sábado, 29 de setembro de 2018

Algo estranho se passa comigo

Algo de estranho se passa comigo. É só decidir sentar-me a ver um pouco de televisão que há logo uma daquelas criaturas que durante a semana tem de ser abanadas para acordar que desperta e chega primeiro ao sofá.
Fosse eu dada a outras crenças e marcava consulta com o professor Bambo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Elas não matam mas moem!

Antes de procurar o consolo da minha almofada, o desabafo necessário. Elas não matam mas moem, como diria a minha avozinha. Falo das chatices e não das patroas, esses anjinhos, que fique claro.

Todas as histórias têm dois lados. No mínimo.

-Pai, tenho de te contar. Hoje de manhã, a mãe saiu de casa sem a aliança!
A pequena venenosa só se esqueceu de contar o contexto em que ocorreu a nossa saída de casa. Ter levado a cabeça já foi uma sorte.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Inadmissível. Triste. Lamentável.

Ficámos ontem a saber, da boca do nosso Primeiro Ministro, que o estatuto do cuidador informal não irá avançar para já por causa do custo.

Seria fácil de perceber, sabendo nós que os recursos são escassos, a dificuldade em prever 120 milhões de euros no Orçamento de Estado para 2019 para apoiar as famílias que, pelas contingências da vida, se transformam em cuidadores informais.

Contudo é, no mínimo, chocante perceber que se fazem contas de merceeiro relativamente a um assunto tão delicado.

Desde logo esquecem-se as inúmeras situações em que os cuidadores se vêem obrigados a deixar os seus trabalhos precisamente por causa do dinheiro que o Estado não gasta nas estruturas de apoio.

Ou seja, como bem diz a Associação Portuguesa de Cuidadores Informais, o Estado anda a poupar há anos à conta dos cuidadores informais.

Depois porque há outras medidas urgentes, para além dos apoios sociais. A título de mero exemplo, lembro-me da alteração do regime de faltas ao trabalho.

No actual estado de coisas, os cuidadores que conseguem manter os seus trabalhos são obrigados a contornar a lei ficando dependentes da compreensão e cumplicidade de 3.ºs, designadamente médicos o que é inadmissível

Sugiro a leitura desta entrevista que ilustra, com um caso bem real, aquilo que quero dizer - "A lei não nos permite estar ao lado dos nossos filhos" sobre uma família que se debate com este problema de forma particularmente violenta.

Inadmissível. Triste. Lamentável.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Morto?! Como assim, morto?!!!

Crias tratadas e caídas nos braços de Morfeu; 10h da noite. Tudo se conjugava para um perfeito momento de estupidificação da mente através da leitura de mais uma aventura do meu querido Perry Mason.

Vou embalada quando, mudando de página, alguém pergunta como morreu o homem. Releio a frase vezes sem conta, volto umas páginas atrás outras tantas vezes e nada de referências ao dito cujo, muito menos ao seu assassinato.

Eis senão quando se me ilumina a mente e resolvo conferir a numeração das páginas. Só faltavam 20, basicamente aquelas em que é narrado o acontecimento à volta do qual o livro vai andar.

Raios! É o que dá comprar livros em feiras das velharias. Alguma vez tinha de acontecer.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Devo a quem segue este blogue uma explicação e um enorme agradecimento

Na sequência do post a que chamei Entre altos e baixos , no qual falei do facto de a família se encontrar a combater um novo cancro, recebi uma imensidão de mensagens e telefonemas de pessoal amigo, preocupado em dar-nos uma palavra de alento.

Não por acaso, muito desse pessoal acompanha-me desde sempre, e em particular desde que iniciei a minha luta pessoal no longínquo ano de 2008.

Fiquei muito sensibilizada pelo apoio que recebi e devo a todos um enorme agradecimento.

Devo também uma explicação aos demais. Na altura quis preservar a privacidade da minha prima/irmã pois só a ela cabia o direito de expor a situação publicamente.

Mas o raio da miúda é dura como os cornos e decidiu partilhar a sua experiência com o cancro no colo do útero (faltava no CV da família)  no blogue bilingue que criou My Cervical Journey que aconselho a seguirem  AQUI

Numa altura em já só faltam metade dos tratamentos de quimio e radio e nada mais posso do que estar presente da forma possível, atendendo aos milhares de Kms de distância, reforço aqui o apelo que a nossa "galinhola" mais tem feito nos últimos tempos - estejam atentas aos sinais do vosso corpo.

