quinta-feira, 13 de março de 2014

Pensamentos em Lisboa

Sempre me assustou a ideia de viver num sítio onde as pessoas se cruzam apressadas, sem tempo para parar e se conhecerem umas às outras.

Esse é um dos motios pelos quais não troco a pacatez de Aveiro por nada.

Mas gosto muito de voltar a Lisboa e ver aquela luminosidade especial que emana do Tejo.

Volto  sempre  a  casa com a vontade de regressar, com tempo para explorar a cidade devidamente. Coisa que, infelizmente, ainda não se proporcionou.

Ontem gostei particularmente de lá ir, especialmente porque se esbateu um pouco a tal ideia de impessoalidade que tenho sobre as grandes cidades.

Em coisa de 10 minutos, houve duas pessoas que meteram conversa comigo e com a colega que me acompanhava.

Uma para me perguntar se eu tinha crianças pequenas e me oferecer um tabuleiro oferecido por uma cadeia de fast food.

 O senhor foi de uma enorme simpatia e, sem saber, salvou-me de uma grande batalha campal cá em casa pois o bendito tabuleiro juntou-se àquele que eu já tinha nas mãos e hesitava trazer para não criar ciúmes entre as duas irmãs.

Assim, lá fui eu para uma reunião, cheia de notáveis, com dois tabuleiros dos  Simpsons debaixo do braço.

Culpa também da minha colega que insistiu para que os trouxesse porque as meninas iriam gostar (a minha ideia era fazer o que o senhor fez comigo e oferecê-los a alguém).

A 2.ª pessoa que nos abordou fê-lo porque ouviu a nossa conversa sobre os custos da saúde e como trabalhou vários anos na indústria farmacêutica não conseguiu ficar indiferente.

Confesso que a conversa me perturbou, não pela abordagem (que o senhor era extremamente afável), mas pela minha qualidade de utente de um IPO.

Conceitos como o de "investir no doente" causam-me muita confusão, apesar de eu ter sido uma daquelas em quem se decidiu investir.

Não é fácil aceitar (embora em teoria até se consiga perceber) que existam opções médicas que estão muito condicionadas por questões de ordem económica.

Isto para não falar nos lobbies que sabemos existir, mas que eu prefiro nem explorar muito por se tratar de um assunto que me dá mais comichão do que um linfoma de Hodgkin (e acreditem que é difícil tal poder acontecer).

Independentemente do assunto, gostei de conversar com aquele desconhecido e ficar com a ideia sobre a impessoalidade existente nas grandes cidades um bocado esbatida.

2 comentários:

  1. Mas também é muito bom passar despercebida e sem os olhares e as conversas do " diz que disse ".
    Neste momento não sei mesmo porque optar.

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    1. É verdade que todas as moedas têm dois lados. Apesar do "diz que disse", e até ver, continuo a gostar deste muindo mais pequeno e aconchegante

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