quinta-feira, 12 de março de 2015

Setenta vezes sete

A minha avó é uma católica fervorosa.

Um dia, via zangada com alguém e armei-me em esperta, lembrando-a que sendo católica devia dar a outra face.

A resposta não se fez esperar e foi assertiva. "Dar a outra face não significa ser saco de pancada".

Ensinou-me a minha avó que todos temos o direito de nos defendermos, temos é também o dever de não provocar conflitos ou criar condições para que eles se instalem.

Nem de propósito, acabei de ler "A louca do Candal" do Camilo Castelo Branco que retratava de algum modo esta questão.

Naqueles tempos (como nos de hoje, ainda que noutros moldes) bater em alguém era uma forma de provocar a pessoa para que esta ripostasse. "Dar a outra face" é, pois, não responder na mesma moeda. Evitar guerras, no fundo.

E posto isto, "Quantas vezes devemos perdoar"?  Sete vezes, como respondeu Pedro? ou "Setenta vezes sete"?

E o que é amar, senão perdoar?

Apego-me aos ensinamentos da minha avó. A pessoa mais sábia que conheço.

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