domingo, 14 de novembro de 2010

Crise(s)

Ando particularmente meditativa, o que raras vezes dá bom resultado.

Apesar de não ser nada pessimista, desta vez começo a ficar assustada com a crise económica. No entanto, a crise de valores a que assisto ao meu redor consegue ser ainda mais preocupante.

Tenho recebido quilos de roupa usada de criança que é dada a instituições e que, segundo quem ma tem entregue, se eu não aceitar será colocada no lixo.

E não estou a falar de uma instituição, falo de várias. Também não falo de monos, de há 10 anos. Falo de roupa nova e, muita dela, de marca (que para muitos é algo que valoriza).

Tenho ficado com alguma, outra dou e aquela com que fiquei também dou, assim que deixa de servir à Leonor.

As primeiras vezes que me disseram "trouxe para ver se querias, porque senão iam deitá-la fora", pensei que estavam a gozar comigo. Achava impensável que fosse verdade. Mas depois de ouvir o mesmo, de pessoas diferentes caí em mim. É verdade e acontece em todo o lado.

Sinceramente, este fenómeno que também se passa com a alimentação (basta ouvirmos as últimas notícias de instituições que não conseguem escoar os bens alimentares que recebem, muitos dos quais acabam por ficar fora de validade) deixa-me a pensar.

Uma vez que não falta quem necessite, o problema deve estar na distribuição. E, mais grave, na mentalidade que se instalou. A crise é mais de valores que outra coisa.

Parece-me que nos habituámos um nível de vida e uma selectividade tal, que já não sabemos lidar com a adversidade.

Pela primeira vez, consigo perceber quem diz que não faz donativos porque não sabe se aquilo que dá chega ao destino.

Apesar de tudo, não mudo a minha possição. Continuo a ajudar no que posso e a acreditar que se todos dermos um pouco de nós, o mundo será bem melhor.

3 comentários:

  1. Olá, Susaninha
    Fiquei chocada com o que contaste. Eu sempre dei tudo o que era da Joana a uma instituição aqui perto que trabalha com crianças em vias de adopção. Eles ficam com tudo e asseguram que o que não lhes serve, é enviado a outras associações carenciadas. Eu acredito neles.
    Recentemente, numa acção da SIC Esperança, dei com uma "loja" que ajuda 4000 famílias de Setúbal, em que a novidade é que as pessoas recebem vales e, com tudo a um euro, escolhem a roupa que mais gostam e lhes fica bem. Têm provadores e tudo.
    O que relatas, não conheço, mas é interesante. Pela negativa, mas é.
    Beijinhos, e continua a ajudar, sim
    TP

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  2. Fazes bem. Eu continuo a ajudar, no que possso, a quem vejo que realmente precisa. Quanto às instituições...estarão tbm em crise, no que respeita às regras pelas quais se regem, na distribuição dos bens essenciais, a quem deles carece! Mas, de facto, é tudo muito difícil, já que há agregados familiares tão disfuncionais, em cujas casas se passa fome, e deitam ao lixo muitos géneros alimentícios, dos quais não gostam, como eles próprios dizem. Um exemplo? O leite em pó. A crise é profunda, começa na mentalidade das pessoas! Aconteceu uma senhora, beneficiária do rendimento mínimo, ir inteirar-se do preço das unhas de gel, e responder que iris pô-las quando viesse o dinheiro do tal rendimento...
    bj

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  3. Olá Susana ;o)
    Eu tb dou muitas vezes a volta ás roupas aqui de casa. Há umas semanas foram sacos e sacos que levei para a REMAR temos uma loja aqui perto e eles aceitam tudo!
    Desde mobílias, roupas, calçado, electrodomésticos dou tudo e eles aceitam!
    Há uns anos atrás havia pessoas a reclamar porque a REMAR era assim e assado, pois...agora o conceito é outro, o Pastor que está a dirigir mudou e desde aí tudo o que lhes é dado desde que não sejam "monos sem funcionar" recebem tudo!
    Para além das pessoas que ingressaram na instituição sem fins lucrativos, ainda alimentam 300 familias fora da REMAR.
    E no Banco Alimentar tb gosto de fazer umas comprinhas e oferecer.
    E quando posso junto-me com uns amigos e vamos levar rações para cães e gatos assim como areias, medicamentos que já não usamos eles fazem uma triagem e roupas de cama lençois, mantas, cobertores etc...não custa nada e é tão bom ajudar!!!
    Muitos hipers tb chamam essas isntituições para irem buscar alimentos que estão quase fora de prazo, deviam fazer muitos mais porque deitar para o lixo com tanta gente a passar fome é um crime!!!!
    E a crise vai ser bem maior a cabeça das pessoas tem que mudar e ajudar o próximo devia fazer parte de todos nós!!!
    Beijokas e boa semana!!

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