quinta-feira, 25 de março de 2021

Hell’s Kitchen e as mulheres

Estava a patroa mais nova a ver o Hell’s Kitchen quando se saiu com uma comparação entre o espírito de  equipa das mulheres e dos homens. “Olha para elas! Pelo menos eles ajudam-se uns aos outros! Elas nem respondem umas às outras!”.

Achei curiosa tal observação, vinda de uma criança de 10 anos. Nem de propósito, logo a seguir, o chef Lubomir fez um comentário muito semelhante.

Entretanto, tenho lido as críticas e acusações de sexismo que lhe têm sido apontadas. Do pouco que vi, não me pareceu que exista sexismo no programa. Existem sim comentários muito desagradáveis dirigidos quer a mulheres quer a homens mas suponho que faça parte do show. Aparentemente, houve alguém que instituiu que um bom chef de cozinha tem de ser antipático e irascível.

Existindo ou não sexismo, o ponto fulcro é aquele que motivou o comentário da minha pequena.

Nós as mulheres temos, efectiva e comprovadamente, alguma dificuldade em trabalhar em equipa.

Pessoalmente não tenho razão de queixa, note-se bem, mas é algo que salta aos olhos de uma criança de 10 anos e isso é bem revelador deste nosso grande ponto fraco.

quinta-feira, 18 de março de 2021

10 voltas ao sol

É oficial, a patroa mais nova completa hoje 10 voltas ao sol fora do meu útero. De vida completa muitas mais, tanto tempo a sonhei. Sonho que cheguei a pensar ser impossível de concretizar e se tornou a mais bela das realidades.

A Tita veio completar o projecto de vida que sempre idealizei. Uma família que, não sendo perfeita, é tudo aquilo que algum dia poderia desejar.

Temperamental, explosiva, sagaz, directa, assertiva e muito meiga. Assim é a minha bébé.

Parabéns meu Amor maior.


segunda-feira, 8 de março de 2021

Sobre o dia internacional da mulher e a Ana dos cabelos ruivos

 Como sabem, não sou muito dada a dias temáticos mas confesso que este ano o dia internacional da mulher me deixou pensativa e muito por causa da Ana dos cabelos ruivos. 

Explicando melhor. Terminei há dias de ver na Netflix a terceira temporada da série “Ana com A”, baseada no romance que será a minha próxima leitura de cabeceira.

Lembrava-me de gostar muito de ver os desenhos animados em miúda mas só agora, já crescida, percebi a profundidade dos temas que aborda. A pequena e irrequieta órfã dos cabelos ruivos era uma defensora de grandes causas. Igualdade de género, igualdade racial, igualdade social. Igualdade, igualdade, igualdade.

E porque é que a série de me marcou tanto? Acima de tudo por me fazer ver que os principais problemas abordados, vividos no século XIX, se mantêm de uma actualidade preocupante.

O ser humano foi evoluindo, começou por caminhar erecto e foi desenvolvendo aptidões, tecnologias e afins, mas a verdade é que cultural e socialmente continua muito atrasado.

Há muito fogo de vista mas os problemas de fundo do Homem enquanto ser relacional continuam bem enraizados.

Se puderem vejam a série e digam o que sentiram.

Ah, e para os mais (des)crentes deixem-me dizer que nem o bullying é coisa da actualmente.

Em todo o caso continuo crente.


sábado, 6 de março de 2021

Viroses em tempo de COVID e um GRANDE elogio ao SNS

PONTO PRÉVIO (para quem só lê a primeira frase) - estamos todos bem de saúde cá por casa.

Passando ao cerne deste post:

No início da semana a minha cria mais velha queixou-se de dores no corpo e começou a fazer febre.

Qualquer mãe com alguma experiência sabe que levar uma criança ao médico no primeiro ou segundo dia de febre é meio caminho andado para levar um ralhete do médico (a menos que seja febre muito alta, naturalmente) só que entretanto a pequena começou a queixar-se de outros sintomas e comecei a ponderar se não seria melhor ligar para a Linha de Saúde 24. 

Apesar de o meu instinto maternal me dizer que seria uma daquelas viroses sem nome e de costas largas, achei melhor não facilitar. 

Trabalho fora de casa, estou sempre a entrar e a sair. Vejo diariamente os meus pais. Em tempos de COVID entendi ser meu dever moral não aguardar os 3 dias da praxe.

Fiz a chamada e (tal como das outras vezes que recorri a esta linha de apoio) fui atendida à primeira tentativa por uma profissional muito simpática e zelosa que (perante alguns dos sintomas) achou melhor encaminhar a pequena para as urgências pediátricas do hospital de Aveiro.

Contrariamente ao que pensava, as urgências estavam (literalmente) vazias. Entrámos e saímos sem nos cruzarmos com quaisquer outras pessoas que não os profissionais que lá trabalham.

Depois de uma consulta minuciosa feita por pediatras muito meigos e pacientes, lá me explicaram que aparentemente seria a tal virose só que (dado o contexto) teria de se apurar qual. Ou melhor dizendo, excluir a possibilidade de se tratar de COVID.

Feito o teste, regressámos a casa com indicação para aguardar entre 24h a 48h pelo resultado que, sendo negativo, chegaria via sms. 

Assim foi e, passadas menos de 24 h, recebi a ansiada sms. O teste deu negativo.

Foi um grande alívio como podem imaginar, mas foi também mais uma grande experiência de vida.

É inacreditável a quantidade de questões éticas que se colocam a quem se depara com a possibilidade de ter o COVID dentro de portas..

 A doença (ou a ameaça dela) mexe com muito mais do que a saúde; coloca em causa a forma de nos relacionarmos; influencia (e muito) a nossa situação económica e de trabalho. 

E é curioso perceber que existe muito quem pensa que o melhor é ficar na ignorância, esquecendo que doentes assintomáticos não perdem capacidades mas são focos de doença.

Eu, por mim, dispensava bem ficar em isolamento profiláctico mesmo que estivesse assintomática.

O dia que fiquei em casa (por dever moral e não legal) foi bastante para perceber o quão horrível deve ser ter de o fazer por obrigação.

Mas tudo está bem quando acaba bem. A rapariga teve febre e dores mais uns dois dias mas já está fina.

E, acima de tudo, importa partilhar mais uma boa experiência com o nosso SNS que funcionou lindamente. É que não pode ser só dizer mal do que temos. Elogiar é preciso. E este elogio é bem merecido.

15 anos depois

15 anos depois, eis que tive alta da consulta de onco-hematologia.  Diz a médica que as maleitas de que me queixo parecem ser coisas de “pes...