no rosto.

A D. Alcídia está velhinha e o CPE criou um torneio de basket com o seu nome.

Quando souberam desta homenagem, as patroas perguntaram de imediato “a D. Alcídia morreu?!”. Até as crianças percebem a estúpida mania que os adultos têm de só se lembrarem de elogiar e homenagear aqueles que morrem.

Expliquei-lhes que não era preciso alguém morrer para ser homenageado. Basta somente merecer essa homenagem e a D. Alcídia não só a merece como pode participar nela. Assim devia ser sempre. Obrigada D.Alcídia e parabéns aos organizadores do torneio que tiveram a sensibilidade que tanto rareia por aí.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Mas é possível aquecer comida sem ter microondas?!

 - O microondas avariou!

- Então agora não voltamos a comer comida aquecida!

Nota-se muito que a miúda nasceu no século XXI?

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Porque é que não dizes cancro?!

 Volta e meia vem à conversa cá em casa o tempo em que estive doente.

Sempre contámos tudo às miúdas (até por indicação da pediatra) e o assunto é (aparentemente) ) pacífico apesar de para a Leonor não ser propriamente linear.

Um destes dias comecei uma frase com “quando eu tive o lindos” e a reacção não se fez esperar. Porque é que não dizes cancro?!!!

Percebi que para a cabeça da minha filha é importante chamar as coisas pelos nomes.

Lembrei-me, também, de como era importante para mim (enquanto filha) ter ouvido em tempos a palavra cancro.

Vamos ver se não me esqueço deste pequeno, grande pormenor.

domingo, 29 de agosto de 2021

O melhor desabafo que já ouvi relativamente ao sentimento provocado pelo regresso à escola

 - No meio da azáfama que é ficar a saber qual será a nova turma no ano lectivo, escolher a mochila e encomendar os livros, a pequena desabafa “ai mãe, não sei como é que uma coisa tão má pode ser tão excitante!”.

Os tempos mudam mas nem tanto. Venha daí esse admirável mundo novo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Nunca me tinham dito palavras tão belas!

E de repente virou-se para mim e disse “mãe, tu às vezes até és útil!”. Assim mesmo em tom de exclamação.

Claro está que fiquei embevecida. Nunca me tinham dito palavras tão belas!



Palavras

Saem em tropelos, umas empurradas outras puxadas por coisas e sons que (nos) tocam.

Dizem tudo em pequenos nadas.

Ora discretas  ora diletantes geram e matam amores, outro tanto as dores.

E voam, ou não, quando se cravam no coração.

sábado, 14 de agosto de 2021

O melhor indicador de bondade

Descobri agora que o melhor indicador de bondade de alguém se revela pela forma como os seus filhos, netos e bisnetos a tratam.
Claro que, como em tudo na vida, há sempre tristes excepções mas diria ser esta a regra.
Ando por estes dias encantada ao ver a maneira amorosa como uma família trata a sua matriarca que terá à vontade mais de 90 anos.
Mais novos e mais velhos não a sentiram como um estorvo para uns dias de férias em família, apesar das suas muitas limitações. Estou apaixonada portanto e super curiosa por conhecer um pouco da história desta senhora. Não sei se resistirei a meter conversa com a família para confirmar a teoria que acabei de elaborar.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Ser tia

 Achei estranha a ideia de ser tia, especialmente porque sempre tive a mania que era a mãezinha da minha irmã mais nova. 10 anos e meio de diferença fazem destas coisas e nunca me esquecerei da alegria sentida no momento em que soube que ela ia nascer.

Estou, portanto, num processo de crescimento enquanto tia (avó) que é simplesmente maravilhoso.


Ser tia é das melhores coisas do mundo. Dar mimo, fazer brincadeiras malucas e oferecer coisas que a mãe acha completamente inúteis, está a encher-me as medidas. Alguns podem dizer que é estragar a pequena. Eu descreveria a sensação como amor a sair por cada um dos poros da minha pele. Só quero ter muito tempo para a estragar.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Os avós e bisavós cá de casa são os melhores do mundo

Hoje é um dia que me toca muito. O dia dedicado aos avós e que tem origem no culto prestado pela Igreja Católica a Santa Ana e S. Joaquim, avós de Jesus.

É sobejamente conhecida a relação especial que tinha/tenho com os meus avós maternos. A avó paterna não cheguei a conhecer e o avô paterno partiu (igualmente) cedo.

A minha família não é, de todo, perfeita, mas é indescritível o orgulho que sinto nos laços que os avós e bisavós cá de casa conseguiram criar entre eles e connosco.

Na falta de palavras, partilho aqui algumas das fotos mais marcantes, dos nossos avós e bisavós.



                                                                        Com os meus avós


Com a avó, bisavó, tia avó e prima avó


Com os avós



Com a minha avó


A avó


O avô


~

As avós das minhas filhas


Os meus avós, nas pontas, e um tio avô


                                                         As bisavós das minhas filhas

sábado, 24 de julho de 2021

Mas lembra-me, tá?

 -Amanhã até ao final da manhã quero isto tudo arrumado senão ponho as coisas num saco do lixo preto e deito fora!

- Ok, já ouvi! Mas lembra-me, tá? (E termina de me derreter com um grande abraço).

segunda-feira, 12 de julho de 2021

2 minutos são vida

 - Mãe, ali dizia que a novela terminava às 22h30 mas afinal terminou às 22h28!

