domingo, 30 de abril de 2017

Sou mesmo inocente das ideias

Quando a menina da caixa do PD me perguntou se eu estava a fazer a colecção das cartas, respondi-lhe que não queria nada daquilo cá em casa e esperava que as pequenas nem sonhassem com a sua existência.
Em troca, sorriu e eu fiquei a achar que tinha achado piada à resposta.
Agora, 40 cartas depois, percebo que estava era a rir-se de mim e da minha inocência. Como se fosse possível tal coisa escapar às patroas.
Em breve terei o soalho coberto de focinhos de animais mais ou menos fofinhos. Não é um sonho?

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Mãe tartaruga

Hoje tive a grata surpresa de saber que, na escola, a Tita escolheu a tartaruga para me representar. Para ela sou a mãe tartaruga pois aguento com tudo, trabalho muito e nunca desisto.
Nem consigo descrever o que esta definição representou para mim, num dia em que tinha chegado a desabafar ter vontade de hibernar. Felizmente a Tita tem uma visão das tartarugas bem diferente da minha, que me emocionou já que a senti como imerecido elogio. Não é verdade que aguente com tudo e nunca desista mas, depois disto, só me resta fazer por corresponder à imagem romântica que a minha mais nova tem de mim.

É preciso investir na reabilitação dos cães

Antes de começar a divagar, deixem-me dizer que gosto muito de animais. Tenho um gato e uma porquinha da índia que trato principescamente. O champô da porquinha chega a ser mais caro que o meu e o gato até lava os dentes.

Posto isto, devo dizer que não sei se ria se chore ao ouvir os defensores do investimento na reabilitação de cães perigosos.

Não interessa discutir a perigosidade dos bichos em função da raça porque depende sempre de muitos factores. A minha irmã do meio foi barbaramente atacada na cabeça por um pastor alemão de boas famílias, tratado e educado com o maior dos cuidados. E todos conhecem, provavelmente, pastores alemães dóceis que não fazem mal a uma mosca.

Com os caniches será igual. O meu avô viu-se e desejou-se para sarar uma ferida feita pelo dentinho de um desses bonequinhos com que se cruzou na rua.

Obviamente incumbe aos humanos ter os devidos cuidados para evitar acidentes. E há outros que ocorrem independentemente de todos os cuidados e sem que algum dia se pudesse sequer imaginar a possibilidade de ocorrerem.

Até aqui estaremos certamente de acordo.

Nada contra a reabilitação de cães. Sou, aliás, grande defensora da reabilitação como princípio.

Tudo o que lamento é que não exista o mesmo empenho na defesa da reabilitação de seres humanos sendo certo que, por si, podem ser bem mais perigosos que os cães.

E aqui perdoem-me o paralelismo que faço entre, por exemplo, um cão e um recluso que pode até ter chegado a essa condição por força de comportamentos aditivos/patológicos.

Todos queremos ver os erros humanos punidos severamente e, dificilmente, defendemos a reabilitação. Não nos importamos de ver um ser humano atrás das grades o resto da vida, ignorando a possibilidade de este se redimir e poder reintegrar na sociedade se o sistema funcionar como se pretende, mas damos a vida pela reabilitação de cães.

Pior, em sua defesa, tornamo-nos mais ferozes que eles atacando quem possa ter opinião contrária.

E isto é algo que me causa grande apreensão e receio quanto ao futuro.

NOTA IMPORTANTE - Em momento algum retirem deste texto que quero defender o abate de cães.

O que eu queria era ver o mesmo empenho (para não pedir mais) na defesa dos nossos semelhantes.



quinta-feira, 27 de abril de 2017

A malta tem de engolir cada sapo

Ter de ouvir alguém dizer que tem uma série de cancerosos que não consegue eliminar, recorrendo a uma imagem infeliz para descrever elementos que estorvam determinada organização, e não poder saltar-lhe ao pescoço é pior que engolir um sapo vivo. Digo eu que nunca engoli nenhum.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Sobre o fenómeno de Fátima

O que quer que seja aquilo em que acreditemos, creio que todos seremos unânimes ao dizer que Fátima é um fenómeno a que ninguém fica indiferente.
A mim transporta-me ao tempo da escola primária e às tardes de sexta-feira nas quais o professor Pereira nos contava a história dos patorinhos. Lembra-me também a viagem de finalistas da quarta classe. E faz 8 anos no próximo dia 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, que tive a benção de ser mãe pela primeira vez.
Fátima faz parte da minha e nossa história, com política à  mistura e é importante que façamos por conhcer essa mesma história, que tanto nos explica o presente.