Segunda semana

Já estamos na segunda semana de aulas e, aparentemente, sobrevivemos ao regresso à escola.
O furacão mais pequeno surpreendeu-me, como sempre, pela alegra e descontracção com que encarou este novo ano. A mana está um pouco receosa e a sentir o peso da sua condição de finalista.
Tudo a correr normalmente e eu , com sorte, conseguirei decorar o horário das actividades lá para meados do terceiro período.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Pergunta provocadora, mas de resposta fácil

A minha irmã do meio perguntou-me, de forma provocadora, porque levava as miúdas à catequese e não deixava que fossem elas a escolher ir um dia mais tarde?

A pergunta é extremamente pertinente e não é a 1.ª vez que ma fazem.

Por sua vez, a resposta é fácil.

Obviamente serão elas a escolher continuar a ir, ou não, à catequese no momento em que sentir que faz sentido deixá-las ser elas decidir. Tal como acontecerá como relativamente às actividades extracurriculares, roupa, etc, etc, etc.

Neste momento vão, porque quero transmitir-lhe os princípios que me transmitiram a mim e que gostava fossem aqueles que vão nortear a sua vida.

Para que elas tenham essa liberdade de escolha precisam, porém, de conhecer e por isso a ida à catequese.

Ninguém pode escolher o que não conhece.  Não lhes vou negar o acesso ao conhecimento de outras religiões, mas por tradição familiar (e a palavra tradição vem do latim Traditio, que significa entrega (de valores no caso)) é isto que tenho para lhes dar o necessário para a tal escolha futura.


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Mãe, ela chamou-me burra!

Podia imaginar 1001 formas de terror psicológico mas nunca aquele que as minhas filhas exercem sobre mim quando estou no chuveiro e uma delas irrompe pela casa de banho a gritar "mãe, ela chamou-me burra!", logo seguida pela outra que a desmente categoricamente em voz ainda mais estridante.

Se sou alguém para dar conselhos a futuras mamãs, cá vai: jamais percam de vista a chave da casa de banho. Pode salvar-vos parte da sanidade mental.

Primeiro confiar ou desconfiar?

Ao ouvir as notícias sobre a nomeação da nova Procuradora- Geral da República lembrei-me de alguém que em tempos me disse ter como lema "primeiro confiar e, só depois, desconfiar se lhe forem dados motivos".

Revejo-me totalmente neste lema e não pretendo inverter a ordem das coisas.

Tenho pena que a Dr. ª Joana Marques Vidal não tenha sido reconduzida mas a verdade é que confio (até eventuais sinais contrários) que a Dr.ª Lucília Gago venha fazer um trabalho de continuidade.

E é curioso como, em abstracto, defensores da continuidade e da saída têm razão nos argumentos contrários apresentados.

Senão vejamos, se a Dr. ª Joana Marques Vidal tivesse feito um péssimo trabalho aqueles que defendem a continuidade estariam a fazer outra leitura da Constituição.

O que é lamentável é que a previsão legal não seja mais clara e permita duas leituras completamente díspares criando uma novela que se poderia ter evitado.

Confiemos, portanto. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Perguntar a origem étnico-racial é discriminação?

NESTE ARTIGO questiona-se se perguntar a origem étnico -racional é preconceito. Obviamente esta é uma questão cuja resposta não é matemática.
Importa, antes de mais, saber de que falamos quando nos referimos a discriminação. E, sendo rigorosos nos termos, distinguir discriminação de preconceito.
Discriminação será distinguir alguém por motivos arbitrários. Preconceito é aquilo que teremos de superar para não cairmos em situações de discriminação.
E, não me venham com histórias, preconceitos todos temos de forma instintiva. Alguém supõe, num primeiro contacto, que um brasileiro não saiba sambar, deteste futebol e abomine o carnaval?
Saber a origam étnico-racional podem ser importante para 1001 coisas. Perceber as diferenças é meio caminho andado para desfazer preconceitos. Claro que não deve nunca confundir-se esse conceito con o de nacionalidade, como parece que aconteceu no famoso questionário que circulou em algumas escolas.
Por isso, e à boa maneira de um jurista, depende do contexto e da intenção.

Vidas que continuaram _ 1

Começo hoje a partilha de histórias de vida que me inspiram e deixam a pensar.

