terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Meninos especiais e Meninos "normais"

 
Na escola das minhas meninas existe uma unidade de autismo. Ou seja, existem meninos com diversos graus de autismo que, com o devido acompanhamento, frequentam as mesmas aulas e actividades que os ditos meninos "normais".

Os professores chamam-lhes meninos especiais e essa designação, para mim ternurenta, já foi interiorizada pelas minhas meninas.

Esta convivência é, em minha opinião, muito saudável para todos e, no caso dos meninos "normais" diria até ser essencial à sua formação cívica. Refiro-me ao autismo mas podia estar a referir-me a outro tipo de diferença, naturalmente.

Acho esta constatação tão óbvia que ainda não consigo deixar de me chocar quando vejo pais muito ofendidos por os seus meninos "normais" terem de partilhar momentos com os meninos especiais como se o problema fosse daqueles e não destes.

Duvido até que a intolerância os impeça de parar para pensar e, sendo crentes ou não, agradecer a enorme felicidade de ter um filho "normal" ou cujos problemas de saúde se resumam a otites e pele atópica.

Por outro lado fico imensamente feliz por ver que a experiência é riquíssima para os meninos "normais" e não é à toa que, no meio de um conflito, conseguem distinguir e quantificar proporcionalmente as "culpas" dos intervenientes consoante sejam "normais" ou especiais.

É necessário saber conviver com a diferença, aceitá-la e, acima de tudo, respeitá-la.

Pessoalmente não tive possibilidade de conviver com meninos especiais o que, admito, me causa alguma dificuldade na reacção a ter quando agora me cruzo com algum.

É difícil lidar com a diferença, sem dúvida mas que isso não seja sinónimo de intolerância e ostracismo. Se não for pela capacidade de nos colocarmos nos sapatos do outro, que seja pelo facto de nunca sabermos quando é que a diferença nos baterá à porta.



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Entrudo

Porque o saber não ocupa lugar, partilho informação disponibilizada no fb do Museu de Aveiro sobre a definição/significado de Entrudo.


"O Entrudo provém da palavra latina «Introitus», que significa entrada, acesso. Refere-se à entrada na Quaresma, que começa no dia a seguir ao do Entrudo, isto é, na Quarta-Feira de Cinzas. Dia de entrudo equivale a «dia de Carnaval».

É tradicionalmente «Tempo de folguedos populares com origem remota pré-cristã. A tradição manteve-se nos tempos cristãos, ligada agora à Quaresma que punha fim aos dias carnavalescos. Há quem faça derivar o nome da expressão latina carne vale! ("...adeus, carne!"), anunciando a entrada na abstinência quaresmal» (Manuel Franco Falcão, "Enciclopédia Católica Popular", Paulinas, Lisboa).


«Era no tempo em que ao carnaval se chamava entrudo, o tempo em que em vez das máscaras brilhavam os limões de cheiro, as caçarolas d'água, os banhos, e várias graças que foram substituídas por outras, não sei se melhores se piores» (Machado de Assis, "Um Dia de Entrudo")".

É sempre bom perceber o porquê das coisas.

Divirtam-se muito neste Entrudo e vivam plenamente a Quaresma que se lhe segue, desprendendo-se do que é inútil para a felicidade em nós e com os outros.

 

Sobre o Crescimento (no Amor)


Cá estamos, as duas já de cabelos brancos, a crescer juntas no Amor, sempre acompanhadas daquilo em que acreditamos e nos fez crescer juntas.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Doutoramento sobre o conceito de (in)justiça

Seria capaz de elaborar uma inovadora tese sobre o conceito de (in )justiça  se me predispusesse a ouvir com atenção as discussões em que as minhas patroas invocam o conceito.
Tenho até a certeza que teria enorme êxito.
Há só um obstáculo a impedir que coloque as mãos na massa. Os guinchos que emitem durante a argumentação, bem como a duração da mesma que ocupa todo o período em que estão acordada, mexem-me com os nervos.

