domingo, 28 de fevereiro de 2021

Seremos sempre 6

Foi num domingo que partiste. Desde esse dia que não me sai da cabeça a ideia de amputação. Falta-nos a tua presença física. A tua genica.  A tua coragem. A tua perseverança.  Faltas-nos tu, com a tua rabugice, a ralhar com tudo e todos.

Custa-me a acreditar na tua ausência. Perceber como se pode esvair assim tanta vida e planos.

Tenho dúvidas. Muitas. Mas também tenho uma grande certeza. Seremos sempre 6. Os netos da avó Silvina e do avô Emílio. Os primos que têm a sorte de conhecer o amor fraterno. Há tantos que não podem gabar-se do mesmo. Sim, seremos sempre 6.






quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Deviam era fazer um buzinão para nos dar carinho

A primeira coisa que ouvi hoje quando liguei a televisão foi este desabafo do Jorge Jesus - deviam era fazer um buzinão para nos dar carinho.

Goste-se ou não do Jorge Jesus e do SLB, e transpondo o motivo do desabafo para qualquer área da nossa vida, a verdade é que tem toda a razão.

Esta coisa de a mesma pessoa passar de bestial a besta (aos olhos das mesmas pessoas) só porque os resultados deixam de ser os pretendidos, é algo que me ultrapassa.

Percebo que seja muito mais fácil acompanhar e incentivar alguém nos momentos áureos, quando só há motivo para rir, mas a verdade é que se há momento em que essa pessoa precisa de apoio é quando não tem motivos para rir.

Percebo este contexto concreto porque, provavelmente, a malta que desconfinou para ir buzinar está só a descarregar frustrações pessoais. Os grupos e o ambiente que se vive em competição a isso convida mas (como diria o meu paizinho) com tal atitude nem para eles são bons.

Falo com conhecimento de causa e com a barriga cheia de amigos que estão sempre presentes nos momentos em que não tenho motivo para rir.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Será possível aceitar sem entender o porquê das coisas?

Por estes dias pergunto-me se será possível aceitar sem entender o porquê das coisas, muito menos o para quê.

Será a sensação de aceitação uma forma de auto-engano  para tentar aliviar a dor gerada por amputamentos a sangue frio até ao dia em que chegam as respostas?

Agradeço as vossas partilhas e o facto de me permitirem o desabafo.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Mas tu nem choraste!

 Mas tu nem choraste, disse-me ela admirada.

Na sua inocência de criança, a minha filha mais velha ainda acha que a dor se manifesta sempre através das lágrimas.

Ela que, em pouco menos de dois anos, assistiu aos momentos em que me deram a notícia da morte de duas das pessoas mais importantes da minha vida, estranhou que só tenha chorado numa dessas vezes.

A minha filha ainda não sabe que a dor (para além de imensurável) se vai revelando de muitas formas, muitas delas imperceptíveis aos demais. E que, se dermos tempo ao tempo, se vai amenizando transformando-se em saudade.

Terá tempo para o perceber.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Se não confia em si, confie em mim

 Há pessoas e momentos que tocam o coração e nos marcam para sempre de tão bons.

Num contexto muito específico e em plena hora H ouvi esta frase “se não confia em si, confie em mim”.

Confio, confiarei. Fica a promessa, feita de coração aberto e reconfortado.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Ideias para homenagear as Sandras da nossa vida

 A batalha da Sandra (e de tantos outros) contra o cancro não pode ter sido em vão. Podemos não compreender nem aceitar estas grandes provações mas temos a obrigação de lhes procurar um sentido. Mais do que isso, temos o dever moral de homenagear os que partiram praticando actos concretos.

Pensando em todas as Sandra da nossa vida (e neste momento em particular na minha) surgem-me algumas ideias:

1 - estar atento aos sinais do nosso corpo

2 - ser doador de sangue e medula óssea

4 - fazer voluntariado 

5 - adoptar um animal abandonado

6 - cuidar da natureza

7 - preservar a cultura

(...)

Muitas outras coisas poderia aqui enunciar. Estou certa que se lembrarão de mais. 

Por isso peço - da maneira que quiserem e puderem - homenageiem as Sandra da nossa vida. 

Façam algo por vocês, pelos outros, ajudem a melhorar o mundo.

15 anos depois

15 anos depois, eis que tive alta da consulta de onco-hematologia.  Diz a médica que as maleitas de que me queixo parecem ser coisas de “pes...