segunda-feira, 20 de maio de 2013

Até a mim, que não tenho próstata, tocou

Sou, por princípio, contra campanhas publiitárias que recorram a técnicas que criem choque para chegar até aos destinatários.

Mas ontem vi um outdoor da Liga Portuguesa contra o Cancro que me deixou a pensar. O anúnio diz qualquer coisa como "o exame à próstata custa a fazer, mas a quimioterapia ainda custa mais".

A minha primeira reacção foi de indignação, porque esta coisa de atingir o psicológico das pessoas fazendo-as sentir que estão doentes por culpa/negligências próprias causa-me muita impressão.

Técnicas à parte, a verdade é que fiquei a pensar na mensagem que quiseram passar. E aquilo marcou-me até a mim, que não tenho próstata.

Por isso só posso concluir que, goste-se ou não da forma como o anúncio foi pensado, o importante é que seja efiaz. E se levar um só homem que seja a fazer o exame, atempadament,e já será bom.

7 comentários:

  1. O anúncio pode chocar algumas pessoas, mas, penso estar bem conseguido. Consegue ser um alerta bem forte.

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  2. Não vi o anuncio, mas vou pesquisar.

    Bjs.

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  3. Talvez por eu não ter passado pelo mesmo que tu, não detectei o elemento "culpa" nesse anúncio. No fundo a mensagem é uma simples verdade, mais vale prevenir do que remediar.

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  4. Falo em culpa no sentido, não fez o rastreio deiou avançar a doença. Mas admito que talvez seja eu que esteja meia traumatizada :)

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  5. Bem...não há qualquer estudo científico de boa qualidade que evidencie o toque rectal como método de rastreio do cancro da próstata...Aliás, mesmo que fosse um bom método de rastreio (e cientificamente comprovado) não existiriam médicos especializados no toque rectal de maneira a fazer um bom rastreio! O único método de rastreio cientificamente válido para o rastreio do cancro da próstata é o valor sanguineo do PSA. Nenhuma sociedade científica nacional e internacional isenta de conflitos de interesse (incluindo sociedades de Urologia e de Medicina Geral e Familiar) recomenda actualmente o rastreio do cancro da próstata como algo a fazer-se sistematicamente. Muito pelo contrário, este rastreio tem vindo a causar muita polémica pois, sabe-se actualmente que o cancro da próstata apesar de frequente não é, na maioria das vezes, um cancro que mate o homem. Ou seja, na maioria dos casos, detectar este cancro traz maior transtorno ao homem (pelos efeitos laterais dos tratamentos) do que benefício (porque o cancro provavelmente nunca ia afectar a vida desse homem até que ele morresse por outra causa qualquer...). Por isso, muita atenção a estes outdoors! Confesso que fiquei profundamente chocado com este outdoor da Liga Portuguesa contra o Cancro. Julgava ser uma sociedade científica bem mais isenta de conflitos de interesse... ...Estou desiludido. A opção da inclusão do homem no rastreio do cancro da próstata já não é recomendado por rotina mas tem, sim, ter que ser decidido caso a caso pesando bem os prós e os contras de fazer este rastreio... Existe muita leitura séria sobre este tema na internet...tudo o resto é conversa... Alguém já ouviu falar de "disease mongering"?...

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    Respostas
    1. Caro José Santos,

      agradeço imenso o seu contributo para esta discussão.

      O que disse deixou-me a pensar.

      Confesso que nunca ouvi falar em "disease mongering" (vou pesquisar).

      O que me assusta nisto tudo é perceber que apesar de todos os avanços da ciência parece que estamos todos muito atrasados, pelo menos na divulgação de informação de forma clara e isenta.

      Bem haj

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Obrigada por dar vida a este blog.

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