- São só 2 minutos de diferença!

- Mãe, 2 minutos são vida!

E tem tanta razão a minha mais nova, sempre atenta ao que a rodeia.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Trouxeste-me liberdade?

 - Anda cá ver o que a mãe te trouxe!

- Trouxeste-me liberdade?! 

Em isolamento profiláctico depois de terem sido detectados  dois casos de COVID na turma, a minha pré adolescente mais velha está num stress tremendo. Não consegue perceber porque tem de estar isolada tendo testado negativo e canaliza a sua angústia para a culpada do costume.

Bem gostaria de lhe trazer liberdade. Rai’s partam esta porcaria de vírus.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Parabéns finalistas do meu coração

Eis que chegou o (mais do que nunca) desejado final do ano lectivo e a hora das minhas bebés passarem de ciclo.
É verdade, estas meninas nascidas ontem passaram para o sétimo e quinto ano. Estão de parabéns (tal como todos os alunos da era COVID) pela forma como, entre dias bons e dias menos bons, cumpriram os seus deveres de estudante, enfrentando toda a violência psicológica causada por esta epidemia.
Estou muito orgulhosa destas miúdas.

 

sábado, 3 de julho de 2021

Da série coisas que nos fazem sentir como os leprosos - 2

Experimentem aparecer junto da vossa filha pré-adolescente quando ela está com os amigos. 

O olhar que vos lançará será tão expressivo que vos fará como os leprosos se sentiriam na Idade Média. Não fosse precisar de umas moedinhas e ia directa para uma gafaria longínqua.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Tossir em tempos de COVID

Tossir em tempos de COVID é um stress. Perceber olhares de esguelha, reacções de pânico e afastamento imediato da nossa pessoa, faz-nos sentir como (imagino) se sentiriam os leprosos na Idade Média.

Cheguei ao ponto de temer que me colocassem uma sineta na mão para usar até ao dia em que enfiariam numa gafaria.

Malta, há tosse e pingo no nariz para além do COVID ok? 

Aquela linha ténue entre a responsabilidade por todos os males do mundo e a posse de superpoderes

 06h30 da manhã, a luz do quarto acende-se e a pergunta é disparada - mãe, onde está a capa que me emprestaste para levar para o conservatório?

Atordoada respondo - sei lá, tu é que a usaste!

- Pois, mas a capa é tua!

Achei curiosa a resposta que hoje me fez sentir de forma diferente a maneira como as minhas patroas me vêem.

Afinal elas não me culpam pelo facto de se terem constipado, por estar vento a mais ou menos, por a internet não estar a funcionar, por não saberem das coisas (...).

Elas vêem-me é como uma super heroína capaz de antecipar ou resolver os todos os seus enormes problemas diários.

Grande responsabilidade a minha.


PS digam lá se não é uma leitura mais romântica da relação mãe/filhas.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Inapta para lidar com pré-adolescentes e suas crises

Tenho de confessar-me totalmente inapta para lidar com pré-adolescentes e suas crises.

Imagino que seja capaz sobreviver a esta fase (biliões de mães têm sobrevivido ao longo dos tempos), não acredito é que sobreviva com algum juizinho (que já é tão pouco).

Desculpem o desabafo mas a alternativa era ir ali cortar os pulsos.


segunda-feira, 28 de junho de 2021

Isso é coisa de mãe

 - A mãe esqueceu-se da máscara e tem de voltar a casa.

- Só não percebo como é que foste buscar uma máscara para mim e te esqueceste da tua!

- Isso é coisa de mãe minha filha, um dia perceberás.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Elogiar devia ser encarado como um dever cívico

 Sou forte defensora do dever cívico de elogiar pessoas e instituições.

Como tal não podia deixar passar o dia sem elogiar a organização irrepreensível do Centro de Vacinação de Aveiro e a sua simpaticíssima equipa.

Metade da minha armadura já cá canta. Agora é aguardar serenamente a segunda metade, sem nunca baixar a guarda mas com a necessária sensibilidade e bom senso.


quinta-feira, 17 de junho de 2021

Há dias em que quase perco a fé na Humanidade

Pérolas ouvidas hoje durante uma recolha de alimentos e outros bens alimentares para bebés (contadas por quem participou na iniciativa):


- Se fosse para animais, agora para crianças!

- Eu já criei os meus netos! Agora tenho lá os meus gatos!

- É para ajudar animais? Não, é para ajudar bebés. Oh ...

Hoje estou desiludida e zangada. Tenho muita dificuldade em perceber (e não aceito) que se coloque a vida de um animal acima de uma vida humana e olhem que gosto muito de animais. 

Aliás, gostaria eu que 95% dos seres humanos deste mundo fossem tão bem tratados como o meu gato.

É daqueles dias em que quase perco a fé na Humanidade.

Só não perco porque há voluntários que, sem qualquer contrapartida, suam as estopinhas nestas causas doando o seu tempo e carregando quilos de produtos de um lado para o outro.

E porque há aqueles que doam os tais quilos de produtos, provavelmente sem deixar de ajudar também os animais.

domingo, 6 de junho de 2021

Ela merecia isto e muito mais!