A 1.ª é do Nuno Vitorino. Leiam que vale a pena

Em 1995, tive um acidente. Um amigo, sem querer, disparou uma arma de fogo sobre mim.
A bala acertou-me na cervical e fiquei tetraplégico. Uma tetraplegia incompleta que me dá algum movimento de braços.

Fui atleta paralímpico de natação, dou palestras, motivo outros a seguirem o seu sonho, porque apesar de muitas vezes os olhos não verem ou as pernas se transformarem em duas rodas, existe sempre um coração que sente!

Vivo a vida ao máximo e … faço surf, salto de paraquedas, treino todos os dias para surfar ondas grandes. Sou acima de tudo um viciado em adrenalina.

Sou fundador da SURFaddict – Associação Portuguesa de Surf Adaptado.

Em 2013 fui eleito pela Surf Portugal um dos melhores surfistas portugueses. Pela primeira vez um surfista de Surf Adaptado constou deste TOP.

Em 2014 fui eleito por um site de surf brasileiro, surfistapaulistano.com, um dos 5 surfistas mais inspiradores do mundo.

Muito mais que o reconhecimento, inspiro os outros a serem melhores. Inspiro-me no lema “Nós não queremos saber se é difícil, apenas se é possível!”
Sim, porque no fundo tudo é possível!

— Nuno Vitorino

Conheçam mais AQUI
http://nunovitorino.com/nuno-vitorino/

Direito a cuscar mochilas

Acabei de ser repreendida pela patroa mais velha pois tive a ousadia de "cuscar" a sua mochila.
Não sabe a pequena que uma mãe tem direitos inatos  que são, no caso,  simultaneamente deveres pois sabia ter um recado da professora na caderneta.
De modos que sim, tenho o direito/dever de cuscar a mochila. Temos pena.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O dicionário dos meus sonhos

Passei dias a ouvir as patroas discutir sobre se devíamos, ou não, comprar um dicionário à mais pequena, com a mais velha a dizer que não valia a pena "gastar dinheiro aos pais se já tinham o dela em casa" e aquela a gritar que tinha direito a ter o seu próprio dicionário e queria que fosse cor de laranja!

Naturalmente comprámos o bendito dicionário cor de laranja, pois há coisas que não se negam a ninguém e muito menos a uma criança, e eis que em vésperas do 1.º dia de aulas passei a noite a sonhar com a professora a ralhar-me porque a pequena não levava o dicionário para a escola há mais de 5 dias, envergonhada por ter de lhe confessar que, nesse dia, me tinha esquecido também da mochila!

Pelos vistos estaria mais ansiosa com o regresso à escola do que a própria que saiu do carro sem olhar para trás, deixando-me no meio do passeio, a morrer de vontade de ir a correr cobri-la de beijos.

Linfoma: o misterioso cancro do sangue

Resolvi dar a este post o título de uma notícia publicada no dia 15 de setembro (Dia da Consciencialização sobre o linfoma) que podem ler na íntegra AQUI. 

O resumo, feito pelo JN, diz tudo aquilo que quero dizer.

"É uma doença que pode ser detetada pelo inchaço de gânglios em várias partes do corpo. No entanto, também pode não dar sinais. E como não se conhecem as causas da maioria desse tumor maligno, não é possível prevenir" (sublinhado meu).

E porquê esta partilha? Pela importância de estarmos atentos às mudanças no nosso corpo e não deixarmos arrastar uma ida ao médico mas também, e acima de tudo, para tentar combater extremismos relativos a estilos de vida "saudáveis" e a quase instintiva culpabilização de quem é "apanhado" pela doença (palavras daquele odioso homeopata), pelo facto de não comer só esparguete de semente de uva preta e recusar terminantemente ingerir sumo de beterraba.

Ninguém tem culpa de ficar doente e, lamento informar os donos da verdade, ninguém pode dizer que a si nunca acontecerá.

Peço desculpa por alguma rudeza, mas é de facto um tema que me causa comichão. E eu passo-me com comichão, o principal sintoma, dos poucos que tive, do linfoma de Hodgkin.

PS - Nada contra quem come esparguete de semente de uva preta e bebe sumo de beterraba, mas eu cá continuo com o meu leitinho de vaca e pão com manteiga.


domingo, 16 de setembro de 2018

Friozinho na barriga

Fui desafiada e aceitei. Comecei este fim de semana uma nova experiência de vida. A responsabilidade é proporcional ao friozinho que sinto na barriga. A alegria de saber que poderei contribuir para que a minha comunidade seja dinâmica e colaborativa também.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

85 anos de Amor.