A um passo da NBA

A Leonor foi convocada para o seu primeiro torneio Internacional de basket. A coisa passa-lhe completamente ao lado mas eu fiquei felicíssima. Como diria a sua, sempre racional, tia não se trata de um feito extraordinário nem significa que tenha dado à luz um fenómeno. Estou consciente disso e não tenho sequer a expectativa de que a rapariga se torne profissional. É só um sentimento parecido ao que vivo sempre que dá mais um passo e a enorme alegria de a  ver crescer saudável e feliz. Vai Leonor.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Lentidão de raciocínio

Quem me conhece melhor sabe que a rapidez de raciocínio não é o meu ponto mais forte.
É preciso que expliquem as questões devagarinho para que as perceba. Mímica e leitura de lábios são coisas para esquecer. Acho que nunca as conseguirei entender. Somar dois mais dois, às vezes leva-me anos.
E foram precisos 10 anos, bem medidos, para perceber a importância de abordar temas sensíveis do quotidiano, como o aborto e a eutanásia, perante aqueles que sentem como nós. É que não bastar sentir o que está correcto, é preciso perceber e conhecer os argumentos que sustentam a nossa posição para que a possamos defender junto dos que não a subscrevem. E só se consegue defender  aquilo que se conhece bem.
Foram 10 anos mas mais vale tarde que nunca.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Amanhã é dia de IPO

Estava eu descansadinha da vida, quando recebo um e.mail a informar que amanhã de manhã tenho análises marcadas no IPO.

A velha confusão relacionada com o facto de ter análises pedidas por duas consultas que se realizarão em Março.

A questão é se amanhã poderei fazer também as marcadas para Março. Creio que sim e dava-me imenso jeito evitar mais um buraco nas minhas delicadas veias.

Será a chamada "revisão geral anual da praxe" que, até ver, ainda não me deixou com mais dores que aquelas que já sentia. Ando de todo das minhas cruzes.

Vou dando notícias.

Dever cumprido

Hoje vou deitar-me com a sensação de dever cumprido.
E sabe tão bem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Há -de ser só uma fase

As sapatilhas novas começaram, subitamente, a apertar-lhe os calos e foram postas de lado. Entre as linhas o papá, bem mais perspicaz que eu, concluiu que na sua mente  Chicco é uma marca para bebés.
Hoje chegou com outra novidade. Não quer beber leite meio gordo para não ficar gorda, pois claro.
Bem sei que falta pouco mais de 10 anos para atingir a maioridade e o tempo voa, mas se é assim agora nem quero imaginar na adolescência.
Medo. Muito medo.

Apostasia

Desde que fui ver o "Silêncio" que a apostasia, num sentido latissimo, me ocupa os pensamentos.
O filme, que me pareceu pobre no imediato, está a marcar-me mais do que podia imaginar.
Ficou a pairar no ar a dúvida sobre se o Padre Magalhães teria realmente negado a fé ou simplesmente a calou por achar que assim não só evitaria a morte como poderia ser mais útil. Eu fiz esta segunda leitura e não consigo deixar de fazer o paralelismo entre esta atitude e o muitas vezes se faz no quotidiano para ir gerindo relações, sejam elas de que natureza forem.
No Direito diz-se que quem cala nada diz e eu acredito. Calar nem sempre significa concordar ou baixar os braços. Pode simplesmente ser outro caminho.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Vazia da cabeça

Segundo a Tita, a Leonor é vazia da cabeça. A nossa mais nova não concretizou o que significa para si o novo epíteto mas posso garantir que a Leonor deve é  ter a cabeça cheia de água. Não é fácil ser irmã mais velha, especialmente de uma "pica miolos" que nem quando está na casa de banho lhe dá um segundo de descanso.

Assim dá gosto pagar impostos

O exame estava marcado para as  10h e foi às  10h00 em ponto que a Tita foi chamada. A consulta que se seguiu, começou antes da hora marcada.
Só  mesmo num hospital público. S. Sebastião, em Santa Maria da Feira.
Assim dá gosto pagar impostos.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Estúpida, burra e planos de assassinato

Os diálogos de domingo das patroas resumem-se a troca de galhardetes. "estúpida e burra" são as palavras que mais se ouvem.