Sinto-me vazia de palavras. Acho que só hoje ao ver os troféus me caiu a ficha. Ao ler a palavra memorial senti uma punhalada no coração. Aos 42 (cedo demais) anos tiveste direito a uma prova de canoagem com o teu nome, o circuito memorial Sandra Matos.
Numa linda tarde de sol, juntaram-se dezenas de crianças, jovens e menos jovens e fez-se festa no meio de tanta vida. Vi miúdas em que te revi, cheias de determinação e vontade de vencer.
Estou certa que gostaste. Eu gostei muito
Fico grata a todos os que organizaram este momento que foi tão duro quanto bonito. Obrigada por não deixarem morrer a memória da Sandra.
Sim André, tens toda a razão. A Sandra merecia mesmo isto e muito mais.




quinta-feira, 3 de junho de 2021

Triste final, triste exemplo

Em qualquer final de um campeonato há risos e lágrimas. As regras são claras e só uma equipa pode ganhar. Há, por isso, que aprender a lidar com a frustração e respeitar o adversário.

Estes são os princípios que tento incutir à basquetebolista cá de casa que, felizmente, não assistiu ontem ao jogo em que a equipa do seu coração se sagrou campeã nacional de basquetebol.

O que se passou no final do jogo entre o SCP e o FCP foi um triste exemplo daquilo que tento ensinar a minha filha a não fazer. 

Fica difícil educar os adultos do futuro com teorias quando na prática lhes damos tantos sinais contrários.

Perder e ganhar é desporto, foi isso que me ensinaram. Sei que quando estamos a um nível profissional é uma quimera mas precisamente estarmos a falar de profissionais esperava mais dos derrotados. Compreendo a frustração da derrota e que se possam sentir injustiçados mas nada justifica tão triste final.

Parabéns às duas equipas pelo desempenho, fruto de árduo trabalho e que todos saibamos ganhar e perder.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Venenosa

 - Pai, estás a usar a aliança!

- Claro, eu uso sempre a aliança!

- Deves usar, deves! Mas é só quando fazes videochamadas com a mãe!


segunda-feira, 17 de maio de 2021

Quando é que comecei a olhar para trás?

Comecei a olhar para trás no dia em que saí do carro e fui em direcção a casa deixando a porta escancarada.

Já era tempo de começar a olhar para trás que, no caso, significa algo aparentemente tão simples quanto focar-me no presente. Paradoxal mas nem tanto.

domingo, 16 de maio de 2021

Obrigada vida. Obrigada a todos quantos nela se fazem presentes

Foram inúmeras as manifestações de carinho que recebi por altura do meu aniversário.

Peço desculpa por não agradecer individualmente mas posso garantir que foi com genuína alegria que as senti a todas, vindas dos mais diversos pontos geográficos e sob as mais variadas formas.

Ficou a faltar uma muito importante e que não tornarei a receber mas faz parte desta viagem que é a vida. Terei de me habituar a essa ausência física e à saudade que nunca findará.

Obrigada a todos quantos se fazem presentes na minha vida e me fazem sentir renascer a cada ano.

Um grande abraço a todos com votos de que contem muitos anos plenos de saúde, aceitando sempre de coração aberto tudo o que a vida tem para vos oferecer.




sexta-feira, 14 de maio de 2021

Para o ano fazemos!

 Por motivos que facilmente podem adivinhar, faz-me muita confusão aquela conversa do “este ano não foi possível mas para o ano fazemos!”.

Trata-se do maior erro que podemos cometer, deixar de fazer por falta das condições “ideais”, adiando sem saber como será o segundo seguinte.

O segredo é fazer hoje, onde estamos e com quem estamos, mesmo que chova torrencialmente. Esses momentos ninguém nos tira. 

Façam hoje!

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Há 12 anos, mais ou menos por esta hora, a primeira contracção

 Há 12 anos, mais ou menos por esta hora, senti aquilo que mais tarde percebi ser a primeira contracção. 7 horas mais tarde nascia a Leonor. Amanhã celebrarei 12 anos e 9 meses como mãe. 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

É genético!

Como é da praxe, mandei mensagem ao meu tio a avisá-lo que fazia anos.

Quando me ligou, disse-me que não era preciso tê-lo avisado pois a minha tia já o tinha feito.

Consta que o diálogo foi hilariante:

- A tua sobrinha faz anos hoje.

- Qual delas?!

- A Susana!

- Mas a Susana faz anos em Maio!

Depois admiram-se das minhas confusões. É genético. 

De morrer a rir, especialmente porque o meu tio faz anos precisamente em Maio!


domingo, 9 de maio de 2021

Alerta o mundo deve estar para acabar

 Acabei de testemunhar que as minhas filhas estão no sofá, em sã convivência a ver um filme.

Se isto não é um sinal do fim do mundo então não sei que será.

Foi só para que não serem apanhados desprevenidos.

Bom domingo.

sábado, 8 de maio de 2021

Apontamentos de um dia feliz

 Declarámos aberta a época dos piqueniques e não podia ter corrido de forma melhor.

Aqui ficam alguns apontamentos de um dia feliz para memória futura.






sexta-feira, 7 de maio de 2021

Uma sábia a avó do Odracir

O meu primo Odracir está sempre a lembrar-me que tenho de cuidar de mim e a dar o exemplo da avó que dizia “primeiro como eu porque se eu cair vocês caem também”.

Assim de repente, soa estranho uma avó dizer aos netos que é sempre ela a primeira a comer mas, pensando bem, tem toda a razão de ser. 

O princípio é o mesmo que nos transmite o pessoal de bordo quando explica as regras de segurança. Os adultos com crianças devem colocar a máscara antes de colocar a da criança porque se fizerem ao contrário correm o risco de ficar sem oxigénio e a criança também, naturalmente. 

