quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A presunção de inocência é uma quimera

Devo confessar que fui uma das pessoas que sorriu ao saber da detenção do Sócrates.

E também me tenho rido com as 1001 piadas que vão fazendo no facebook (há malta muito criativa).

Nunca simpatizei com o nosso ex-PM e metem-me confusão todas aquelas histórias que, ao longo do seu percurso político, têm ficado por esclarecer.

Apesar disso, tento manter presente na minha mente um dos princípios mais basilares que aprendi na faculdade o de presunção da inocência até sentença transitada em julgado e rejeito veementemente "julgamentos na praça pública".

O meu sorriso foi pois de satisfação por ver a justiça investigar uma situação a fundo e não de vingança que é sentimento que dispenso.

Existem locais próprios para aferir responsabilidades e acho que a justiça portuguesa começa a dar provas de estar cada vez mais atenta e actuante.

Mas é obviamente difícil acreditar nos princípios. Acho que faz parte da condição humana acreditar naquilo em que se quer acreditar, em função dos afectos ou tendências, sejam eles clubísticos, religiosos ou políticos. E isso tem sido bem notório neste caso.

Esta história dava um excelente estudo de caso sociológico.

Contrariamente ao que já ouvi dizer, este tipo de situações não faz com que me envergonhe de ser portuguesa. Não me consta que o Sarkozy ou o Berlusconi (só para citar 2 exemplos) tenham sangue luso.

A ânsia pelo dinheiro e pelo poder que ele traz (aqui me referindo aos casos em que já se verificaram condenações transitadas em julgado) será também outro sinal de humanidade (ou perda dela).

E não deixa de ser sintomático disto tudo a frontalidade com que o nosso ex - PR afirmou que conseguiu entrar na prisão para visitar Sócrates porque o director da prisão é muito boa pessoa e abriu uma excepção.

Assim de repente parece-me é que assistimos a excepções em demasia, excepções essas que nada têm nada de democráticas.

Não me interessa nada saber o que Sócrates comeu na prisão, nem como está decorada a cela.

Mas estou ansiosa por saber o desfecho deste caso e que, acima de tudo, ganhe a justiça.

Se o mundo tiver de falar de nós que seja pelas coisas boas que temos e fazemos.



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