sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Uma paciente do pior

Ontem, num pequeno flash de lucidez, cheguei à conclusão de que não tomava o Ramipril desde tempos imemoriais.

Para quem não sabe, estou a ser seguida na consulta de nefrologia do IPO do Porto já que perco alguma proteinuria na urina.

O motivo é desconhecido, podendo ser alguma sequela da quimio (daí a consulta no IPO onde já sou da casa), do golpe nos rins que a Leonor me aplicou durante a gravidez e me valeu 6 dias de internamento ou outra coisa qualquer.

Não será nada de grave e o acompanhamento será só mais uma prova da sorte que tenho tido com os profissionais daquela casa. Cada um ao seu estilo são mesmo uns queridos (a nefrologista é a ternura em pessoa).

Em resumo algo há no meu organismo que não funciona como devia, mas que não tem qualquer tipo de sintoma. Não fosse o facto de ter engravidado da Benedita, o que obrigou à normal parafrenália de análises, e, provavelmente, ainda viveria na ignorância.

Como não sinto nada, e me causa uma confusão danada isto de existirem doenças sem sintomas, há fases em que me esqueço do comprimido diário.

Sou uma paciente do pior.

Não me orgulho nada do facto e até me causa algumas interrogações.

Era suposto que alguém que já teve um cancro (ou tem, nunca saberei muito bem descrever o estado da minha pessoa durante este limbo dos famosos 5 anos que hão-de terminar em Dezembro deste ano) tivesse muitos cuidados com a saúde.

Aliás, todos têm o dever de cuidar da saúde.

Ao invés eu, de forma inconsciente, vivo como se não fosse nada comigo e nem os rebates de consciência (que me deixam a pensar durante uns dias) me fazem mudar o comportamento.

Freud explicaria provavelmente.

Como leiga só consigo uma coisa positiva neste meu desleixo, é que o cancro (embora sempre presente no fundo do subconsciente) não me mudou assim tanto.

Enfim, cada um com as suas pancas.

E agora vou deixar de estar aqui a engonhar pois não há como evitar o inevitável. Tenho de ir acordar as feras.

Torçam por mim, que os últimos amanheceres têm sido complicados.





1 comentário:

  1. Temos tanta coisa à nossa volta que nem sempre é fácil pôr a saúde em primeiro lugar. Beijinhos

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