Uma sábia a avó do Odracir. Vou lembrar-me do ensinamento.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

É o despertar da rádio Renascença

Hoje, ao falar com a patroa mais velha sobre a minha infância e início de juventude, lembrei-me das manhãs em que o meu pai irrompia quarto dentro em direcção à persiana enquanto cantava “É o despertar da rádio Renascença”.

Como detestava ser acordada assim. Como é bom poder ter (agora) esta lembrança. Como será bom que as minhas filhas um dia digam o mesmo. PS já tenho reportório actualizado.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Ainda sobre Odemira e afins

 Posso estar enganada mas imagino que a escravatura existente em Odemira acontece também noutros pontos do país e noutros sectores de actividade para além da agricultura.

Esta passividade (para não chamar indiferença) de entidades oficiais com as mais diversas competências e da própria comunidade é algo que me inquieta muito.

Entre as várias interrogações que me assolam, há uma que tem predominado e que se refere às nossas escolhas e visão económica do mundo.

Com facilidade, enchemos a boca para criticar o facto de as grandes marcas comprarem por tuta e meia aquilo que pagamos a peso de ouro a países como a China, Bangladesh, Índia (....).

A mesma facilidade com que defendemos a compra da produção nacional.

Tudo muito certo no campo das teorias porque descendo à terra percebemos que afinal também compramos frutas e legumes nacionais plantados e colhidos por mão de obra escrava. Provavelmente calçamos belos sapatos de marcas italianas mas produzidos em Portugal por pessoas muito mal pagas.  E podia ir por aí fora nos exemplos.

Qual a diferença, então, entre o que se passa em Portugal e naqueles outros países?    O número e proporção de oportunistas. Pouco mais.

Há algo de muito errado nisto tudo,ainda que continue (como sempre) a acreditar que todos os homens nascem bons e só alguns (uma minoria) são corrompidos pela sociedade.

Assim cada um faça a sua parte.

Fim de pregação.


terça-feira, 4 de maio de 2021

Odemira, a realidade que nos devia envergonhar a todos

De acordo com os dados que estão no site da Câmara Municipal, o concelho de Odemira terá cerca de 26.000 habitantes.

Presumo que nesse número não estejam contabilizados os 10.000 imigrantes que trabalham em estufas vivendo em condições piores do que a maioria dos animas que conheço e de que as notícias tanto falam por estes dias.

Juro que tive de ouvir e ler várias vezes para me certificar que estava a perceber bem o tal número.

Um que fosse seria mau é certo mas ainda percebia que poucos dessem conta. 10.000 em 26.000 já é coisa que me ultrapassa, revolta e envergonha.

Que o COVID sirva para alguma coisa. Quanto mais não seja pelo medo de propagação (já que o sentido humanista parece andar arredado de todos os responsáveis, desde as autoridades a quem arrenda casas).


terça-feira, 27 de abril de 2021

E o seu marido o que é que diz?!

 São 10,40 € disse a senhora e eu estendi-lhe uma nota de 10 €.

Não tem 0,40 €, perguntou?

Não, respondi eu e fiquei a aguardar que me desse troco.

Foram precisos uns segundos para perceber o porquê do ar atónito da senhora.

Lá caí em mim e pedi desculpa. Expliquei-lhe que sou uma cabeça no ar e acabei por contar uma série de peripécias do género abastecer o carro e arrancar sem pagar, pagar o combustível e arrancar sem abastecer, etc, etc, etc ...

A senhora riu-se às gargalhadas e no final perguntou: e o seu marido o que é que diz?!

Depende do dia, respondi.

Pensando bem, tenho um marido cheio de paciência e muitas histórias com piada (depois de passado algum tempo).

domingo, 25 de abril de 2021

A rapidez na descoberta da vacina contra o Covid deve aos anos de investigação que tem sido feita sobre o cancro

Como sabem vivo numa busca incessante de respostas ao para quê das coisas.

Ontem senti-me de alguma forma confortada quando vi uma notícia que dava conta que a rapidez na descoberta da vacina contra o Covid se deve aos anos de investigação que tem sido feita sobre o cancro, em especial o da mama e o pediátrico.

Pode parecer-vos pateta este meu conforto mas para mim faz todo o sentido.

Nem tudo é em vão ainda que o ideal fosse que não existisse cancro nem Covid ou quaisquer outras doenças.

Tenho agora esperança que esta pandemia sirva para um cada vez maior investimento na ciência. Há tanto a descobrir. Tanto sofrimento que poderia ser evitado ou, pelo menos, minimizado!

terça-feira, 20 de abril de 2021

Pinto da Costa olé

 Juro que nunca na vida pensei vir a dar razão ao Pinto da Costa mas chegou o dia em que tenho de o fazer.

Gostei, genuinamente, da resposta que deu quanto questionado sobre o convite recebido pelo FCP para integrar essa ideia peregrina que é a Superliga Europeia.

A mim, que sou do tempo dos afonsinhos em que nem SAD’a existiam, este projecto economicista mexe-me com o sistema nervoso.

Este grupo de elite mexerá com muita coisa, desde os princípios da União Europeia até à democratização do desporto. Para não falar que, caso a UEFA avance com a proibição de os jogadores desses clubes integrarem as seleções nacionais, isso implicará a dizimação da nossa equipa das quinas. Seriam (só) onze jogadores a ficar de fora.

