Há momentos na vida em que levamos abanões com tal impacto que é obrigatório parar para reflectir.
Um dia ouvi a notícia que o meu linfoma estadio IV tinha uma taxa de sobrevida de 65%. Dentro do contexto nem era mau mas, ainda assim, aterrador. Ao meu lado tive muita gente que nunca me deixou duvidar do Amor que me tinha, fazendo-me acreditar que iria fazer-lhes falta. Meio caminho para a cura, portanto.
Hoje, 10 anos passados, despedi-me de um dos meus maiores amigos. Um daqueles que ajudou a tornar o fardo da doença mais leve.
Jovem, saudável, cheio de planos ... uma partida incompreensível, se acreditarmos que a vida acaba aqui. Porquê ele e não eu, que podia fazer parte dos 45%? Esta é, entre outras, uma dúvida que me assola.
Terei de fazer um longo caminho para perceber o sentido disto tudo.
Uma certeza tenho, em resposta a todos quantos nestes dias me perguntaram se o Simão era da minha família. O conceito de família está longe de se limitar a uma ligação genética. Creio que não existirá quem nunca tenha sentido isso. Não confundamos relação de parentesco com família. Aquela constitui-se independentemente de escolha. Esta é muito mais do que uma questão de sangue.
E creio que está tudo dito
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Volte sempre senhor carteiro. Volte sempre.
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