ESTA entrevista de D. Carlos Azevedo, cujo título suscitou a minha curiosidade, ajuda a contextualizar a história de Fátima e vale a pena lê-la.
Não sendo um dos meus locais predilectos de encontro comigo e com Deus, gostaria muito que Fátima  deixasse de ser um mero local em que se vão acender velas e cumprir promessas a metro como sinto ser para muitos.
Gostava também de sentir que existe respeito pela fé alheia o que, paradoxalmente, terá de passar também por uma peregrinação interior que me leve a aceitar muitas coisas nas quais não me revejo.

Perante a imagem de Susana Vieira sem maquilhagem

Àqueles que criticaram a imagem da Susana Vieira sem maquilhagem - foto AQUI - só me ocorre citar a minha irmã do meio "são burros ou comem palha?".

Acreditam mesmo que as figuras públicas nascem perfeitas e acordam penteadas? !!! Anda mal essa autoestima.

Eu cá gosto de as perceber seres de carne e osso. Quanto mais não seja, sempre me ajuda a aceitar a minha própria celulite. Ainda que duvide que aos 74 anos a maquilhagem venha a fazer milagres semelhantes ao que faz na minha homónima brasileira.

Ah,  e porque gosto, sempre e acima de tudo, da dimensão humana dos meus semelhantes.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Uma mulher que vê longe

- Se eu encontrar um caroço de tangerina não o dou a ninguém. Sabes porquê? Porque se o puser na terra vai nascer uma tangerineira e terei tangerinas.
Esta Leonor vê longe!

segunda-feira, 24 de abril de 2017

domingo, 23 de abril de 2017

Parabéns Lenine Cunha

O português Lenine Cunha foi eleito o melhor atleta do mundo com deficiência intelectual.
Este feito deve não só orgulhar-nos enquanto povo como também fazer-nos tomar consciência de algo essencial. A deficiência não se deve confundir com o deficiente e vice versa, assim como o cancro não se deve confundir com o paciente oncológico por exemplo. É  verdade que, dito de uma forma pretensamente mais erudita, nós somos nós e as nossas circunstâncias mas não é menos verdade que as nossas circunstâncias não têm de ser as ditadoras do nosso percurso de vida. Antes de tudo, somo nós e a nossa capacidade de resiliência. Depois há os outros e a sua (in)capacidade de compreensão. As circunstâncias são mero contexto que nos tornam mais ou menores heróis consoante o grau de adversidade que nos colocam.
Parabéns Lenine Cunha. Grande herói.

sábado, 22 de abril de 2017

O coração da cachopa é vermelho

Antes do jogo começar, a Leonor ligou à avó a lamentar -se que hoje toda a família é sportinguista menos ela. O que começou como forma de picar o pai e avós está  a tornar-se caso sério. A cachopa tem coração vermelho.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Alguém me interne, por favor!

Depois de ter recusado, por duas vezes, croissants do Oita e ter optado por comer laranja em vez de natas do céu como sobremesa, dei por mim a rejeitar um pastel de Vouzela. Não posso estar bem. Alguém me interne, por favor!

Fartinha

Imagino que seja mais fácil tomar conta da vida alheia do que da nossa. Talvez por uma simples questão de fisionomia seja também mais fácil ver os defeitos de quem está à  nossa frente do que os nossos. Está tudo bem e será porventura naturalíssimo mas deixem-me dizer uma coisa. Estou fartinha de donos da verdade, falsos moralistas e profetas da desgraça.
Também me incomoda o "olha para o que eu digo mas não para o que eu faço.
Irra.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Que é que eu fiz para ter esta vida?!!!

Ao ser confrontada com algo que não quer fazer, a patroa mais nova desatou a chorar e a repetir "o que é que eu fiz para ter esta vida ?!!!". Nada que não tenhamos todos já questionado um dia, suponho, mas que no caso concreto só dá para rir.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Feira de Março, versão cinzenta mas não menos encantadora

 

 
 
 
 

Já não tenho 20 anos é o que é

Crepe com gelado de ovos moles e fios de ovos
+
Leitão, respectiva pele e cabidela
+
Rim de porco com coentros
+
Tripa enfarinhada
+
Folar com fartura
 (mais ou menos por esta ordem)

=

Constatação de que já não se tem 20 anos!
Sempre julguei que o mundo acabaria no dia em que recusasse um convite para comer um croissant do Oita. Já lá vão duas recusas sucessivas e tudo parece igual, menos a minha vesícula ou fígado ou lá o que é
Ninguém me manda ser bruta.

