Num momento em que tenho a cabeça vazia de ideias nada melhor do que escrever sobre algo que me enche as medidas - Alheiras.
Aqui fica a sua história (ou pelo menos a que é relatada na revista de um dos mais afamados hipermercados portugueses - só para verem como, até nas leituras, me falta a erudição).
No sécul XVI, D. João III (o Piedoso ou o Pio) permitiu a introdução do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) em Portugal, o que obrigou à fuga de muitos judeus.
Aqueles que ficaram tiveram de se converter ao cristianismo (cristãos-novos) e de se adaptar aos hábitos dos cristãos, nomeadamente aos alimentares.
Reza a história que as alheiras surgirão como forma de enganar a Inquisição. Como, por motivos religiosos, os judeus não comem carne de porco eram facilmente identificados pelos inquisidores já que seriam os únicos habitantes da região (no caso Trás-os-Montes) que não defumavam enchidos à base daquela carne.
Assim, e como forma de darem a entender que eram cristãos assumidos e bem integrados (enganando a Inquisição) os cristãos- novos inventaram um enchido em que a carne de porco era discretamente substituida por carnes de vitela, pato, peru, coelho, galinha e perdis, misturadas com massa de pão para dar consistência.
A introdução da carne de porco nas alheiras aconteceu mais tarde, pela mãos dos verdadeiros cristãos.
Et voilá. Imagino que existam outras explicações quanto à origem das alheiras mas não deverão andar longe desta.
E é engraçado (não me canso de o dizer) como muitas das iguarias que hoje tanto apreciamos surgiram da necessidade de resolver problemas relacionados com a necessidade de sobreviver à carestia e à falta (no caso) de tolerância.
Afinal está tudo ligado (e aqui já sou eu a divagar com os meus botões).
sábado, 22 de fevereiro de 2014
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