Entretanto foi revelada a existência de planos de assassinato devidamente reduzidos a escrito, no caso  da letrada, e mentalmente esquematizados, no caso da analfabeta.

É tão lindo o Amor.

A croissanteria do demo

No sábado à tarde tive direito a 3 horas só para mim. Estive séculos a pensar como gastaria esse tempo, equacionei 1001 hipóteses sendo que esparramar-me no sofá a fazer zapping era aquela que se afigurava mais apetecível.

Sucede que tive de sair de casa e deixei-me tentar pelo demo. Eu sei que tinha prometido à mana do meio esperar por ela para irmos juntas à croissanteria do Oita mas não consegui.

Estava cheia de curiosidade, até porque se fala muito na revitalização que a mítica croissanteria trouxe ao centro comercial Oita (um clássico de Aveiro), que há anos definha(va).

De maneira que lá fui, só para espreitar claro. Ao aproximar-me comecei logo a apreciar o movimento criado pelo entra e sai de pessoas. Uma coisa em que ninguém acreditaria há pouco meses.

Depois fui-me aproximando e foi aí que surgiu o demo que, diga-se em abono da verdade, encontrou um terreno fértil, para não dizer uma "gaja fácil" de tentar.

A fila pareceu-me pequena e acabei por me plantar lá. Só me esqueci de espreitar onde ficava a porta que, contrariamente ao que pensei, não era ao virar da esquina.

Depois de uma hora (metade do que esperei para visitar a Basílica de S. Pedro em Roma - só para se perceber bem a (des)proporção da coisa) lá cheguei à caixa.

Pelo meio, os chicos espertos apanhados a tentar passar a perna a quem esperava e a mãe com um bebé ao colo que passou à frente de todos e só por sorte escapou à fúria de uma das pessoas que estava na fila.

Quando ouvi a senhora da caixa dizer a quem estava à minha frente que já não havia croissants de doce de ovos e ananás, recusei-me a acreditar.

Fiz de conta que não tinha ouvido nada e tentei a sorte (tal como na altura em que estudava para os exames da faculdade e ia aos armários da cozinha vezes sem conta, na esperança de que tivessem nascido lá bolachas).

Pois não havia e tive de me contentar com um croissant de doce de ovos e amêndoa que estava divinal. Havia também os sumos de máquina, vendidos a copo (laranja, ananás e groselha), tal como antigamente, mas não cheguei a provar.

Apesar de me ter sentido completamente parva, ao ter trocado o meu sofá por uma hora à espera numa fila, não me arrependo e, mais ainda, fiquei com vontade de voltar para abocanhar o meu preferido "croissant de doce de ovos com ananás".

O fenómeno desta reabertura merecia ser estudado por sociólogos. Esta a ser uma verdadeira loucura em Aveiro.

Espero, sinceramente, que os seus mentores  tenham unhas para agarrar o negócio. Tem tudo para ser um sucesso, mas dá para perceber que não será pera doce.

Por mim está aprovadíssima a croissanteria Oita do século XXI, com coisas por limar no atendimento, é certo (e refiro-me só ao processo pois as funcionárias com que falei eram simpáticas e muito atenciosas apesar de toda a freima), mas no geral nota positiva. Venha o de doce de ovos e ananás.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O peso excessivo das mochilas e a excessiva dependência de legislação

Hoje discutiu-se no Parlamento uma petição contra o peso excessivo das mochilas escolares. O tema é muito pertinente e há que dar-lhe a devida atenção sem dúvida.
Aqui está quem ficou com as costas feitas num oito à conta de peso a mais na mochila, tanto quanto a estupidez de insistir usar, para transportar os livros, um saco de desporto carregado ao ombro só por achar que aquilo dava um ar cool.
Daí até concordar que se legisle nos termos propostos na petição  (ver excerto abaixo) já são outros quinhentos.
Custa-me pensar que se tenha de legislar sobre algo que devia resultar do bom senso de todos e que todos sejamos vistos como trogloditas que só sabem viver em sociedade sob ameaça do chicote.
As escolas devem ter condições para que os meninos possam guardar o material, os meninos devem ser esclarecidos sobre o mal que lhes faz andar com a casa às costas e ter noção do que necessitam, ou não, de levar em cada dia. Por sua vez, os pais devem ter o cuidado de ir supervisionando as mochilas e serem chatos ao obrigar os meninos as esvazia-las de coisas supérfluas. Posso garantir que se encontram coisas inacreditáveis nas mochilas dos meninos. Já cheguei até a pensar colocar uma câmara de vigilância à porta de casa.

