Os que tiverem paciência para ler este texto vão perdoar-me aquilo que parecerão lugares comuns e a repetição de algo que já escrevi várias vezes, mas tenho o coração tão cheio de alegria que preciso de a partilhar.
Leram bem, tenho o coração cheio de alegria apesar do nó na garganta e da saudade com que viverei o resto da minha vida.
Os últimos tempos têm sido muito duros. A família viveu durante mais de dois anos a doença da Sandra, a minha prima/irmã mais velha.
Assistimos (impotentes) ao seu sofrimento atroz, mas também recebemos o seu exemplo de tenacidade.
A Sandra foi (toda a sua curta vida terrena de 41 anos) uma guerreira ímpar. Agarrou-se à vida com toda a força, não desistiu, procurou soluções, fez-nos sentir pequeninos perante tão grande força.
Tendo eu sido (já) a paciente, o calvário da Sandra mostrou-me ainda com mais clareza que (para mim) será sempre mais fácil estar nessa situação do que na de quem está de "fora". É horrível vermos os nossos amados sofrer sem que consigamos amenizar essa dor. Horrível mesmo.
Esta partida prematura trouxe-me ainda mais questões para as quais busco resposta, obrigou-me a repensar as minhas convicções. Eu que sempre participei activamente na luta contra a eutanásia fiquei, a certa altura, muito baralhada e incapaz de falar no tema. E se a Sandra a tivesse pedido? O certo é que em todos os processos de doença que acompanhei de perto (e começam a ser demasiados) nunca vi alguém pedi-la, bem pelo contrário. Mas isso daria pano para muitas mangas.
Indo agora ao objectivo principal deste post, a partilha da alegria que tenho no coração.
Ontem foi o dia da despedida terrena da Sandra. Quis fazer dessa hora uma homenagem e (como sempre) recorri às Amigas de sempre para me ajudarem a organizar a Eucaristia e a animá-la com a sua música e vozes.
Como sempre, as minhas Amigas disseram sim, encantando quem esteve presente e encantando-me com a sua sempre total disponibilidade.
Ninguém imagina os problemas e dores das minhas Amigas. O quão difícil foi para elas estarem ali a cantar. O quão enriquecedor tem sido crescer com elas ao longo da vida nos momentos bons e (acima de tudo) nos momentos maus. O quanto as amo.
Queridas Aldeir, Conceição, Joana, Lena, Sofia e Sónia, nunca arranjarei palavras para descrever o que representam na minha vida.
Tal como nunca conseguirei retribuir tanto carinho, ainda que saiba que a vossa Amizade é gratuita e não esperam recompensa.
Resta-me (assim) fazer por continuar a ser merecedora de vos ter na minha vida.
Agradeço-te também a ti Max, um menino (para mim serás sempre) que tenho visto crescer e tornar-se um grande pai, a quem desejo o melhor do mundo. Nunca ninguém cantará melhor que tu o Sonda-me.
Uma palavra muito especial para o padre Armando Baptista. Se a bondade for um dia personificada terá (sem dúvida) a sua cara. A quem tenha dúvidas que Deus existe, aconselho a tomar um cafézinho e trocar um dedo de prosa consigo. Se existem anjos na terra é (certamente) um deles.
A todos os meus Amigos, um grande abraço. Vocês tornam tudo muito mais fácil na minha vida.
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