sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Só nós duas
Sempre que posso, dou o meu testemunho sobre o que é estar grávida e receber o diagnóstico de cancro. Acredito que esta partilha é importante para quem passa pela doença.
Claro que há também o lado egoísta (já aqui confessado muitas vezes) qu ese prende com o orgulho que sinto na nossa história e quando digo nossa, refiro-me a mim e à Leonor (sem nunca esquecer todos os que comigo sofreram e, claro, a vitória final que baptizámos como Benedita).
Ao longo da doença fui escrevendo (pouco) um diário e, na fase dos tratamentos, aqui no blogue.
Material para um livro não faltaria e a ideia anda a ser maturada há muito. Talvez um dia avance.
Mas o livro, para estar completo, tinha de abordar pensamentos que só eu e a Leonor conhecemos.
Medos e angústias que vivemos juntas, enquanto a minha adorada filha se desenvolvia no meu útero.
Questiono-me muitas vezes, quando olho para a Leonor, se ela terá conseguido perceber aquilo que, por medo de magoar quem nos rodeava, nunca consegui exteriorizar (nem no diário).
Se as (muitas) vezes que chorei e rezei, com a mão na barriga, a terão marcado de alguma forma. Se a sua personalidade estará condicionada por aqueles momentos de tão grande angústia.
Racionalmente, creio que não mas há momentos em que não consigo evitar estas interrogações.
Não amo a minha filha mais do que as outras mães amam as suas, mas esta ligação é algo de inexplicável.
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