É um problema, mas nem todos os problemas se resolvem com leis. Digo eu na minha inocência.




Aqui está parte da petição que, gostava de frisar, considero muito válida quanto a mim no que diz respeito à chamada de atenção para o problema:

"
1 - Uma legislação, com carácter definitivo, que veicule que o peso das mochilas escolares não deve ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como sugerido por associações europeias e americanas.

2 - A obrigatoriedade de as escolas pesarem as mochilas das crianças semanalmente, de forma a avaliarem se os pais estão conscientes desta problemática e se fazem a sua parte no sentido de minimizar o peso que os filhos carregam.
Para tal, cada sala de aula deverá contemplar uma balança digital, algo que já é comum em muitas escolas, devendo ser vistoriada anualmente".



Posso estar totalmente errada, admito até porque como disse o Professor Júlio Gomes

"(…) se todos fôssemos anjos ou santos, a lei não seria provavelmente necessária…" 

O maestro Silva nem lê jornais

O maestro Silva diz que só  teve conhecimento das agressões ocorridas na noite do Porto quando leu a acusação, o que até  dou de barato. Possivelmente não lê jornais nem vê  TV.
Curiosa estou é por saber quem foi plantar uma minuta de contrato no escritório da empresa.
De repente deu-me uma vontade enorme de voltar aos tempos de estágio e sentar-me na sala de audiencias para assistir aquele julgamento que deve ser algo do além.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Discriminação do Macaco



Leio ESTA notícia do CM e vem-me à mente a palavra discriminação.

O que é que o Ronaldo tem a mais que o Macaco Madureira para que o seu gesto de atirar o microfone ao lago não seja merecedor de reacção tão veemente por parte do lesado?

Será por ser pobre? Coff, coff, coff.

Perdoem-me a ironia e até estupidez deste post mas, neste momento, não sei se me parece pior o gesto do, alegado, criminoso (presunção de inocência até ao fim) ou o tom e termos utilizados no texto do CM que, enquanto meio de comunicação social deveria ser um pouco mais polido.

Em todo o caso, obviamente que está em causa um desrespeito total pelas regras de vida em sociedade e os responsáveis da gracinha devem ser punidos.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Asfixiado pelo carinho

Diz o Pinto da Costa que nunca precisou de guarda-costas e se algum dia andou acompanhado foi para evitar ser esmagado pelo carinho dos adeptos. Tem alma de poeta, é o que é

Eutanásia, uma boa morte?


Eutanásia, uma boa morte?

 
"No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma
coisa tem um preço, pode pôr-se, em vez dela, qualquer outra coisa como
equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto
não permite equivalente, então ela tem dignidade" (Kant, 1991: 77)
 
