sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Carta de Séneca a Lucílio

(Carta IX)
 
Para que me esforço para obter um amigo? Para que eu tenha por quem eu possa morrer, para que eu tenha a quem seguir no exílio, à morte de quem eu me oponha e impeça. 
Isso que tu descreves, do que se aproxima em vista do que é vantajoso, do que se espera que haja algo a ganhar, é comércio, não amizade. Não duvides que o amor possui algo similar à amizade: que se possa dizer aquele afecto [ser] uma amizade enlouquecida. 
Acaso alguém ama por causa do lucro? Acaso alguém ama por causa da ambição ou da glória? O próprio amor, por si mesmo indiferente a todas as outras coisas, inflama os espíritos para o desejo da Beleza não sem esperança de ternura mútua. E então? A causa do que é digno forma aliança com um afecto torpe?
«Não se trata», dizes tu, «agora [de discutir] isto, se a amizade deve ser buscada em razão de si mesma». 
Pelo contrário, nada é mais necessário. Com efeito, se deve ser procurada em razão dela mesma, só pode atingi-la quem se basta. «De que modo então a atinge?» Do mesmo modo que atinge a coisa mais bela, não [sendo] atraído pelo lucro nem atemorizado pela inconstância da fortuna. Trai a majestade da amizade quem a procura em vista da circunstância favorável.

PS

E eu, ignorante, que até esta semana desconhecia as cartas de Séneca a Lucílio

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