Enfim, espero que o vil metal não se sobreponha ao bom senso (ainda que saiba ser uma esperança lírica).


domingo, 11 de abril de 2021

Vocês tornam tudo muito mais fácil na minha vida

Os que tiverem paciência para ler este texto vão perdoar-me aquilo que parecerão lugares comuns e a repetição de algo que já escrevi várias vezes, mas tenho o coração tão cheio de alegria que preciso de a partilhar.

Leram bem, tenho o coração cheio de alegria apesar do nó na garganta e da saudade com que viverei o resto da minha vida.

Os últimos tempos têm sido muito duros. A família viveu durante mais de dois anos a doença da Sandra, a minha prima/irmã mais velha.

Assistimos (impotentes) ao seu sofrimento atroz, mas também recebemos o seu exemplo de tenacidade.

A Sandra foi (toda a sua curta vida terrena de 41 anos) uma guerreira ímpar. Agarrou-se à vida com toda a força, não desistiu, procurou soluções, fez-nos sentir pequeninos perante tão grande força.

Tendo eu sido (já) a paciente, o calvário da Sandra mostrou-me ainda com mais clareza que (para mim) será sempre mais fácil estar nessa situação do que na de quem está de "fora". É horrível vermos os nossos amados sofrer sem que consigamos amenizar essa dor. Horrível mesmo.

Esta partida prematura trouxe-me ainda mais questões para as quais busco resposta, obrigou-me a repensar as minhas convicções. Eu que sempre participei activamente na luta contra a eutanásia fiquei, a certa altura, muito baralhada e incapaz de falar no tema. E se a Sandra a tivesse pedido? O certo é que em todos os processos de doença que acompanhei de perto (e começam a ser demasiados) nunca vi alguém pedi-la, bem pelo contrário. Mas isso daria pano para muitas mangas.

Indo agora ao objectivo principal deste post, a partilha da alegria que tenho no coração.

Ontem foi o dia da despedida terrena da Sandra. Quis fazer dessa hora uma homenagem e (como sempre) recorri às Amigas de sempre para me ajudarem a organizar a Eucaristia e a animá-la com a sua música e vozes.

Como sempre, as minhas Amigas disseram sim, encantando quem esteve presente e encantando-me com a sua sempre total disponibilidade. 

Ninguém imagina os problemas e dores das minhas Amigas. O quão difícil foi para elas estarem ali a cantar. O quão enriquecedor tem sido crescer com elas ao longo da vida nos momentos bons e (acima de tudo) nos momentos maus. O quanto as amo. 

Queridas Aldeir, Conceição, Joana, Lena, Sofia e Sónia, nunca arranjarei palavras para descrever o que representam na minha vida. 

Tal como nunca conseguirei retribuir tanto carinho, ainda que saiba que a vossa Amizade é gratuita e não esperam recompensa.

Resta-me (assim) fazer por continuar a ser merecedora de vos ter na minha vida.

Agradeço-te também a ti Max, um menino (para mim serás sempre) que tenho visto crescer e tornar-se um grande pai, a quem desejo o melhor do mundo. Nunca ninguém cantará melhor que tu o Sonda-me.

Uma palavra muito especial para o padre Armando Baptista. Se a bondade for um dia personificada terá (sem dúvida) a sua cara. A quem tenha dúvidas que Deus existe, aconselho  a tomar um cafézinho e trocar um dedo de prosa consigo. Se existem anjos na terra é (certamente) um deles. 

A todos os meus Amigos, um grande abraço. Vocês tornam tudo muito mais fácil na minha vida.



Será só um até já

Não queria despedir-me de ti, muito menos num dia de chuva.

Mas pensando bem, a chuva é fonte de vida. E tu vives em mim.

Será só um até já.

sábado, 3 de abril de 2021

1 hora de espera que se transformou numa caminhada de 17 anos

 Faz hoje 17 anos que fiquei plantada durante 1 hora no Fórum à espera do miúdo com quem tinha longas conversas no messenger.

Creio que terá sido a sua vingançazinha por lhe ter batido no carro novo a primeira vez que nos vimos.

Uma hora de atraso por se ter "enganado nas contas" relativamente ao tempo que demoraria a viagem do Porto a Aveiro.

Devia ter desconfiado de um tipo da FEP que se engana desta forma. Ou melhor, desconfiei tanto que fiquei curiosa e quis conhecer melhor alguém tão diferente e especial.

Em boa hora o fiz. 

Comemoramos hoje 17 anos de uma caminhada cheia de curvas e contracurvas; desafios e obstáculos; rosas e espinhos. Acima de tudo, uma caminhada em conjunto na qual o amor se vai fortalecendo a cada dia.

"Você não vale nada mas eu gosto de você". Não saberia já viver sem si.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Hell’s Kitchen e as mulheres

Estava a patroa mais nova a ver o Hell’s Kitchen quando se saiu com uma comparação entre o espírito de  equipa das mulheres e dos homens. “Olha para elas! Pelo menos eles ajudam-se uns aos outros! Elas nem respondem umas às outras!”.

Achei curiosa tal observação, vinda de uma criança de 10 anos. Nem de propósito, logo a seguir, o chef Lubomir fez um comentário muito semelhante.

