terça-feira, 10 de setembro de 2013

Guerreiros de Mr. Hodgkin


Quando soube que teria de fazer quimioterapia, recorri à net em busca de dicas que ajudassem a minimizar os efeitos secundários sobre os quais tanto ouvia falar.

Nessa altura descobri imensos blogues com testemunhos de quem tinha passado por tratamentos. Esses blogues eram, na grande maioria, de mulheres com cancro de mama e deram-me uma força extraordinária.

Só passado um tempo conheci a Gigi, minha grande referência nesta luta e única que tinha o mesmo tipo de doença do que eu.

Como nunca tinha ouvido falar do Dr. Thomas Hodgkin, que descreveu a doença em 1832 e a quem eu darei uma beijoca quando o encontrar lá do outro lado, pensava ser uma ave rara.

Com o tempo fui percebendo que não é assim e todos os dias vou sabendo de novos casos. Saber que somos muitos é bom. Obviamente que não é bom saber que há muitas pessoas doentes, mas dá-nos uma dose extra de coragem ver que somos muitos a conseguir superar a doença.

Isto porque, entre outras coisas, ajuda a dar resposta a uma questão que os pacientes fazem com frequência "porquê eu?". Eu diria "porque sim", pois já deu para perceber que o cancro não é muito selectivo e tanto ataca quem tem os famosos "comportamentos de risco" como que vivem de forma mais saudável.

Costumo dizer que "porque sim" não é resposta mas, neste caso concreto, acaba por ser. Fui eu, como podia ser uma das minhas irmãs ou uma vizinha. Não é nenhum "castigo divino". A resposta não será satisfatória mas é a que temos.

Entretanto fui encontrando alguns grupos no facebook, mas também direccionados para o cancro de mama ou outros.

Para além da página da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas, não encontrava mais nada, em Portugal, direccionado especificamente para o Linfoma de Hodgkin.

Foi por isso que, num dos meus repentes, criei no facebook a página Guerreiros de Mr. Hodgkin.

Vendo bem, o nome foi muito mal escolhido pois trata-se de um grupo de guerreiros que combate o linfoma de Hodgkin e não por ele, mas isso agora não interessa nada.

O que importa é que o grupo vai crescendo enquanto forma de partilha de experiências e incentivo para quem se depara com um diagnóstico tão difícil de digerir.

Ali respira-se vida e é tão bom respirá-la.

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