sábado, 10 de novembro de 2012

Isabel Jonet e o Banco Alimentar contra a fome

Nas minhas deambulações pela net, encontrei o alarido feito à volta das declarações feitas pela Isabel Jonet numa entrevista à SIC.

Fui procurar o video e fiquei estupefacta. A senhora está coberta de razão.

É óbvio que o país e as famílias criaram um estilo de vida muito acima das suas possibilidades e agora a factura está a cair-nos em cima.

Provavelmente não se exprimiu da melhor forma, nem o exemplo do bife terá sido o mais adequado. Podia ter dito, por exemplo, se não temos dinheiro para ir ao cinema, vamos ao clube de video alugar um filme. Se não temos dinheiro para comprar uma calças de ganga da marca xpto, compramos da marca abcd. Se não temos dinheiro para tomar o pequeno almoço no café, tomamos em casa.

É claro (pelo menos para mim) que a Isabel Jonet não se referia a quem nem sequer tem condições para fazer essas escolhas.

A crítica dirigia-se também a quem está à espera que o Estado e instituições como o BA venha resolver as suas carências, sem nada fazer para as minimizar.

Tenho o exemplo de um pai que mandou um filho a casa da minha avó com um bilhete a dizer que não "tinha comida para por na panela". E a minha avó mandou a comida, mesmo sabendo que na véspera esse pai tinha ido mandar instalat um cd no carro (é verídico, eu tinha estado nessa casa, na véspera).

E como estes há muitos outros exemplos. Claro que aqui o que há é, também, pobreza de espírito.

Mas há que trabalhar junto destas pessoas que gastam o pouco que vão tendo em inutilidades, confiantes que a comida e outras necessidades básicas estarão sempre garantidas.

Percebo que haja quem se incomode porque quem fez as declarações é de Cascais (que associamos de imediato a um elevado nível de vida) e ache que quem vive bem não tem direito de fazer estes reparos, mas é uma inevitabilidade mudar os nosso hábitos de consumo.

E mesmo que o que disse fosse uma enorme estupidez sem fundamento, não entendo como é que se pode confundir a pessoa com a instituição. Essa história de dizer que, por causa das declarações da Isabel Jonet, nunca mais se contribui para o Banco Alimentar contra a Fome causa-me confusão.

Certamente existirão, em todos os lados (trabalho, ginásio, ... e até família), pessoas com as quais discordamos. É isso que retira valor às entidades, ao trabalho realizado, aos laços familiares?

Não creio.




2 comentários:

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