 
Indo à origem da palavra, a eutanásia, do grego eu (bom) e thanatos (morte), significa “boa morte”. Há quem leve a palavra tão à letra que compare a eutanásia com uma morte digna.
Isto leva-me desde logo a questionar o que se deve entender por dignidade. Existirão vidas e mortes indignas?
A temática é tão sensível quanto complexa, estando longe de ser uma discussão entre crentes e não crentes.
Não podemos esquecer a vertente médica, jurídica, filosófica e moral. Muito menos poderemos pensar tratar-se que se trata de um conceito moderno. Consta que, na Índia antiga, por exemplo, os doentes incuráveis eram atirados ao Ganges.
No entanto, não deixa de ser um sinal o facto de essas práticas terem vindo a desaparecer e serem poucos os países que legalizaram a eutanásia. Na Europa, se não estou em erro, só a Holanda e a Bélgica.
A 1.ª conclusão que retiro daqui é que deixar de legalizar a eutanásia não é sinónimo de atraso social.
Importa, antes de mais, discutir a questão de forma esclarecida e na posse de informação credível sobre os vários conceitos envolvidos.
Não gosto de fundamentalismos nem argumentos de choque mas, em bom rigor e face ao actual enquadramento jurídico português, a eutanásia configura o crime de homicídio a pedido da vítima, definido no art.º 134 do Código Penal, pressupondo um “pedido sério, instante e expresso” nesse sentido.
A nossa lei fundamental prevê o direito à vida, determinando que este é inviolável e apenas legitimando que se atente contra este em caso de legítima defesa ou estado de necessidade.
Assim sendo, parece que legalizar a eutanásia implicaria que, previamente, fosse alterada a Constituição.
Mas até neste ponto, aparentemente lógico, existem divergências e os constitucionalistas não se entendem havendo argumentos num e noutro sentido.
Juridicamente a minha dúvida é se direito à vida significa ter direito sobre a vida. E , sendo este um direito inalienável e irrenunciável, em que circunstâncias pode o seu titular pedir a outrem que termine com ele.
Dizendo que outra forma, que tipo de sofrimento justifica pedir a eutanásia como solução.
Ninguém quer sofrer ou, pelo menos as mentes sãs, que o outro sofra.
De que sofrimento falamos? Fisíco? Moral? E como mensurá-lo? Quem é que decide se o sofrimento é, ou não, intolerável?
Reproduzindo um exemplo ouvido há dias, “haverá maior sofrimento maior do que o de uma mãe que perde dois filhos?”. E este sofrimento, justifica pedir a eutanásia?
Se falamos de situações de sofrimento físico em que o processo de morte já está, de algum modo em curso, existem soluções. Um médico, com os conhecimentos necessários, saberá suspender tratamentos desnecessários e deixar a morte chegar naturalmente e sem sofrimento. Falo da ortotanásia.
Não está em causa a defesa do prolongamento artificial da vida impondo um sofrimento desumano mas sim saber o que pode e deve ser feito perante esse sofrimento.
E neste ponto surge-me outra questão. Como é o estado dos cuidados paliativos em Portugal? Antes ainda, quem sabe o que são cuidados paliativos?
Para mim, como estou em crer para 99,9% dos portugueses e até há poucos dias, os cuidados paliativos destinavam-se aos últimos dias de vida, tipo “antecâmara da morte” em que só se ministra morfina para aliviar a dor.
Contudo, e se virmos a definição de cuidados paliativos da OMS, os cuidados paliativos são “cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, nomeadamente a dor, mas também dos psicológicos, sociais e espirituais”.
Reparem num pormenor que faz a diferença, “identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos”. Longe da minha ideia de recurso nos últimos dias de vida, para alívio de dores físicas.
Temos bons cuidados paliativos em Portugal? Acredito que sim. Suficientes? Tenho a certeza que não. Duvido muito até que existam técnicos de saúde formados em número suficiente para que houvesse uma rede a cobrir o país de forma uniforme, caso fosse essa fosse uma opção política.
E isto é verdadeiramente preocupante pois, mesmo que se invista nas infra-estruturas, a formação de recursos humanos leva sempre mais tempo. Tempo que muitos não têm para viver com a tal dignidade.
Defenda-se, ou não a eutanásia, numa coisa o entendimento será unânime, TODOS temos direito a viver com dignidade.
Vamos centrar os nossos esforços para que esse direito seja assegurado.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Há lá mãe mais romântica que a minha

- Está? É  só para saber se comes favas.
- Como duas ou três. Gosto é do molho e do ovo escalfado.
- E do chouriço.
- Já sabes que sim 😊
- Ou preferes ervilhas?
- É indiferente, eu gosto é do molho.
- Pronto, já percebi. Tu queres é o chouriço e hoje é dia de chouriço.

