sexta-feira, 25 de maio de 2012

Para um combatente de Mr Hodgkin

Este post é dirigido, especialmente, a um combatente de Mr. Hodgkin, que conheci recentemente. Tens-me feito algumas perguntas sobre a minha experiência na nova fase que agora estás a passar (pós tratamentos). Já falámos sobre algumas situações, imagino (porque também as senti e sinto) que as tuas dúvidas e ansiedades sejam mais do que muitas, e só espero que, por pouco que seja, consiga ajudar-te. Terminei a quimio em Dezembro de 2009, a 2 dias da noite de consoada. Não fiz radio porque, à partida, a coisa estava feia. O linfoma estava no estadio IV (ou seja espalhado acima e a baixo do diafragma e, como tal, não localizado). Assim, lá fiz 6 ciclos de quimio (12 sessões), sob a "ameaça" de que, caso não resultasse, teria de fazer outro tipo de quimio que obrigaria a internamento. Graças a Deus, nada disso foi necessário. Em Agosto foi-me retirado o cateter. Ia ansiosa, claro, mas não custou nadinha. Vai descansado. Durante o tempo que o tive, nunca me colocaram restrições. Fiz a vida normal, dentro do contexto. Peguei na Leonor ao colo, sei lá, tudo normal. Aliás, a minha médica nunca fez nenhuma observação sobre eventuais limitações à vida normal. Disse foi que eu nunca mais seria uma pessoa normal, eh,eh (acho que nunca fui). Na altura nem quis saber o que queria dizer com aquilo. Tempos mais tarde perguntei-lhe e respondeu-me que, tendo feito quimio, estava mais sujeita a outro tipo de tumores. Se calhar, não devia dizer isto mas provavelmente já o leste nalgum lado (se o próprio médico não to disse). É uma realidade com a qual vamos ter de viver. Com isso e com momentos de alguma tensão porque sentimos (ou achámos que sentimos) um gânglio ou outra porcaria qualuqer. Acho que faz parte do processo. Para mim, importante é irmos aproveitando cada momento e tentar (dentro do que nos é possível) não fazer futurologia. Podemos ter uma recidiva, sim, mas também podemos não ter (e vamos acreditar nisso). Da mesma forma que muitas pessoas que não têm os chamados "comportamentos de risco", como eu (se não contarmos com as asneiras alimentares) acabam por ser metidas nestas andanças. Diferenças, físicas, em mim, noto poucas. Há as 3 cicatrizes de cateter e biópsias, a unha do dedo do pé que ficou meia esquisitóide e pouco mais. Sinto-me muito cansada, quando estou fora de casa (fisicamente falando), mas também nunca tive grande preparação física, pelo que a resistência é pouca. Não sei se terá alguma ligação à quimio. Será uma das perguntas a fazer na consulta, em Julho. Quanto ao facto de te sentires inútil só tenho uma coisa a dizer "esquece". Quando o senti, lixei-me. Resolvi aprender a ligar a máquina de lavar roupa (até aí tarefa do meu marido) e foi até hoje. E como eu detesto tratar da roupa ... Vai ficar tudo bem. Tenho a certeza. Um dia destes terás mais um elemento para a equipa de futebol, como tanto queres. PS Há miúdas que também gostam de futebol. BEIRAAAAAAAAAAAAAAAA

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