Tenho sido confrontada recentemente com a moda dos grupos (de whatsapp, entre outros) criados por crianças e adolescentes "para dizer mal de alguém". Basicamente existe o grupo da turma ou equipa e depois vão sendo criados "subgrupos" com o único intuito de "dizer mal" de um dos elementos do outro grupo. A maledicência vai desde críticas a roupas, características físicas, culpa por derrotas (em jogos de equipa!!!) etc, etc, etc.
Nesses grupos há quem esteja porque acha fixe e quem esteja por medo das consequências de não estar. Por querer ser aceite e não querer arriscar vir a ser colocado de lado ou até vir a ser alvo de um desses grupos "para dizer mal".
Estes grupos são criados por miúdos dos mais variados estratos sociais, alguns dos quais têm a melhor das educações. A culpa não é (a maior parte das vezes) dos pais que nem sabem destas situações.
Preocupa-me (e entristece-me) muito o fenómeno em si mas ainda me preocupa (e entristece) mais o facto de nós adultos olharmos para ele e acharmos que é só coisa de miúdos. A maldade (ainda que possa ser inconsciente) não é coisa de miúdos.
Estes comentários que se reflectem no relacionamento com os envolvidos têm sempre consequências muito negativas nos visados. Não é raro vê-los com medo de ir à escola ou a desistir de algo que gostavam muito de fazer por ficarem inseguros e com a auto-estima afectada. Não devemos dramatizar mas também não podemos ser ingénuos ao ponto de achar que só quando a coisa toma proporções que a torna digna de divulgação na comunicação social é que merece atenção.
Eu sei que a vida se vai encarregar de ensinar todas estas crianças e adolescentes.Sei também que a nossa função enquanto pais não é resolver os problemas dos nossos filhos (quem dera pudéssemos fazê-lo) mas dar-lhes ferramentas para que o consigam.
Mas de uma coisa tenho a certeza, cabe-nos a todos estar atentos a este fenómeno e tentar orientar esta maltinha que não é nem mais nem menos que o futuro da humanidade.