 
Sempre a conheci assim, a cuidar de nós, como se tivesse nascido só para nos fazer feliz.
 
E faz, muito, que nos deu tudo aquilo que é preciso para sorrir. Amor incondicional, princípios inabaláveis. Carregamos, pois, a imensa responsabilidade de os conseguirmos transmitir aos outros.
 
Por nós e para nós, sua família, mas também por todos os que com ela se cruzaram ao longo destes 85 anos, a minha avó deu tudo de si. Só coisas boas, pois outras não lhas conheço.
 
Sem dúvida alguma, obra de Deus na terra. Pergunto-me muitas vezes que fiz para a merecer.
 
Pergunta tola, talvez. Tenho só a certeza que só a merecerei se conseguir ser um bocadinho do que
 
ela é no mundo. Objectivo difícil, tantas são as minhas imperfeições, mas tudo farei para o alcançar.
 
Parabéns querida avó.
 
 
 
 
 

 

Não basta ter relógio, dahhh!

A patroa mais nova está muito preocupada com o facto de este ano terem abolido as campainhas da escola e ficar sem saber a que hora deve entrar.
Tentei sossega-la lembrando que tem mais do que um relógio em casa e é só questão de se habituar a usá-lo.
Coitada da pobre, que me lembrou que setia excelente caso soubesse já ver as horas!

Triste e frustrada

Triste e frustada, é assim que me sinto relativamente ao ponto de situação da causa que abracei nos últimos tempos, a defesa de uma vida digna até ao fim.

Como sabem, resolvi expor a uma série de entidades situação real, muito ilustrativa da falta de condições que se verifica, na grande maioria dos casos, ao nível dos cuidados paliativos.

A ideia é alertar para um problema vivido por milhares, talvez milhões,  de pessoas e tentar que essas tais entidades olhem para o problema com olhos de ver.

Tristemente, constato que só consegui que uma série de funcionários públicos gastasse tem a redigir ofícios sem conteúdo, dando conta de os serviços terem remetido o meu email para outro serviço. A Casa Civil remeteu o email para o Gabinete do PM, que o enviou para o Gabinete do Ministro da Saúde. De notar que tive o cuidado de mandar o email com todos os destinatários visíveis e de dar a conhecer ao Gabinete do PM a resposta que o Gabinete do Ministro da Saúde me tinha dado já há  mais de um mês.

Nisto tudo tenho uma mão cheia de nada e outra cheia de coisa nenhuma.

Os lindos documentos vão -se sucedendo e, no mundo real, pouco ou nada se vê de concreto.  E as entidades competentes acham mais importante falar do que vão fazendo do que daquilo que pretendem fazer.

Razão pela qual me deixa especialmente triste e preocupada ESTA notícia sobre o facto os cuidados paliativos ficarem excluídos da rede de cuidados continuados que resumo abaixo no essencial:

"Com a nova portaria, as famílias são empurradas para um beco sem saída: veem os seus privados destes cuidados e sentem a limitação de não poder cuidar; por outro lado mesmo que queiram, apenas dispõem de 15 dias por ano para assistência aos familiares e os subsídios existentes para apoio de terceira pessoa são insuficientes para conseguirem pagar possíveis alternativas», dizem, em comunicado".

Uma triste realidade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A malta tem de se rir

Anda meio mundo histérico com o RGPD, outro quarto quase esquecido e o restante está -se nas tintas. O livro reutilizado que calhou a uma das patroas traz o nome do anterior proprietário e metade dos exercícios feitos e devidamente corrigidos. Uma delícia.
Sendo nós cobaia deste projecto, é normal que apanhemos uma série de situações passadas ao lado dos teóricos. Já não será normal que situações destas passem no crivo de quem teve a árdua tarefa de fazer a triagem ou que alguém tenha decidido ignorar a situação, ainda que como forma de protesto. Sim, porque há coisas que só concebo como uma espécie de greve de zelo. Se todos aqueles que não concordam com as orientações dos suoeriores as ignorassem, o reino viraria uma anarquia ( digo eu com os nervos). Mas a patroa deve agradecer a parte das respostas.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Sistematicamente incompreendida

O papá deu um grande ralhete à patroa mais velha. Ouviu-o serena e atentamente e quando o ralhete terminou limitou-se a perguntar "o que quer dizer sistemática?".
Percebi então que deve ser esse o meu problema quando me dirijo às patroas, e me sinto sistematicamente incompreendida, as palavras. Há muitas que não percebem como arrumar, estudar e lavar.