Uma gananciosa inocente

-Mãe, o que quer dizer gananciosa?
- É alguém que gosta muito de ter coisas, especialmente dinheiro, e faz tudo para o conseguir.
-Ah, então é como eu!


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Diga 63

 
Ninguém diria, mas o giraço do meu pai faz 63 anos hoje.
 
Parabéns ao melhor dos melhores e que este dia se repita, pelo menos, outros tantos 63 anos.
 
 

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sim, há regras que devem ser quebradas

Ainda no seguimento do post de ontem, e porque nada nesta vida é preto ou branco, afirmo com convicção "sim, há regras que devem ser quebradas".

 ISTO prova-o claramente.

NOTA: post a que poderia também ter chamado, isto sim é morrer com dignidade. O paciente não pediu a morte, mas simplesmente para ver o pôr do sol enquanto fumava um cigarro e bebia um copo de vinho.

Os técnicos de saúde esqueceram a obstinação terapêutica. Lindo, simplesmente.

terça-feira, 11 de abril de 2017

A (a)normalidade dos excessos

Por estes dias tem-se discutido muito a, para alguns, normalidade dos excessos cometidos por adolescentes nas viagens de finalistas.

Tenho ouvido muitas teorias e, como qualquer bom treinador de bancada, não deixei de formular a minha. Antes de mais, parece-me existir uma enorme confusão ao nível dos conceitos.

O facto de uma coisa (no caso os ditos excessos) ser comum, não a torna normal.

Os excessos são comuns, de facto, e existem desde tempos imemoriais. O meu avô, que teria hoje quase um século, conta as pedradas trocadas durante o bailes e os seus relatos davam sempre origem a risota. Eram coisas "sem maldade", porque passadas e vistas já com outros olhos, que se ocorressem hoje dariam origem a parangonas nos jornais e as amplas discussões sobre a violência que se vive na nossa sociedade.

Aquelas pedradas, embora comuns no início do sec. XX, não eram normais. Somente comuns, parece-me. Eram violência pura e dura. Apesar de, na época e aos nossos olhos, "não existir maldade".

Os excessos são anormais até porque acredito serem cometidos por minorias que conseguem sempre mais tempo de antena do que a maioria que sabe efectivamente o que é diversão.

Mas mais anormal que os excessos dos nossos jovens (Torremolinos à parte, porque parece que já só está em causa o cumprimento de condições contratuais pelo hotel) é a desculpabilização a que se assiste por parte dos paizinhos.

Palavra que é algo que não compreendo. É óbvio que as viagens, como todas as outras experiências na vida, fazem parte da aprendizagem.

Claro que o facto de um miúdo ter partido um vidro não o torna um delinquente e nada diz quanto ao seu carácter enquanto adulto. Aliás, apesar de ouvir a história contada na 1.ª pessoa, creio que ninguém conseguia sequer imaginar o meu avô à pedrada.

Mas também me parece claro que essa aprendizagem (fundamental a todos os níveis) não é sinónimo de ignorar as asneiras só por serem comuns.

É tudo muito lindo, mas em vez de se discutir o valor dos danos patrimoniais podíamos estar a lamentar danos físicos. Sim, porque também é comum os jovens desafiarem-se mutuamente e a coisa nem sempre corre bem.

Verdadeiramente anormal e chocante é ouvir uma mãe a dizer que se queriam clientes bem comportados, deviam ter comprado um hotel em Fátima.

Que sinal estamos nós, adultos, a passar aos nossos jovens? Qualquer coisa como "És jovem e cheio de vida, bebe até cair para o lado. Não te preocupes com as consequências que os papás pagam os estragos?!!! E depois reclamamos o preço dos livros e acusamos o Estado de falta de apoios sociais!".

