sábado, 6 de março de 2021

Viroses em tempo de COVID e um GRANDE elogio ao SNS

PONTO PRÉVIO (para quem só lê a primeira frase) - estamos todos bem de saúde cá por casa.

Passando ao cerne deste post:

No início da semana a minha cria mais velha queixou-se de dores no corpo e começou a fazer febre.

Qualquer mãe com alguma experiência sabe que levar uma criança ao médico no primeiro ou segundo dia de febre é meio caminho andado para levar um ralhete do médico (a menos que seja febre muito alta, naturalmente) só que entretanto a pequena começou a queixar-se de outros sintomas e comecei a ponderar se não seria melhor ligar para a Linha de Saúde 24. 

Apesar de o meu instinto maternal me dizer que seria uma daquelas viroses sem nome e de costas largas, achei melhor não facilitar. 

Trabalho fora de casa, estou sempre a entrar e a sair. Vejo diariamente os meus pais. Em tempos de COVID entendi ser meu dever moral não aguardar os 3 dias da praxe.

Fiz a chamada e (tal como das outras vezes que recorri a esta linha de apoio) fui atendida à primeira tentativa por uma profissional muito simpática e zelosa que (perante alguns dos sintomas) achou melhor encaminhar a pequena para as urgências pediátricas do hospital de Aveiro.

Contrariamente ao que pensava, as urgências estavam (literalmente) vazias. Entrámos e saímos sem nos cruzarmos com quaisquer outras pessoas que não os profissionais que lá trabalham.

Depois de uma consulta minuciosa feita por pediatras muito meigos e pacientes, lá me explicaram que aparentemente seria a tal virose só que (dado o contexto) teria de se apurar qual. Ou melhor dizendo, excluir a possibilidade de se tratar de COVID.

Feito o teste, regressámos a casa com indicação para aguardar entre 24h a 48h pelo resultado que, sendo negativo, chegaria via sms. 

Assim foi e, passadas menos de 24 h, recebi a ansiada sms. O teste deu negativo.

Foi um grande alívio como podem imaginar, mas foi também mais uma grande experiência de vida.

É inacreditável a quantidade de questões éticas que se colocam a quem se depara com a possibilidade de ter o COVID dentro de portas..

 A doença (ou a ameaça dela) mexe com muito mais do que a saúde; coloca em causa a forma de nos relacionarmos; influencia (e muito) a nossa situação económica e de trabalho. 

E é curioso perceber que existe muito quem pensa que o melhor é ficar na ignorância, esquecendo que doentes assintomáticos não perdem capacidades mas são focos de doença.

Eu, por mim, dispensava bem ficar em isolamento profiláctico mesmo que estivesse assintomática.

O dia que fiquei em casa (por dever moral e não legal) foi bastante para perceber o quão horrível deve ser ter de o fazer por obrigação.

Mas tudo está bem quando acaba bem. A rapariga teve febre e dores mais uns dois dias mas já está fina.

E, acima de tudo, importa partilhar mais uma boa experiência com o nosso SNS que funcionou lindamente. É que não pode ser só dizer mal do que temos. Elogiar é preciso. E este elogio é bem merecido.

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