Sabes Leonor, percebi que o meu mundo não era redondo e finito no momento em que soube que o vinhas enformar.
Naquele instante senti-o infinito, como o Amor que nasceu muito antes de ti.
Fiquei com medo de cair, não fosse aleijar-te. Sabes, é grande a responsabilidade dos cuidadores de tesouros como tu, o futuro.
E tive medo. Muito medo, só a ti confessado nos monólogos tidos nos momentos de maior angústia.
Medo de não te acompanhar a cada passo. De te faltar nas alturas em que uma mãe, só por lá estar, resolve tudo com um simples beijinho. Desde o mais pequeno arranhão à enorme frustração causada pela perda de um jogo.
Tantas e tantas lágrimas chorei, culpando-me pelo facto de sentir essa angústia e recear que a sentisses também dentro do meu ventre. E tu, sempre firme, respondias-me da forma possível. Com movimentos, prova de vida, dando-me a única resposta que precisava para seguir. "Trata de ti, mãe. Eu estou bem, parecia ouvir então.
Até que chegou o dia de veres a luz do sol. Chegaste ao mundo exterior após a noite mais serena de que me recordo e foi indescritível a sensação de realização ao ver cumprida a minha 1.ª grande missão. Dar-te ao mundo, sã e salva.
Consegui Leonor, por ti e tudo que simbolizas no projecto de vida que idealizei de forma espontânea e inconsciente e começou no dia em que, com o papá, comecei a nossa família
agora completa com o pequeno furacão Tita que tanto amamos.
Sabes Leonor, o Amor dá vida e meu mundo não é redondo. Tem a forma e as cores que nele pões.
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
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