quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Há lágrimas necessárias

Nenhum pai ou mãe, digno de assim ser chamado, tem maior ambição na vida do que ver os seus filhos felizes.
E essa ambição é tão grande quanto a tentação de nos substituirmos a eles, nas dores e frustrações. Acontece que as dores e frustrações são inerentes à vida em sociedade e achar que dar o corpo às balas para as sofrer em vez dos filhos é, para além de uma grande utopia, meio caminho andado para que cresçam sem resistência às contrariedades.
A saúde, amizades, vitórias, amores (...) não se compram. A incapacidade de o perceber, especialmente quando visíveis em atitudes dos pais é algo assustador.
Ver uma mãe entrar em campo, a contestar a decisão de um treinador, tirar a camisola ao filho e atirá-la violentamente em direcção ao alvo da sua fúria, porque viu o seu filho chorar na sequência de um castigo surgido após uma série de condutas antidesportivas do garoto é revelador deste equívoco. E é particularmente crítico quando o miúdo integra uma equipa e, como tal, é ensinado pelos treinadores a respeitar os outros e superar o individualismo exacerbado. Perante sinais tão distintos como fica esta cabecinha?
Com ou sem razão de ser, nenhum pai fica feliz por ver as lágrimas de um filho mas, por vezes, essas lágrimas são só sinal de crescimento. Acredito e esforçar-me-ei sempre por não impedir que elas rolem pelas faces das minhas crias.
Se nós, adultos, não damos o exemplo bem podemos temer pela felicidade dos nossos filhos. Não há vidas perfeitas e a eterna insatisfação do ser humano resvala facilmente para a constante frustração. E isso ninguém quer, imagino eu.

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