Fado

O fado não é só dor, muito menos desamor.
Pois se fado é o destino, história de vida, desatino, não poderia ser metade.
O fado é alma e verdade. É sorte, vida e morte, sinónimo de meta definida, fim de um caminho com norte.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

domingo, 9 de setembro de 2018

O que me choca no Frederico Varandas

O que me choca no Frederico Varandas é que o rapaz, a quem eu dava quarenta e tal anos, só tem trinta e oito. Menos três que eu, portanto, o que é daquela coisas que me deixa a pensar sobre a ( minha) vida.
Brincadeiras  à  parte, espero que injecte sangue novo no SCP, para bem do futebol em geral.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Estou muito mais rica

Ontem tive a oportunidade de assistir a uma conferência sobre a eutanásia que teve como orador o Professor Pinto da Costa.

Ia com enormes expectativas pois seria a 1.ª vez que participaria numa sessão sobre este tema, que muito me diz, na qual iria ouvir argumentos a favor da eutanásia.

Quando cheguei, deparei-me com um participante numa cadeira de rodas e uma outra com uma grave doença degenerativa.

Confesso que fiquei algo tensa com a presença dos dois num evento em que se debateria um tema tão delicado. Afinal eram duas das situações que, para muitos, justificariam a morte a pedido e eu, que nunca vi ninguém pedir a morte, fiquei incomodada com aquilo que ali poderiam dizer.

Gostaria de conseguir descrever quão enriquecedora foi a experiência mas não há forma de o fazer. Só estando lá.

Depois de ouvir a brilhantíssima exposição do Professor Pinto da Costa, com o humor que se lhe conhece, e a partilha feita pela participante que sofre da tal doença degenerativa, reforcei as minhas convicções:

É necessário que cada um de nós, cidadão, procure esclarecer-se não só sobre o que realmente é a eutanásia como quais os motivos que, em regra, estão por trás da decisão de quem pede que lhe abreviem a vida.

Note-se que não está em causa prolongar a vida artificialmente e a qualquer custo, nem a defender o sofrimento. Bem pelo contrário.

Por vezes vemos pessoas sem qualquer tipo de problema físico que sofrem por não encontrar o sentido da vida.

Imaginemos então, alguém, com graves limitações físicas e que depende de terceiros. Como se sentirá se nós (sociedade e Estado) não tivermos mais para lhe oferecer do que olhares e palavras piedosas? Se fizermos a pessoa sentir-se um peso morto. Se não tivermos um gesto de afecto. Se não apoiarmos os seus cuidadores?

Como encontrará o sentido da sua vida?

É que é isto que se passa a maioria das vezes. Que vontade de viver terá esta pessoa? Nenhuma, logicamente. Vamos atender a essa vontade e seguir as nossas vidas normalmente? Será que a deficiência a torna a sua vida indigna ou menos valiosa que as nossas?

Não tenhamos ilusões, todos temos de morrer mas até lá temos o direito a viver plenamente, rodeados de afecto e conforto.

A questão é que muitas vezes (e pelas mais variadas razões) estamos demasiado centrados em nós e nos mais próximos. Não temos um segundo para os outros, nem para exigir condições para uma vida digna.

Fazemos manifestações contra o abate de árvores mas não dizemos uma palavra sobre a falta de uma rede de cuidados paliativos que apoie doentes e cuidadores, negando o direito a viver dignamente até ao fim.

Vão aos hospitais e vejam as condições dadas a quem se encontra no final da vida. Procurem informar-se sobre o suporte oferecido a cuidadores.

Temos políticos que concentram todas as suas forças em ser do contra, só por ser e não defendem a vida digna.

Deixamos que a vida seja vista na perspectiva económica, esquecendo que sem ela não há qualquer outro direito que possa ser defendido.

Nem me chocaria a defesa da eutanásia, se visse igual defesa de condições para uma vida digna até ao final. Se o Plano Nacional de Cuidados Paliativos fosse uma realidade e não um mero papel sem vida. Se estivéssemos todos mais atentos aos que nos rodeiam.