Entretanto, tenho lido as críticas e acusações de sexismo que lhe têm sido apontadas. Do pouco que vi, não me pareceu que exista sexismo no programa. Existem sim comentários muito desagradáveis dirigidos quer a mulheres quer a homens mas suponho que faça parte do show. Aparentemente, houve alguém que instituiu que um bom chef de cozinha tem de ser antipático e irascível.

Existindo ou não sexismo, o ponto fulcro é aquele que motivou o comentário da minha pequena.

Nós as mulheres temos, efectiva e comprovadamente, alguma dificuldade em trabalhar em equipa.

Pessoalmente não tenho razão de queixa, note-se bem, mas é algo que salta aos olhos de uma criança de 10 anos e isso é bem revelador deste nosso grande ponto fraco.

quinta-feira, 18 de março de 2021

10 voltas ao sol

É oficial, a patroa mais nova completa hoje 10 voltas ao sol fora do meu útero. De vida completa muitas mais, tanto tempo a sonhei. Sonho que cheguei a pensar ser impossível de concretizar e se tornou a mais bela das realidades.

A Tita veio completar o projecto de vida que sempre idealizei. Uma família que, não sendo perfeita, é tudo aquilo que algum dia poderia desejar.

Temperamental, explosiva, sagaz, directa, assertiva e muito meiga. Assim é a minha bébé.

Parabéns meu Amor maior.


segunda-feira, 8 de março de 2021

Sobre o dia internacional da mulher e a Ana dos cabelos ruivos

 Como sabem, não sou muito dada a dias temáticos mas confesso que este ano o dia internacional da mulher me deixou pensativa e muito por causa da Ana dos cabelos ruivos. 

Explicando melhor. Terminei há dias de ver na Netflix a terceira temporada da série “Ana com A”, baseada no romance que será a minha próxima leitura de cabeceira.

Lembrava-me de gostar muito de ver os desenhos animados em miúda mas só agora, já crescida, percebi a profundidade dos temas que aborda. A pequena e irrequieta órfã dos cabelos ruivos era uma defensora de grandes causas. Igualdade de género, igualdade racial, igualdade social. Igualdade, igualdade, igualdade.

E porque é que a série de me marcou tanto? Acima de tudo por me fazer ver que os principais problemas abordados, vividos no século XIX, se mantêm de uma actualidade preocupante.

O ser humano foi evoluindo, começou por caminhar erecto e foi desenvolvendo aptidões, tecnologias e afins, mas a verdade é que cultural e socialmente continua muito atrasado.

Há muito fogo de vista mas os problemas de fundo do Homem enquanto ser relacional continuam bem enraizados.

Se puderem vejam a série e digam o que sentiram.

Ah, e para os mais (des)crentes deixem-me dizer que nem o bullying é coisa da actualmente.

Em todo o caso continuo crente.


sábado, 6 de março de 2021

Viroses em tempo de COVID e um GRANDE elogio ao SNS

PONTO PRÉVIO (para quem só lê a primeira frase) - estamos todos bem de saúde cá por casa.

Passando ao cerne deste post:

No início da semana a minha cria mais velha queixou-se de dores no corpo e começou a fazer febre.

Qualquer mãe com alguma experiência sabe que levar uma criança ao médico no primeiro ou segundo dia de febre é meio caminho andado para levar um ralhete do médico (a menos que seja febre muito alta, naturalmente) só que entretanto a pequena começou a queixar-se de outros sintomas e comecei a ponderar se não seria melhor ligar para a Linha de Saúde 24. 

Apesar de o meu instinto maternal me dizer que seria uma daquelas viroses sem nome e de costas largas, achei melhor não facilitar. 

Trabalho fora de casa, estou sempre a entrar e a sair. Vejo diariamente os meus pais. Em tempos de COVID entendi ser meu dever moral não aguardar os 3 dias da praxe.

Fiz a chamada e (tal como das outras vezes que recorri a esta linha de apoio) fui atendida à primeira tentativa por uma profissional muito simpática e zelosa que (perante alguns dos sintomas) achou melhor encaminhar a pequena para as urgências pediátricas do hospital de Aveiro.

Contrariamente ao que pensava, as urgências estavam (literalmente) vazias. Entrámos e saímos sem nos cruzarmos com quaisquer outras pessoas que não os profissionais que lá trabalham.

Depois de uma consulta minuciosa feita por pediatras muito meigos e pacientes, lá me explicaram que aparentemente seria a tal virose só que (dado o contexto) teria de se apurar qual. Ou melhor dizendo, excluir a possibilidade de se tratar de COVID.

Feito o teste, regressámos a casa com indicação para aguardar entre 24h a 48h pelo resultado que, sendo negativo, chegaria via sms. 

Assim foi e, passadas menos de 24 h, recebi a ansiada sms. O teste deu negativo.

Foi um grande alívio como podem imaginar, mas foi também mais uma grande experiência de vida.

É inacreditável a quantidade de questões éticas que se colocam a quem se depara com a possibilidade de ter o COVID dentro de portas..

 A doença (ou a ameaça dela) mexe com muito mais do que a saúde; coloca em causa a forma de nos relacionarmos; influencia (e muito) a nossa situação económica e de trabalho. 

E é curioso perceber que existe muito quem pensa que o melhor é ficar na ignorância, esquecendo que doentes assintomáticos não perdem capacidades mas são focos de doença.

Eu, por mim, dispensava bem ficar em isolamento profiláctico mesmo que estivesse assintomática.

O dia que fiquei em casa (por dever moral e não legal) foi bastante para perceber o quão horrível deve ser ter de o fazer por obrigação.

