terça-feira, 26 de outubro de 2021

41 primaveras do grupo Monte Sião II



Querida avó,

Faz hoje 21 primaveras o “teu” grupo, aquele que tanto amavas, ao qual ias buscar forças que a todos sempre espantaram e onde me foste ensinando a rezar de forma alegre e espontânea.

Lembro-me das noites de terça-feira em que a avó Bena, tua mãe, ficava comigo e com a Dulce para poderes ir à oração e de no regresso ficares horas intermináveis a conversar no carro com quem te dava boleia.

Hoje na Eucaristia, diante da imagem de S. José, percebi como o “teu” grupo me ajudou a crescer e continua presente na minha vida. Dele brotou o Adoramus Te que me veio a acolher e onde encontrei Amigos de todas as horas. Foi, pois, um momento muito emotivo. Sei como gostarias de ali estar a celebrar um aniversário tão importante e doeu que não o pudesses fazer mas mais forte que a dor foi a gratidão por te ter como avó e raiz de todo o meu ser.

Parabéns ao Monte Sião II, a todos os seus fundadores e àqueles que continuam tão belo projecto.

Avó, esta rosa vermelha (cor do Espírito Santo que dá vida) é tua.


 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Serão alfaces? Serão ervas daninhas?

Decidi aventurar-me no mundo encantador das hortas caseiras e já comecei a ver os primeiros resultados.

Não sei se serão alfaces ou ervas daninhas, só sei que estas folhinhas verdes crescem a um ritmo alucinante e é espectacular ver a vida a despontar.

Falo com elas logo pela manhã *, rego-as cuidadosamente e


até lhes fiz adubo caseiro. Acho que vão crescer saudáveis.

* descansem, por norma não falo com alfaces ou ervas daninhas. Ainda.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Squid Game

 Confesso que até esta semana nunca tinha ouvido falar na série Squid Game.

As patroas, naturalmente, conhecem-na. A mais velha diz que já viu uns episódios em casa de umas amigas. A mais nova viu publicidade no Tik Tok (mãe, nem é preciso pesquisar que aquilo aparece logo!).

Sinais dos tempos, como alguém dizia há tempos numa reportagem, os pais têm agora de estar mais atentos aos perigos virtuais do que às companhias físicas. E acreditem que é bem mais difícil acompanhar pesadas digitais.

 É uma ilusão pensarmos que controlamos tudo.    Por mais atentos que estejamos, há sempre muito que nos escapa. A informação chega de todos os lados e das formas mais inusitadas.

É preciso acompanhar com distância qb, que os miúdos são escorregadios, mas essencialmente apostar na mensagem e exemplo que passamos aos pequenos. Um desafia imenso mas afinal tirámos as próximas décadas para tratar dos cachopos. Faz parte do caminho.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Caminhada Solidária pela Vida - os meus motivos para participar


No próximo sábado, dia 23 de Outubro, realiza-se em 10 cidades do país a Caminhada Solidária pela Vida promovida pela ADAV - Associação de Defesa e Apoio da Vida.

O objectivo desta iniciativa é angariar fundos e/ou bens para apoiar mães e bebés carenciados (creio que não será necessário sequer referir que o número de famílias a necessitar de ajuda tem vindo a aumentar) para quem o apoio recebido é fundamental.

Quais os meus motivos para participar nesta iniciativa?

1º - se não defendermos a vida e o direito a vivê-la dignamente não faz sentido falar em qualquer outro tipo de direito (este motivo é óbvio e nem Lapalisse diria melhor)

2º - não fui um bebé planeado mas tive a sorte de os meus jovens pais terem tido a coragem (porque apoiados, naturalmente) de alterar os seus planos de vida para me acolherem neste mundo. Tenho, pois, o dever de os homenagear ajudando outros jovens pais a conseguir dar a volta e poder dar aos seus filhos aquilo que chegaram a pensar nunca ser possível (como estou certa terá um dia acontecido com os meus)

3º - já recebi a notícia de ter cancro e uma taxa de sobrevida de 65% (lutei muito para não cair nos 35% pois viver é maravilhoso)

4º - tenho à minha volta muitos exemplos de luta árdua pela vida (pelas mais variadas razões) que me ensinaram que viver só faz sentido se o fizermos com e pelos outros

E poderia continuar por aqui fora. 

Para além do objectivo de fundo desta iniciativa, a caminhada proporcionará bons momentos de convívio com familiares e amigos (não sei quanto a vocês mas é das coisas que mais me dá gozo neste momento e não é todos os dias que arranjamos tempo para tal).

Convido-vos assim a fazerem-se presentes no dia 23 de Outubro. Juntos pela Vida!

Para conhecer um pouco sobre o trabalho da ADAV Aveiro e fazer a inscrição  nesta caminhada solidária podem clicar AQUI.

A participação tem um valor simbólico de cinco euros. Em alternativa, podem ser entregues bens alimentares, de higiene ou roupa para crianças.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Muda o chip mãe! (diz a vozinha que vive dentro de mim)

 -Porque é que ela tem tanta pressa para ir para a escola?!

- Quer chegar mais cedo para ter tempo de brincar com as amigas.

Precisei de alguns minutos para cair em mim e dar conta que a justificação que dei se encontra desactualizada. A minha cria mais velha não quer brincar com as amigas, quer é ir com elas à pastelaria comprar doces (Deus as conserve assim muito tempo) e eu estou fartinha de o saber. Preciso mesmo de mudar o chip é o que é.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

O conforto da despedida


Por estes dias experienciei quão bom é ter a possibilidade de me despedir de alguém sem deixar nada por dizer.    
Até sempre D. Emília, um dia voltaremos a encontrar-nos. Não tenho dúvidas.


sábado, 9 de outubro de 2021

Avó, sempre a desatar os nós da minha garganta!

 Quem me lê sabe que a minha avó materna, o esteio da nossa família, é A mulher que sempre quis ser mas a cujos calcanhares jamais chegarei porque simplesmente é grande demais para que possa ser deste mundo.

A minha avó tem Alzheimer. Os seus olhos não me reconhecem mas o seu coração tem uma memória indestrutível.

Não é qualquer pessoa que tem a benção de chegar aos 44 anos e continuar a ter a avó a desatar os nós que se lhe formam na garganta.

Não há nó na garganta que resista quando ouve “esta é a minha menina”, mesmo que o resto da frase deixe de ter nexo.

Não há nó na garganta com mais força que dezena de beijinhos na face dados pela avó, mesmo com uma máscara a tapar-lhe os lábios.

Sou abençoada por este Amor indestrutível e indiferente a um qualquer Alzheimer.

Sou e serei sempre a menina da minha avó, tal como as minhas irmãs e primos. O coração da avó é elástico.


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Em processo de desformatação

 Por questões genéticas, sociais e eventualmente outras que não me ocorrem ocorrem sempre fui uma miúda muito formatada. Tenho (aliás) a fama e porventura algum proveito de ser muito quadrada e avessa à mudança.

Até há pouco achava (e deixei que me fizessem achar) que aos 44 anos temos de ter resposta para tudo, responsabilidade acrescida para uma sobrevivente de cancro (perdi a conta às vezes que ouvi que tendo sobrevivido a tal bicho ruim nada mais me abalaria). Que engano tão grande!

Começo aos poucos a perceber e aceitar que nada é assim tão linear. Que preciso de me desformatar e deixar rodear por malta que pensa fora da caixa sem que isso implique deixar de ser eu mas antes uma forma  de me conhecer verdadeiramente. 

Volte sempre senhor carteiro

  Volte sempre senhor carteiro. Volte sempre.