sábado, 9 de outubro de 2021

Avó, sempre a desatar os nós da minha garganta!

 Quem me lê sabe que a minha avó materna, o esteio da nossa família, é A mulher que sempre quis ser mas a cujos calcanhares jamais chegarei porque simplesmente é grande demais para que possa ser deste mundo.

A minha avó tem Alzheimer. Os seus olhos não me reconhecem mas o seu coração tem uma memória indestrutível.

Não é qualquer pessoa que tem a benção de chegar aos 44 anos e continuar a ter a avó a desatar os nós que se lhe formam na garganta.

Não há nó na garganta que resista quando ouve “esta é a minha menina”, mesmo que o resto da frase deixe de ter nexo.

Não há nó na garganta com mais força que dezena de beijinhos na face dados pela avó, mesmo com uma máscara a tapar-lhe os lábios.

Sou abençoada por este Amor indestrutível e indiferente a um qualquer Alzheimer.

Sou e serei sempre a menina da minha avó, tal como as minhas irmãs e primos. O coração da avó é elástico.


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