Mas tudo está bem quando acaba bem. A rapariga teve febre e dores mais uns dois dias mas já está fina.

E, acima de tudo, importa partilhar mais uma boa experiência com o nosso SNS que funcionou lindamente. É que não pode ser só dizer mal do que temos. Elogiar é preciso. E este elogio é bem merecido.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Seremos sempre 6

Foi num domingo que partiste. Desde esse dia que não me sai da cabeça a ideia de amputação. Falta-nos a tua presença física. A tua genica.  A tua coragem. A tua perseverança.  Faltas-nos tu, com a tua rabugice, a ralhar com tudo e todos.

Custa-me a acreditar na tua ausência. Perceber como se pode esvair assim tanta vida e planos.

Tenho dúvidas. Muitas. Mas também tenho uma grande certeza. Seremos sempre 6. Os netos da avó Silvina e do avô Emílio. Os primos que têm a sorte de conhecer o amor fraterno. Há tantos que não podem gabar-se do mesmo. Sim, seremos sempre 6.






quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Deviam era fazer um buzinão para nos dar carinho

A primeira coisa que ouvi hoje quando liguei a televisão foi este desabafo do Jorge Jesus - deviam era fazer um buzinão para nos dar carinho.

Goste-se ou não do Jorge Jesus e do SLB, e transpondo o motivo do desabafo para qualquer área da nossa vida, a verdade é que tem toda a razão.

Esta coisa de a mesma pessoa passar de bestial a besta (aos olhos das mesmas pessoas) só porque os resultados deixam de ser os pretendidos, é algo que me ultrapassa.

Percebo que seja muito mais fácil acompanhar e incentivar alguém nos momentos áureos, quando só há motivo para rir, mas a verdade é que se há momento em que essa pessoa precisa de apoio é quando não tem motivos para rir.

Percebo este contexto concreto porque, provavelmente, a malta que desconfinou para ir buzinar está só a descarregar frustrações pessoais. Os grupos e o ambiente que se vive em competição a isso convida mas (como diria o meu paizinho) com tal atitude nem para eles são bons.

Falo com conhecimento de causa e com a barriga cheia de amigos que estão sempre presentes nos momentos em que não tenho motivo para rir.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Será possível aceitar sem entender o porquê das coisas?

Por estes dias pergunto-me se será possível aceitar sem entender o porquê das coisas, muito menos o para quê.

Será a sensação de aceitação uma forma de auto-engano  para tentar aliviar a dor gerada por amputamentos a sangue frio até ao dia em que chegam as respostas?

Agradeço as vossas partilhas e o facto de me permitirem o desabafo.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Mas tu nem choraste!

 Mas tu nem choraste, disse-me ela admirada.

Na sua inocência de criança, a minha filha mais velha ainda acha que a dor se manifesta sempre através das lágrimas.

Ela que, em pouco menos de dois anos, assistiu aos momentos em que me deram a notícia da morte de duas das pessoas mais importantes da minha vida, estranhou que só tenha chorado numa dessas vezes.

A minha filha ainda não sabe que a dor (para além de imensurável) se vai revelando de muitas formas, muitas delas imperceptíveis aos demais. E que, se dermos tempo ao tempo, se vai amenizando transformando-se em saudade.

Terá tempo para o perceber.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Se não confia em si, confie em mim

 Há pessoas e momentos que tocam o coração e nos marcam para sempre de tão bons.

Num contexto muito específico e em plena hora H ouvi esta frase “se não confia em si, confie em mim”.

Confio, confiarei. Fica a promessa, feita de coração aberto e reconfortado.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Ideias para homenagear as Sandras da nossa vida

 A batalha da Sandra (e de tantos outros) contra o cancro não pode ter sido em vão. Podemos não compreender nem aceitar estas grandes provações mas temos a obrigação de lhes procurar um sentido. Mais do que isso, temos o dever moral de homenagear os que partiram praticando actos concretos.

Pensando em todas as Sandra da nossa vida (e neste momento em particular na minha) surgem-me algumas ideias:

1 - estar atento aos sinais do nosso corpo

2 - ser doador de sangue e medula óssea

4 - fazer voluntariado 

5 - adoptar um animal abandonado

6 - cuidar da natureza

7 - preservar a cultura

(...)

Muitas outras coisas poderia aqui enunciar. Estou certa que se lembrarão de mais. 

Por isso peço - da maneira que quiserem e puderem - homenageiem as Sandra da nossa vida. 

Façam algo por vocês, pelos outros, ajudem a melhorar o mundo.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Para quê?

 Como a maioria saberá, sofri recentemente uma grande perda.
A minha prima/irmã, 2 anos mais nova que eu, foi-me roubada pelo cancro.
Aquela que, na família, tinha mais vida.
A que era mais regrada e cuidadosa com a saúde. Aquela que estava sempre preocupada connosco. Aquela que, em 2009, me dizia para falar com ela se precisasse de um transplante de medula e que iria estar na rectaguarda quando eu contasse aos avós que iria fazer quimio.
Para quê estas voltas que a vida dá?
Alguém consegue perceber?


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Gosto de te imaginar aí em cima

Gosto de imaginar aí em cima, em grandes conversas com o avô sobre temas tão relevantes como a necessidade de esclarecer se Alegrete é uma vila ou uma aldeia.