Nota - as interpretações são da responsabilidade de cada intérprete

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Memórias que o Dia Mundial da rádio me traz

A notícia de que se assinala hoje o Dia Mundial da Rádio teve o condão de me transportar no tempo. Lembrei-me das muitas manhãs em que o meu pai irrompeu pelo meu quarto dentroa a cantar "é o despertar da Rádio Renascença"; dos pequenos almoços tomados a ouvir a Olga Cardoso e o António Sala; das viagens feitas ao som dos relatos da bola e da Bola Branca, que ainda hoje gosto tanto de ouvir; das noites passadas a ouvir o Oceano Pacífico e a Rádio Placard como inspiração dos poemas; das idas para a faculdade e as enormes filas de trânsito na VCI. Muitas e boas memórias me traz a telefonia, como lhe chamava o avô Emílio, que continua a ser uma grande companhia, sem dúvida.

A mais de 2000 kms de distância, 4 dias são o meu limite

Vamos lá ser directas. Estava a precisar de uns dias sem as minhas crias, como de pão para a boca. As cachopas são tão absorventes que nem me deixam ouvir os meus próprios pensamentos, muito menos os do papá e meu marido.

Estes dias, 4 no total, em que nos pudemos ouvir um ao outro e disfrutar de silêncio sempre que nos apeteceu, sem preocupações com relógios e a preparação de refeições, souberam-me pela vida.

Mas foram na medida certa. Mais um e acho que todos sucumbiríamos às saudades, a avaliar pelo nível de ansiedade que senti no dia do regresso e as demonstrações de alegria das pequenas quando nos viram.

Claro que agora que já matámos as saudades, não me importaria de voltar para ver tudo aquilo que não tive tempo de ver, mas como essa é uma ideia completamente fora de questão vou tentar esquecê-la.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

E o que uma visita à livraria do Vaticano nos revela sobre a Igreja actual?

Antes de mais, deixem que vos diga que a livraria do Vaticano não fica muito à frente da livraria Santa Joana, aqui em Aveiro. Aliás, não fica nada à frente.

Mas isso é secundário, face ao que nos revelou sobre a Igreja actual e que se traduz numa cada vez maior abertura ao mundo e no assumir dos erros cometidos (que atire a primeira pedra a pessoa ou instituição que nunca os cometeu).

E vimos isso num simples livro que estava à venda, no qual o autor revelava os abusos sofridos em criança, cometidos por alguém do clero, livro esse que tinha um comentário do próprio Papa Francisco.

Pode parecer coisa pouca, mas não creio que seja. Gostei.

Roma em imagens

Porque as imagens valem, por vezes, muito mais que as palavras, partilho algumas das fotos que fui tirando nestes dias passados em Roma.






 
 
 
 
(Fonte de Trevi)
 
 
Em cada esquina um apontamento de ternura
 
 
Em cada recanto o omnipresente Pinóquio
 
 
(mais apontamentos de ternura)
 
 
(tapeçaria - Museu do Vaticano)
 
 
(Museu do Vaticano
 
 
Papamóvel)
 
 
(Museu do Vaticano)
 
 
 
 
 
(Basílica de S. Pedro)
 
 
 
(Praça de S. Pedro)
 
 
(memórias de uma história mais recente)
 
 
(mercado)
 
 
(capela de Portugal na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - umas das que não vem no mapa turístico mas devia ser de visita obrigatória)
 
 
 
 
 
(Vista do Castelo de S. Ângelo)
 
 
 
 
 

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Terceiro dia em Roma

O terceiro dia em Roma foi dedicado a visitar o coliseu, o castelo de S. Ângelo  (onde, numa das janelas, Puccini, "atirou" a Tosca), o altar da Pátria e a Boca da Verdade.
Pelo meio, íamos entrando em 1001 igrejas, cada uma mais bonita que a outra. Não há rua que não  a (s) tenha.
Neste passeio não sei bem o que mais me tem tocado, se a grandiosidade daquilo que hoje é para nós parte de um roteiro turístico e que merece muitas selfies, se a interiorização dos momentos que ali se viveram e aquilo que os originou. Inclino-me para a segunda hipótese.
Hoje é dia de voltar à  base e amassar as minhas crias com beijos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Segundo dia em Roma

