Querida primana, como gostavas de me chamar, tivemos tempo (demais) para nos despedirmos e dizermos quanto nos amávamos. Não escreverei (pois) nada de novo.
Se houve algo de bom neste teu longo calvário foi a possibilidade de não deixarmos nada por dizer.
Viverei de saudades tuas até ao último dos meus dias na terra e tu viverás eternamente em mim.
Deixaste rasto nesta tua rápida corrida por este mundo terreno.
Ninguém (daqueles que contigo algum dia privaram) esquecerá o teu exemplo de perseverança, a determinação com que agarravas todos os touros pelos cornos, as unhas que cravavas na pele dos que te faziam frente quando não havia outra solução.
Bateu a má porta esse maldito cancro. Foste osso duro de roer. Nunca desististe. De tanto acreditar, suportaste mais do que é humanamente possível. Não eras deste mundo, só pode.
Com o coração em sangue, e o consolo de saber que aí onde estás continuarás a dar-me na cabeça a torto e a direito, cerrarei os dentes e continuarei em frente. Foi isso que me ensinaste desde pequenina, quando ambas cabíamos no colo da avó.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigada por dar vida a este blog.