sábado, 2 de janeiro de 2021

O melhor em 2020

Esta foto foi tirada no finalzinho de 2020, num daqueles momentos em que recebi um presente dos céus ao poder visitar a minha avó. Com dificuldade, consegui manter a racionalidade e não avançar o acrílico para lhe saltar para o colo e beijar aquelas mãos macias.

Mas foi preciso receber esta foto (tirada já em 2021) para finalmente perceber o que, para mim, foi melhor em 2020.



E o melhor em 2021 foi, definitivamente, ir sabendo que a minha avó mantém sempre um grande sorriso no rosto e emana uma serenidade incrível que encanta todos aqueles que a cuidam.

Esse sorriso foi o melhor em 2020, não só pelo amor que lhe tenho mas também pelo o que a minha avó simboliza na família.

Ela, que sempre foi a raiz e aguentou tudo para nos manter unidos, não só o conseguiu como foi capaz de passar o testemunho e vejo agora o seu papel a ser assumido pelos meus pais e primos.

É este sorriso que (agora sem que ela o saiba) continua a dar-nos alento nos momentos difíceis que temos vindo a atravessar na família e nos conforta por sentirmos que a dolorosa decisão de a colocar num lar foi a mais acertada pois em casa, e apesar de todos os esforços, não conseguíamos dar-lhe o a qualidade de vida que agora tem.

Um sorriso que (por mais paradoxal que possa parecer) se deve em grande parte ao Alzheimer que, sendo uma coisa má, tem a virtude de proteger a minha avó daquelas notícias que ninguém quer ouvir (e são bastantes os desgostos familiares a que tem sido poupada).

Viva o sorriso da minha avó. 

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