segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Oportunidade de sobreviver ao cancro

Há dias recebi um comentário anónimo de alguém que falava na "oportunidade de sobreviver ao cancro".

Esta expressão, sobre a qual já tanto pensei, deixou-me novamente a meditar.

Desde logo pela carga negra que associamos logo ao cancro. Falamos em sobrevivência, desde logo porque há probabilidade de que seja outro o desfecho.

Depois porque não é fácil (pelo menos para mim, não é) perceber porque é que alguns têm essa tal oportunidade de sobreviver ao cancro e outros não.

A resposta será, porventura, tão complexa como a de outras perguntas que pairam na cabeça de muitos dos que se viram confrontados com a doença "porquê eu?" e "para quê?".

Pois bem, não sei as respostas e  tenho até momentos em que quase desisto de as encontrar.

Só sei que a vida continua para aqueles (cada vez mais) que têm a tal oportunidade de lhe sobreviver.

Continua com medos e angústias é certo, mas quem não os tem.

A vida continua e temos (nós os sobreviventes) a responsabilidade acrescida de a viver da melhor forma, para nós e para os outros que em nós procuram algum alento.

Durante algum tempo tive uma postura (que agora vejo ter sido arrogante) de achar que não havia problemas para além do cancro.

Felizmente, passei essa fase. Há muitos outros problemas, igualmente sérios.

Procuro não perder tempo com parvoíces, porque não tenho muito tempo a perder. Mas finalmente começo a achar piada à parvoíce de me chatear com aquilo que não vale a pena.

É sinal que estou cá e que, apesar dos pesares, o gajo não me impede de ter a vida mais normal, e banal, do mundo.







2 comentários:

  1. Porque é que há pessoas que são atropeladas e outras não? Porque é que há pessoas dotadas de bons sentimentos e outras são mãs como as cobras? Porque é que...

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  2. "Durante algum tempo tive uma postura (que agora vejo ter sido arrogante) de achar que não havia problemas para além do cancro.

    Felizmente, passei essa fase. Há muitos outros problemas, igualmente sérios."

    Também demorei a chegar lá... Tanto para mim como para os outros, a quem não permiti um queixume sobre algo que eu não achasse que valia a pena, de acordo com os meus padrões de sofrimento, claro...

    Um grande beijinho, Susana

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