Não me chocaria pois tenho cada vez mais a certeza que se isso fosse uma realidade seriam ínfimos os desejos da morte como fim do sofrimento moral.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Está certo

O PSP constituído arguido no caso das agressões perpretadas nos Açores por alegados adeptos do Boavista, ficou sujeito à medida de coação de apresentações periódicas.
Está certo. Uma medida coação que incentiva a assiduidade laboral parece-me uma excelente ideia.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Pão com iogurte

Li uma frase do Paul Auster que dizia qualquer coisa como "a memória é o lugar em que se vive um facto pela segunda vez". Não sei se é bem esta a frase, mas é o sentido da mesma que interessa. É muito impressiva esta descrição e só peca por defeito. Na memória vivemos o mesmo facto quantas vezes queremos. Não da mesma forma, porque as circunstâncias estão em permanente mudança, mas com igual sentimento. As memórias têm cheiro, cor, paladar.
Neste momento consigo sentir o sabor de pão com iogurte, gosto que tantas vezes partilhei com a minha avó. E revivo aqueles tempos tão felizes com a saudade que só se tem quando se teve sorte no Amor.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A biografia do silêncio

Ontem aventuramo-nos e levamos as crias connosco a uma conferência do Pablo D'Ors sobre silêncio e meditação.
Não fosse a temática, por si, já complicada e ainda elevamos a fasquia.
Até correu bem, culpa de se ter realizado no final do primeiro dia do reinício da época desportiva.
Fazer silêncio dentro de mim é,  porventura, a coisa mais difícil a que me posso propor. Sofro muito com a incapacidade de concentração. A conferência, muito interessante por sinal, deixou-me a pensar nessa questão e a primeira decisão está tomada. O Saramago vai ter de esperar. Não consigo focar-me neste momento num estilo de escrita denso. Espera-me " A biografia do silêncio".

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

3 professores em 4 anos!

Com a publicação da lista de colocação de professores, chegou a notícia que eu mais temia. A patroa mais velha terá a 3.ª professora em 4 anos.

Acho que, mais anos que viva, nunca perceberei a lógica que preside à colocação dos professores em geral, e no ensino básico em particular.

Nos 2 casos que nos tocaram, é do mais incompreensível que pode haver considerando não só a residência das professoras em causa como as interrupções que provocam no trabalho com as crianças.

Bem sei que os cachopos precisam de criar mecanismos de adaptação às mudanças, mas nesta fase inicial do percurso escolar é de uma atrocidade sem qualificação.

Resta-me fazer figas para que a próxima professora seja tão boa como as duas anteriores (que deixam muitas saudades) e confiar na capacidade da patroa mais velha para enfrentar este último ano do ensino básico com a confiança que tem demonstrado sempre até aqui.

Bolo de claras e maçãs feias


Gosto, particularmente, de receitas que visam aproveitar restinhos de ingredientes.

Tendo 7 claras no frigorífico e umas maçãs feias, mas biológicas e como tal apetecíveis a outras espécies animais,  à espera que lhes desse destino resolvi fazer o bolinho que aqui podem ver.

E estava muito bom (comentário do homem da casa que, por ser tão raro, só posso ter como muito sentido).

Nada se perde, tudo se transforma. 

domingo, 2 de setembro de 2018

As melancias estão pela hora da morte!

Constatei hoje que tentar ter uma conversa pedagógica sobre poupança num hipermercado, e em plena campanha de regresso à escola, não surte grande efeito.
E até percebo. É muito unicórnio e melancia. Muita cor. Muita coisa apelativa.
Tudo o que consegui foi ser acusada, alto e bom som, de estar ali só para estragar a vida às patroas. Tudo por lhes mostrar a diferença de preço entre cadernos que só se diferenciam pela capa. As melancias estão pela hora da morte. E eu não consigo perceber o fenómeno.

sábado, 1 de setembro de 2018

Eu e os estudos

Sou de Direito. De resposta a casos concretos. Aquela que comeca a resposta com a palavra sacramental "depende".
Tenho, por isso, a maior dificuldade em aceitar a fiabilidade de amostras e estatísticas.
A solução que arranjei, quanto aos milhares de estudos mais ou menos estapafúrdios que por aí pululam, foi a de aceitar só aqueles cujas conclusões espelham o meu caso concreto ou me agradam.
Ontem, por exemplo, foi divulgada a conclusão de um estudo que diz que três semanas seguidas de férias são o período mínimo necessário para uma vida mais longa. Não creio. Ou, se calhar, não quero acreditar.

O que é que eu fiz para merecer isto?!

  Já ninguém recebe postais de Natal! Ninguém excepto eu, que ainda não estou refeita da emoção sentida ao abrir  o envelope. Tens razão min...