O segundo dia em Roma foi dedicado a visitar o museu do Vaticano e a Basílica de S. Pedro. Se me pedissem para descrever a experiência numa palavra, diria que é brutal.
É só um passeio pela história da humanidade. Gostei muito de tudo mas se tivesse de eleger um local, não tinha hesitava. A Basílica de S. Pedro vale cada minuto (e foram alguns) de espera e gotas de chuva pela cabeça abaixo.
Sobre a cidade em si, duas notas. Em cada rua há milhentos policias armados até aos dentes o que, inicialmente, impressiona mas acaba por transmitir segurança. Os romanos não têm uma relação próxima com cinzeiros e papeleiras.
Hoje será dia de ir ao coliseu e caminhar mais uns kms.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Primeiro dia em Roma

O plano para o primeiro dia em Roma (na verdade uma tarde) era simples  e foi integralmente cumprido. Comer pizza e gelado. Visitar o Panteão e a Fonte de Trevi. E nao ficamos desapontados.
A cidade está repleta de história. Há monumentos a cada esquina
 São tantos que os mapas turísticos se dão ao luxo de ignorar alguns o que é uma chatice quanto mais não seja pois dariam excelentes pontos de referência para quem tenta orientar-se. Nota-se que o Marquês de Pombal não passou por cá e o ordenamento não é propriamente rectilíneo.
Os romanos são precisamente como o Asterix os descreveu "loucos", no que diz respeito à condução e desconhecem o motivo pelo qual alguém decidiu pintar listas brancas na estrada.
O que nos impressionou mais foi o número de sem abrigo. São mesmo muitos. Um flagelo que se vai repetindo por todo o lado.
Hoje será dia de visitar o Vaticano.
Depois dou notícias. Fui.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Olá Roma

E chegou, finalmente, o dia de usufruir da prenda que o Pai Natal gentilmente me ofereceu. É hora de começar a calcorrear as ruas de Roma. Iupiiiii!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Desperdício Alimentar

O desperdício alimentar é uma das coisas que mais me chateia. Tento reduzi-lo ao máximo mas tenho de admitir que, fruto da minha desorganização, às vezes acabo por me esquecer de restos de comida guardados com a melhor das intenções e que acabam por se estragar.

Feita esta Mea Culpa, é tempo de aplaudir todos aqueles que se empenham em projectos de combate ao desperdício alimentar.

E é sobre um deles, o da Cooperativa Fruta Feia cujo site vos convido a visitar e só lamento não esteja a ser implementado mais perto de mim, que hoje vos falo não só por me rever na causa como por ter o condão de me transportar de volta à adolescência e fazer recordar o sabor maravilhoso das nêsperas feias e encarquilhadas que comia quando ia tomar banho ao tanque da tia Alexandrina, lá no Alentejo.

Uma maravilha incomparável com qualquer outra.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Socorro, dei à luz uma hipocondriaca!

Depois de começar o dia a esgadanhar a cara da irmã  (3 arranhões em menos de 24 horas), ter roubado uma tira de entremeada do prato do avô e ter feito 1001 outras tropelias, eis que a doce Tita mete na cabeça que está  cheia de febre e faz um escândalo porque não lhe ponho um termometro.
Acho que dei à luz uma hipocondriaca.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

As leituras da Leonor

A Leonor sai aos paizinhos no que diz respeito ao gosto pela leitura e, aos 7 anos,  aventurou-se a pegar num livro com mais de duzentas páginas das quais já leu metade.
Com a ajuda do marcador de livros, que coloca abaixo de cada linha, aproveita cada segundo para ler.
O Diário de um Banana não é o estilo que eu mais aprecio mas o que me interessa, neste momento, é que ganhe gosto pela leitura, algo imprescindível a meu ver para que aumente o vocabulário e aprenda a escrever sem erros.
Claro que me obriga a estar constantemente a explicar-lhe o significado das palavras, mas faz parte do processo e, a brincar a brincar, já sabe o que é ter voz de soprano.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Quando o Master Chef Brasil abala as nossas convicções

Sou, desde sempre, uma feroz opositora do acordo ortográfico e até ontem à noite punha as minhas mãos no fogo em como nunca me desviaria um milímetro da minha posição.
E digo até ontem à noite porque,  num dos momentos da minha vida que só se deverá repetir daqui a uma década, ao fazer zapping me detive a ver o Master Chef e lá estava algo que nunca julguei necessário. A produção do programa entendeu por bem legendar as palavras ditas por um concorrente português.
Querem ver que isto se resolvia com a resignação  e aceitação do acordo e tenho andado a ver isto numa perspectiva errada, foi a dúvida que me assolou mas rapidamente se esfumou.
A coisa resolvia-se com a transmissão de duas ou três novelas lusas, digo eu.

