quarta-feira, 11 de novembro de 2015

S. Martinho rima com carinho


Tenho um carinho particular pelo dia de S. Martinho, desde logo pelo  nascimento da minha irmã mais nova e depois porque me causa uma sensação de aconchego, que atribuo à lenda que lhe deu origem (das mais bonitas que conheço), e apela à partilha, em redor da fogueira ou de uma mesa a comê-las, quentes e boas.

Há uns anos atrás por esta hora estaria, com os amiguinhos do colégio, na Santa Rita a assar castanhas. Hoje cumpri a tradição à hora do almoço. As castanhas assadas no forno não têm o mesmo sabor, mas também já não tenho 8 anos. Tudo tem a sua hora.

Para quem não conhece a lenda, aqui fica a partilha (texto de autor desconhecido).


A Lenda de S. Martinho

Em Portugal, o Outono e a chegada definitiva do tempo frio são comemorados no dia 11 de Novembro, dia de São Martinho. Neste dia, um pouco por todo o país, comem-se sardinhas, assam-se castanhas, bebe-se vinho novo e água-pé e, em alguns pontos do país, ainda há quem reúna familiares e amigos à volta de uma fogueira ao ar livre. Mas poucos são aqueles que sabem qual o real significado do Dia de São Martinho, ou mesmo o que é o água-pé.

São Martinho, também conhecido por S. Martinho de Tours, cidade onde foi bispo, nasceu em Panónia, na Hungria, em 316 ou 317. Filho de um oficial romano, que lhe deu uma educação Cristã, fez estudos humanísticos em Pavia. Aos 15 anos, Martinho foi para Itália e alistou-se no exército Romano tornando-se num corajoso general, rico e poderoso.

O nome de Martinho foi-lhe dado em homenagem a Marte, o Deus da Guerra e o protector dos soldados. Um dia, de regresso a casa, São Martinho cavalgava debaixo de forte tormenta. A chuva e o granizo caíam furiosamente, o vento uivava e o frio parecia esmagar os ossos. Quando atravessava as montanhas dos Alpes, Martinho encontrou um mendigo esfomeado, mal agasalhado e gelado que lhe pedia esmola.

O general ao ver o mendigo comoveu-se e como não tinha esmola para lhe dar, retirou o seu manto vermelho, espesso e quente que o protegia do frio e da chuva dando-lhe um golpe de espada e dividiu em duas estendendo uma das partes ao mendigo e agasalhou-se o melhor que pôde para continuar o seu caminho.

Apesar de mal agasalhado e a chover torrencialmente, Martinho continuou o seu caminho de regresso a casa, cheio de felicidade.

Devido ao gesto de solidariedade, Deus presenteou este gesto fazendo desaparecer a tempestade. Imediatamente o céu ficou azul e surgiu um sol de verão, cheio de luz e calor. O bom tempo continuou durante os três dias, tempo que levou o general a chegar à sua terra Natal, França. E assim todos os anos em Novembro somos presenteados com três magníficos dias de sol para que a memória dos homens não se esqueça do gesto que salvou a vida ao mendigo.

São Martinho abandonou o serviço militar aos 40 anos e ingressou na vida religiosa, tendo ido ao encontro de Santo Hilário, bispo de Poitiers que lhe conferiu ordens sacras e lhe deu a oportunidade de entrar na vida religiosa. A sua intensa actividade pastoral valeu-lhe a alcunha de Apóstolo das Gálias e quando se tornou bispo de Tours, vivia como um monge, fora da cidade, num local modesto que mais tarde foi transformado num mosteiro.

Foi então no dia 11 de Novembro, dia que todos nós festejamos como o dia de S. Martinho, comendo castanhas assadas quentinhas ou cozidas e bebendo um copo de água-pé ou jeropiga, do ano 297 que São Martinho morreu em Candes, França.

São Martinho e o Magusto

São Martinho é considerado como o santo dos bons bebedores. É nesta atura do ano que se faz a prova do vinho novo acompanhado das respectivas castanhas. É por tradição, no dia 11 de Novembro que se prova o vinho novo e que se atestam as pipas. O vinho novo é especial uma vez que deve ser bebido antes do Verão, devido às suas características de fermentação.

Aliado aos festejos do dia de S. Martinho está também o tradicional magusto, tradição ainda mais antiga que a data consagrada a este santo. Os magustos começavam no dia 28 de Outubro, dedicados a S. Simão e duravam até ao S. Martinho. Nesse dia, decorria o magusto familiar em que se reuniam os familiares na casa de um deles, assavam-se as castanhas e na lareira era pendurada uma panela furada. Depois de assadas as castanhas, as famílias jogavam ao “par ou pernão” e diziam os seguintes versos: “Dia de S. Simão, Só não assa castanhas, Quem não é cristão”.

Durante a noite de 11 de Novembro, era formada a “confraria” que, com tachas de palha, acesas, andavam pelas ruas da freguesia a cantar e a tocar harmónio, guitarra, zabumba e ferrinhos, já tocados pela bebida e chamando a atenção das raparigas, passando pelas várias adegas ou tabernas.

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