Com estes exemplos, de facto, não podemos exigir mais aos jovens.

domingo, 9 de abril de 2017

Em época de Ressurreição, um sinal de vida eterna

Quando vinhamos da missa, a Leonor quis ir visitar o avô Emílio. Lá entramos os 4 no cemitério e ao chegar à campa a Tita encostou a cara à fotografia do bisavô, fechou os olhos e ficou assim uns segundos. Depois fez o mesmo à foto do Zezinho.
Escusado será dizer que esta cena amorosa me comoveu profundamente e tive de me afastar. As lágrimas nem sempre são sinónimo de tristeza mas isso é algo difícil de explicar às crianças.
A Tita acompanhou o bisavô nos últimos dias de vida na terra e foi o nome dela o último que pronunciou. Mas é incrível este carinho se tivermos em conta que só tinha 3 anos e meio quando o avô Emílio foi para o céu. O tio avô Zezinho, então, nem chegou a conhecer. Mas ambos estão vivos no enorme coração da minha menina. Acho que a isto se chama vida eterna.

sábado, 8 de abril de 2017

Procuram-se receitas de folar

Este ano deu-me para fazer folares e fui lançada ao dr. Google para procurar uma receita. Estava a correr tudo muito bem até perceber que me falta a erva doce. Como é que não me lembrei?
Uma vez que terei de esperar até amanhã para meter as mãos na massa, lembrei-me de sondar os amigos e desafiar-vos a partilhar as vossas receitas favoritas de folar. Cá por casa gostamos muito do de Vale de Ilhavo. Hoje já marchou um.
Conto convosco.

Desta vez foi em Estocolmo, tão perto do meu coração

Quando vi a mensagem da minha irmã benjamin a dizer que estava tudo bem, fui logo espreitar as notícias que confirmaram o que suspeitava. Desta vez foi em Estocolmo, bem perto do meu coração , que lá tinha a minha irmã mais nova a duas estações de metro do local onde tudo aconteceu.
Apesar de a saber bem, não consigo descrever a angústia  sentida no momento. Muito menos consigo imaginar a dor de quem tem visto os seus a perecerem numa guerra a que são alheios.
A pergunta que me ocorreu foi " que m*@#* andamos nós a fazer à nossa vida?". Sempre zangados à conta de ninharias, a esbanjar o pouco tempo que temos para estar com aqueles de quem gostamos, sem nos lembrarmos de quão frágil a vida pode ser.
Pensamentos à  parte, a mana está bem e isso é o principal e que não deixarei de agradecer ao Pai do Céu.

Silogismo sobre a riqueza

Os loiros são ricos
Eu sou loira
Logo sou rica.

Leonor dixit

Só ainda não consegui que me explicasse como fundamenta a teoria na qual acredita piamente. Tanto que na sua oração da noite agradece a Jesus por ser rica. É uma rica prenda, lá isso é

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Os meus primos policias

Hoje ao jantar confessou a táctica que usa para não ser incomodada na escola. Ameacar chamar os primos policias. Segundo afirma, é tiro e queda. Fogem todos, o que significa que os mais novos, melhor que alguns adultos, respeitam a nobre profissão dos primos que tanto admiro.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Laicidade vs intolerância

Como católica não tenho nada contra a laicidade do Estado. Fui ensinada a respeitar as diferenças e, por natureza, evito julgar sem conhecer. Não digo que seja desprovida de ideias pré - concebidas mas tento por tudo ir além delas para conhecer os outros.
Infelizmente o mundo está eivado de preconceitos e falta de tolerância. Sinto-os frequentemente quando me assumo como católica. Que me choco facilmente, sou beata, uma santinha ... são algumas das coisas que já ouvi, ditas por quem assume conhecer as minhas opiniões sobre tudo pelo simples facto de conhecer a minha fé. É  claro que os princípios em que acredito influenciam a minha posição sobre tudo na vida mas não há nisso nada de determinismo.
A questão é quando os preconceitos viram intolerância pela diferença de convicções o que me entristece profundamente.
A este respeito sugiro que leiam
ESTA crónica da Isabel Stilwell, muito mas muito boa, com argumentos de uma elevação e assertividade raramente vistos.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Ao longe dizem o mar

Ao longe dizem o mar que só intuo pelo mapa de um mundo que se encerra em si, girando incessantemente em busca do princípio enformador da vida.

Estava lá, ao longe e fotografei-o sem o ver. Ironia das ironias para quem se diz atenta ao mundo do que afinal não conhece o mais básico elemento.



terça-feira, 4 de abril de 2017

O preço da saudade

- Tita, a mãe vai ter de sair dois dias.
- Oh, não vaias. Vou ter saudades tuas!
- Tenho de ir filha. Vou trabalhar.
-Está bem. Então traz-me uma prenda!

O que é que eu fiz para merecer isto?!

  Já ninguém recebe postais de Natal! Ninguém excepto eu, que ainda não estou refeita da emoção sentida ao abrir  o envelope. Tens razão min...