O que me ocorre dizer no Dia Mundial da Luta contra o Cancro

O cancro é igual a uma praga, não restam dúvidas, com a qual temos de aprender a viver. E é disto que se trata. Viver e dar-lhe luta pois sairemos sempre vitoriosos ainda que o desfecho não venha a ser o que desejariamos. O cancro não é, de todo, uma sentença de morte. É uma prova que nos coloca a vida, em cujas regras não consta a possibilidade de desistir e os afectos valem ouro.

Muita vida a todos!

Não é justo!

Na 5 feira à noite, a Leonor informou-me que "se calhar" não teria aulas no dia seguinte. E começou logo a fazer planos para as mini férias. "Se não tiver escola, não tenho trabalhos de casa e vão ser 3 dias de férias".
Na manhã do dia D, parecia ter os olhos colados. Dizia-lhe que tinha de se levantar e respondia-me "sabes que posso não ter escola, hoje", obrigando- me a explicar-lhe que em todo o caso teria de cumprir a rotina normal até se saber se se confirmariam os seus anseios.
Tantos sonhos e planos fez a minha menina para, no final, receber um balde de água fria.
Não é justo!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O Presidente dos afectos

Acho imensa graça à forma como os afectos demonstrados pelo nosso Presidente da República estão a ser interpretados, e não só pelos cidadãos, como uma espécie de revelação de um "Salvador da Pátria".

Qualquer que seja o problema, cidadãos e até representantes institucionais (ainda esta semana vi um Presidente de Câmara fazê-lo) dizem que vão apelar ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa.

Muitos dirão que é show off, que poderia dirigir-se aos sem abrigo e dar sopa aos doentes sem ter câmaras a filmar, e não passa tudo de uma encenação.

Quanto aos reais intuitos, não posso pronunciar-me. Quero acreditar que são só uma manifestação da sua genuína maneira de ser.

Mas apesar de puderem ser só estratégias de charme, a verdade é que se percebe pelas reacções que as pessoas precisam desta aproximação e sentir/acreditar que os responsáveis políticos não só são de carne e osso como conhecem, efectivamente, aquilo que se passa no mundo real.

Para além disso, há muito quem precise de visualizar para ter uma noção, ainda que tímida,  de que há pessoas que vivem na rua e que, apesar dos apoios que possam estar disponíveis, não será fácil tirar de lá pois os problemas vão além da pobreza, e muitas vezes são de saúde mental. Só para dar um exemplo.

Para mim, tudo isto é positivo.

Claro que falta saber como será o desempenho quando estiverem em causa fricções políticas que exijam outro tipo de intervenção mas nada invalida que goste desta face daquele a quem alguém já chamou "o presidente dos afectos".


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Parabéns avô e obrigada por me mostrares que a vida é eterna

 
Farias hoje anos e aposto que haveria um bolinho ao almoço.
Teremos de celebrar a data distanciados, mas só fisicamente.
Cada vez te sinto mais vivo no meu coração.
Obrigada por me mostrares que a vida é eterna.
Parabéns.
 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ética e legalidade

Curiosamente, ou talvez não, depois de ter terminado o dia de ontem a escrever este POST em que concluía que a ética não devia ter de ser legislada, comecei o de hoje com um telefonema em que me questionavam se determinada solução "não sendo ética, era legal" (e reproduzo as palavras de quem me interpelou).

Ele há coisas ....

O que é que eu fiz para merecer isto?!

  Já ninguém recebe postais de Natal! Ninguém excepto eu, que ainda não estou refeita da emoção sentida ao abrir  o envelope. Tens razão min...