terça-feira, 14 de abril de 2015

Violência/consciência doméstica

Na 1.ª noite em que ficámos na casa nova, ouvi uma discussão horrível num dos andares de cima. Uma das vozes gritava, de forma aflitiva, "deixa-me, deixa-me".


Fiquei a tremer, só de imaginar que podia ser uma cena de violência doméstica. Só pensava que tinha de perceber o que se estava a fazer e, confirmando-se a suspeita, fazer alguma coisa.


Passados uns dias, à mesma hora, outra discussão.


Dessa vez, admito que fui para as escadas para tentar ouvir mais alguma coisa.


Comentei as minhas desconfianças com algumas pessoas. Umas disseram para não me meter, pois podia arranjar sarilhos. Outra, que não devia ser nada porque as pessoas do prédio têm todas muito bom aspecto (como se isso dissesse alguma coisa).


Andei uns dias angustiada. Todos os dias há notícias de violência doméstica e não me saía da cabeça a frase que uma das mulheres (que acabou por falecer) dizia enquanto era agredida (amor, em frente ao menino, não).


Depois de muito pensar, resolvi perder a vergonha de passar por alcoviteira e fui falar com o vizinho da frente. Perguntei-lhe se tinha conhecimento de alguma situação de violência doméstica, pois os gritos são audiveis por todos.


Respondeu-me que não, que os gritos são de um miúdo que tem problemas omportamentais e muitas vezes se descontrola.


Saiu-me um grande peso de cima.


Devo ter ficado com fama de abelhuda, mas não me importo nada. Tenho de viver é com a minha consciênia.

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