sábado, 1 de junho de 2024

Desta vez sim, estou livre do IPO

 Depois da onco-hematologista me ter dado alta do IPO, foi a vez da nefrologista o fazer (ainda que com indicação de ser seguida em consulta hospitalar).

De modo que espero ter sido a última vez que entrei no IPO como paciente. 

Em todo o caso deixem-me dizer que terei todo o gosto em voltar lá como visitante, nem que seja para dar um olá àquele pessoal extraordinário que por lá trabalha ou uma palavrinha de força a quem dela esteja a precisar. Tenho um enorme carinho por aquela casa.

Marcada no final desta minha história ficará também uma queridíssima senhora que estive a observar durante algum tempo e, sem saber porquê,  me tocou ao ponto de a ter abordado para elogiar a simpatia e ternura que emanava.

E foi esta senhora, cuja história não conheço mas adivinho dura, que após uma troca de doces palavras disse uma frase maravilhosa “É por isso que isto é bom. Conhecemos muita gente”. 

Só quem passa por lá perceberá o sentido desta frase. Poderia tentar descrever a sua profundidade que ficaria sempre aquém dela. Limito-me a guardá-la no coração e a lembrar com carinho todos quantos conheci no IPO e o tanto que me deram.

terça-feira, 19 de março de 2024

15 anos depois

15 anos depois, eis que tive alta da consulta de onco-hematologia. 

Diz a médica que as maleitas de que me queixo parecem ser coisas de “pessoa normal”.

Despedimo-nos com um grande abraço. Com a emoção não consegui articular nenhuma frase de jeito.

Saí da consulta em lágrimas e partilhei a boa nova com todos os que estavam na sala de espera. Recebi palmas e sorrisos. Desejei as melhoras a todos.

Feita barata tonta, dei comigo a percorrer os corredores onde passei tantas horas. 

Precisei de tempo para conseguir do edifício. 

Não me perguntem o porquê nem o que me passava pela cabeça. Acho até que não passava nada. A mente humana é mesmo estranha.

Em Abril será vez da consulta de nefrologia na qual espero receber também guia de marcha.

Apesar de, neste momento, sentir ter sido atropelada por um camião, tinha de partilhar a boa nova neste cantinho criado no início desta minha pessoal viagem pelo IPO.

Afinal foi para isto que criei o Hodgkin Logo Existo, desabafar mas também partilhar experiências e acima de tudo mensagens de esperança. 

Obrigada a todos quantos continuam desse lado e nunca me deixam sozinha.





terça-feira, 12 de dezembro de 2023

O que é que eu fiz para merecer isto?!

 

Já ninguém recebe postais de Natal! Ninguém excepto eu, que ainda não estou refeita da emoção sentida ao abrir  o envelope.

Tens razão minha querida Amiga Catarina, uma Amizade que chegou à idade adulta tem de ser celebrada e eu acrescentaria (também) cuidada. E ninguém o faz melhor que tu.

Agora a questão que me assola - o que é que eu fiz para merecer isto?! Que responsabilidade a minha. 

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Grupos criados para "dizer mal"

Tenho sido confrontada recentemente com a moda dos grupos (de whatsapp, entre outros) criados por crianças e adolescentes "para dizer mal de alguém". Basicamente existe o grupo da turma ou equipa e depois vão sendo criados "subgrupos" com o único intuito de "dizer mal" de um dos elementos do outro grupo. A maledicência vai desde críticas a roupas, características físicas, culpa por derrotas (em jogos de equipa!!!) etc, etc, etc.

Nesses grupos há quem esteja porque acha fixe e quem esteja por medo das consequências de não estar. Por querer ser aceite e não querer arriscar vir a ser colocado de lado ou até vir a ser alvo de um desses grupos "para dizer mal".

Estes grupos são criados por miúdos dos mais variados estratos sociais, alguns dos quais têm a melhor das educações. A culpa não é (a maior parte das vezes) dos pais que nem sabem destas situações.

Preocupa-me (e entristece-me) muito o fenómeno em si mas ainda me preocupa (e entristece) mais o facto de nós adultos olharmos para ele e acharmos que é só coisa de miúdos. A maldade (ainda que possa ser inconsciente) não é coisa de miúdos. 

Estes comentários que se reflectem no relacionamento com os envolvidos têm sempre consequências muito negativas nos visados. Não é raro vê-los com medo de ir à escola ou a desistir de algo que gostavam muito de fazer por ficarem inseguros e com a auto-estima afectada.  Não devemos dramatizar mas também não podemos ser ingénuos ao ponto de  achar que só quando a coisa toma proporções que a torna digna de divulgação na comunicação social é que merece atenção.

Eu sei que a vida se vai encarregar de ensinar todas estas crianças e adolescentes.Sei também que a nossa função enquanto pais não é resolver os problemas dos nossos filhos (quem dera pudéssemos fazê-lo) mas dar-lhes ferramentas para que o consigam. 

Mas de uma coisa tenho a certeza, cabe-nos a todos estar atentos a este fenómeno e tentar orientar esta maltinha que não é nem mais nem menos que o futuro da humanidade.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Ninguém sabe ler-me melhor que esta miúda

 2023 - Dia da Mãe 


"Mãe, pode não parecer mas nós confiamos em ti tal como confias em nós em tudo aquilo que fazemos!".

Do nada, a mais pequena (toda ela sensibilidade) decide exteriorizar aquilo que sente, tomando a liberdade de falar também em nome da irmã, e oferece-me o melhor presente de sempre. Palavras de Amor.

Ninguém sabe ler-me melhor que esta miúda.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Vamos falar de mamas

 Aproveitando que a minha médica de família é uma querida no que à prescrição de exames diz respeito, fui fazer a minha primeira ecografia mamária.

A técnica que fez o exame à qual, estupidamente, não perguntei o nome, foi super profissional e começou logo por me dizer que as orientações internacionais mais recentes são as de que as mulheres deverão começar a fazer mamografias aos 45 anos e que (apesar dessas orientações ainda não estarem articuladas com o SNS) iria fazer essa mesma menção no relatório.

Quando soube que já fiz quimioterapia, perguntou também se na altura me tinham explicado que (por esse facto) tinha maior propensão para vir a desenvolver outro tipo de tumores. Ao explicar-me a diferença entre ecografia mamária e mamografia disse-me ainda que a maior parte dos cancros de mama são detectados nas mamografias.

E porque é que estou com esta conversa, sabendo que não sou médica e por isso não tenho (nem pretendo ter) legitimidade nenhuma para dizer a quem quer que seja que deve fazer este ou aquele exame médico? Só mesmo para alertar e levar a pensar na necessidade de estarmos atentos ao nosso corpinho.

Sou a pior paciente do mundo, aquela a quem o dermatologista e a nefrologista desistiram de receitar medicamentos por saber que (depois de devidamente aviados) ficariam esquecidos numa gaveta qualquer, mas quero ver se deixo de ser estúpida e não me desleixo nisto,  sendo certo que é grande o risco de tal acontecer (é difícil deixar de ser estúpida aos 45 anos), uma vez que os resultados da ecografia mamária indiciam que estará tudo bem.

Desta vez sim, estou livre do IPO

 Depois da onco-hematologista me ter dado alta do IPO, foi a vez da nefrologista o fazer (ainda que com indicação de ser seguida em consulta...