quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quaresma

Hoje é 4.ª feira de Cinzas, dia em que inicia a Quaresma e que está associado ao jejum e abstinência.

Como já estou desabituada de ser acordada pelo despertador, levantei-me meia atordoada e só quando ouvi a notícia na TV é que lembrei do dia e do seu significado para os católicos.

Claro que estava precisamente a lambuzar-se com uma deliciosa fatia de tarte de ananás (feita por mim) e quase me engasguei. É que a gula é um dos pecados mortais, não é?

Felizmente, fui educada numa fé católica bem diferente daquela que vê pecado e culpa em tudo aquilo que dá prazer e consegui serenizar, antes de ter a iniciativa de me ajoelhar em cima de grãos de milho, como forma de expiar tão terrível falha.

Fui então pesquisar alguma informação sobre a Quaresma ( que vem de Quadragésima), o período de 40 dias que antecede a festa mais importante para os católicos, a da Ressurreição de Cristo.

Neste período, que deve ser de conversão, a Igreja apela à meditação, oração e penitência.

Por ser a mais conhecida, e quase sempre mal interpretada, detenho-me sobre a penitência. Há muitas formas de a fazer, que não o jejum ou auto-flagelação. Pense-se, por exemplo, na prática de boas acções e na esmola.

O meu professor da escola primária, Prof. Pereira, incutiu-me uma forma de jejum muito interessante e que era se me apetecesse alguma guloseima ou outra coisa desnecessária, renunciava a ela e o dinheiro que deixasse de gastar seria dado aos pobres. Eram as chamadas "renúncias". O "problema", para mim e para os meus colegas, era que ele estendia as "renúncias" ao ano inteiro e qualquer centavo (sou desse tempo) que achássemos tinha de ir para a caixinha. Mas o fundamento ficou.

Agora que penso nisso, e associando essa forma de jejum, aos ensinamentos da minha avó, concluo que a proibição de comer peixe na 4.ª Feira de Cinzas e 6.ªas feiras da Quaresma não passa de uma forma de contribuição (pelo menos devia) para a caixinha das "renúncias".

Não esqueçamos que até há alguns anos atrás a carne era bem mais cara que o peixe. E daí uma das explicações possíveis para a origem da expressão "Fiel Amigo" enquanto designação do bacalhau. Parece que no sec. XVI, os pobres que não podiam pagar a bula que os isentava da proibição de comer carne, tinham de se contentar com o peixe e, pelos vistos, o bacalhau seria o mais barato.

4 comentários:

  1. Quais grãos de milho? terias de ajoelhar-te sobre grãos de bico, sua fura-quaresmas!
    Eu cá, comi os restos da orelheira de reco, cozinhada ontem. Abstinências já faço mts, todo o ano, como, por exemplo, não poder comer doces!
    bjs

    ResponderEliminar
  2. Ai, santa ignorância católica. Já comi peixe, ai, ai, agora nada a fazer.
    Exageros à parte, achei bonita a lição do Prof. Pereira.
    Beijinhos, Susana, já só faltam uns dias...
    T.

    ResponderEliminar
  3. Eu cumpri...

    Almoço: Salada Russa LINDO MENINO!!!!

    Jantar: Francesinha Especial com Batata Frita e Ovo estrelado acompanhado com um fino Sagres, para sobremesa foi um crepe doce com doce de frutos silvestres, acompanhado de uma bola de gelado de baunilha e chantilly.
    Não tomei café, foi a minha renúncia...

    Será que vou dormir de consciência tranquila??
    bjocas

    ResponderEliminar
  4. Ora bem, a mim nem me passou pela cabeça que era o início da Quaresma: dupla ingorância, pelos vistos nem sequer estive atenta ao noticiário!
    Quanto a ti, esquece os grãos de bico ou de milho, renunciar à tua tarte de ananás não deve ser um sacrifício assim tão valioso :P

    ResponderEliminar

Obrigada por dar vida a este blog.

Volte sempre senhor carteiro

  Volte sempre senhor carteiro. Volte sempre.