Gosto de imaginar aí em cima, a desfrutar da companhia do teu pai, felizes com as vitórias do vosso SCP.

Gosto de te imaginar aí em cima, sempre atenta aos nossos passos e a dar palpites sobre tudo o que fazemos.

Gosto de te imaginar aí em cima, orgulhosa do percurso  que fizeste na terra.

Gosto de te imaginar aí em cima, a preparar a festa que será o nosso reencontro.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Uma semana


 Há uma semana por esta hora, tentava digerir a notícia da tua partida.

Embora esperada, a notícia fez-me tremer como varas verdades.

Que saudades querida prima. Que consolo saber que não ficou nada por dizer.

Que bom saber-te eternamente viva dentro do meu coração por ter tido o privilégio de partilhar o teu sangue.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Viverei de saudades tuas


Querida primana, como gostavas de me chamar, tivemos tempo (demais) para nos despedirmos e dizermos quanto nos amávamos. Não escreverei (pois) nada de novo.

Se houve algo de bom neste teu longo calvário foi a possibilidade de não deixarmos nada por dizer.

Viverei de saudades tuas até ao último dos meus dias na terra e tu viverás eternamente em mim. 

Deixaste rasto nesta tua rápida corrida por este mundo terreno.

Ninguém (daqueles que contigo algum dia privaram) esquecerá o teu exemplo de perseverança, a determinação com que agarravas todos os touros pelos cornos, as unhas que cravavas na pele dos que te faziam frente quando não havia outra solução.

Bateu a má porta esse maldito cancro. Foste osso duro de roer. Nunca desististe. De tanto acreditar, suportaste mais do que é humanamente possível. Não eras deste mundo, só pode.

Com o coração em sangue, e o consolo de saber que aí onde estás continuarás a dar-me na cabeça a torto e a direito, cerrarei os dentes e continuarei em frente. Foi isso que me ensinaste desde pequenina, quando ambas cabíamos no colo da avó.








domingo, 10 de janeiro de 2021

Análise política da patroa pequena

 Patroa pequena - mas ele julga que é filho do Trump?!!!

Pai - não deve ser, o Trump é loiro!

Patroa pequena (de chofre) - então sai à mãe!

Temos analista política.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Mãe, porque é que chamar cigano a alguém é um insulto?

 Uma noite destas, a minha mais nova saiu-se com esta dúvida. Porque é que chamar cigano a alguém é um insulto?

A pequena tem uma colega cigana desde o primeiro ano   e nunca viu nada nela que a torne diferente dos outros colegas.

Mas é também uma menina atenta ao mundo e, presentemente, aos debates entre os candidatos presidenciais.

Daí a sua surpresa. A sua colega cigana é uma menina como as outras. Porque é que chamar cigano a uma pessoa que não o seja é insulto.

À conta de um sr. candidato, a minha filha foi apresentada ao preconceito. O preconceito não nasce com as pessoas. É-lhes incutido. 

Generalizar sem olhar para o indivíduo é do mais perigoso que há. Fomentar essa ideia de generalização e, consequentemente o preconceito, é criminoso.

É isto vindo de quem se diz católico ganha contornos ainda mais chocantes.

Preocupa-me o crescimento de garotos espelho de Trump, esse mesmo que foi eleito democraticamente com os resultados que conhecemos.

Conforta-me o facto das minhas filhas, sem que em nada as influenciarmos, já terem tirado a pinta à personagem.

sábado, 2 de janeiro de 2021

O melhor em 2020

Esta foto foi tirada no finalzinho de 2020, num daqueles momentos em que recebi um presente dos céus ao poder visitar a minha avó. Com dificuldade, consegui manter a racionalidade e não avançar o acrílico para lhe saltar para o colo e beijar aquelas mãos macias.

Mas foi preciso receber esta foto (tirada já em 2021) para finalmente perceber o que, para mim, foi melhor em 2020.



E o melhor em 2021 foi, definitivamente, ir sabendo que a minha avó mantém sempre um grande sorriso no rosto e emana uma serenidade incrível que encanta todos aqueles que a cuidam.

Esse sorriso foi o melhor em 2020, não só pelo amor que lhe tenho mas também pelo o que a minha avó simboliza na família.

Ela, que sempre foi a raiz e aguentou tudo para nos manter unidos, não só o conseguiu como foi capaz de passar o testemunho e vejo agora o seu papel a ser assumido pelos meus pais e primos.

É este sorriso que (agora sem que ela o saiba) continua a dar-nos alento nos momentos difíceis que temos vindo a atravessar na família e nos conforta por sentirmos que a dolorosa decisão de a colocar num lar foi a mais acertada pois em casa, e apesar de todos os esforços, não conseguíamos dar-lhe o a qualidade de vida que agora tem.

Um sorriso que (por mais paradoxal que possa parecer) se deve em grande parte ao Alzheimer que, sendo uma coisa má, tem a virtude de proteger a minha avó daquelas notícias que ninguém quer ouvir (e são bastantes os desgostos familiares a que tem sido poupada).

Viva o sorriso da minha avó. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Primeira aprendizagem de 2021

 Com o início de 2021 veio a primeira aprendizagem. Orégãos não combinam, de todo, com arroz de marisco. E, já agora, é importante ler os rótulos devidamente não permitindo que as afirmações da nossa mãe nos toldem o raciocínio.

E era isto que queria partilhar.

Volte sempre senhor carteiro

  Volte sempre senhor carteiro. Volte sempre.