terça-feira, 17 de novembro de 2009

A primeira grande (in)decisão

Que o dinheiro não traz felicidade é um facto que todos estamos cansados de saber. Mas lá que ajuda, ajuda, disso não tenhamos dúvidas.

Temos a felicidade (porque a bolsa assim nos permite) de poder dar à nossa Princesa Rainha, duas vacinas que não fazem parte do Plano Nacional de Vacinação. "Brincadeira" que ficará acima de 400 Euros.

Até há pouco tempo, desconhecia o facto (e pelo que tenho visto muita gente desconhece) de o Estado nos reembolsar desta despesa. Não sei em que termos nem quando, mas o que interessa é que algum "pilim" virá.

Mete-me é muita confusão, saber que há tantos pais que não podem sequer pensar em avançar com esta quantia. Que tremenda injustiça e desigualdade num direito que a nossa Constituição consagra e, como tal, deveria ser para todos.

O mesmo acontece com a criopreservação das células estaminais. Lá foram outros 1200 Euros, só dedutíveis no IRS de quem se pode dar a esse "luxo". Estamos a falar na preservação de células que podem vir a dar vida, seja à Princesa Rainha (Deus me livre), à sua mãe imuno-deprimida ou a qualquer outra pessoa compatível.

Como é evidente, ninguém sabe o futuro e a minha maior felicidade seria vir a "chorar", daqui a 20 anos, aqueles 1200 Euros, mas ninguém sabe.

Aqueles 800 Euros que gastei (entre consultas, medicamentos e biópsia) em Dezembro passado podem ter sido decisivos no combate ao Sr. Hodgkin. Se tivesse feito o mesmo percurso no Sistema Nacional de Saúde tudo teria sido muito mais moroso, certamente.

E atenção que, como sabem, não tenho razões de queixa. Sou muito bem atendida no IPO, tal como fui no Hospital S.Sebastião, tenho a melhor médica de família que alguém pode desejar ( a quem, um dia destes, dedicarei um post inteirinho), o dermatologista, do sector privado, que me detectou o bicharoco ( e que eu "idolatro") é o mesmo que me segue no IPO.

Mas, de facto, há muitas assimetrias ao nível do acesso aos cuidados de saúde e eliminá-las devia ser uma das prioridades dos nossos políticos. Lamentavelmente, muitos preferem lançar outros temas quentes para discussão pública. Não vou criticar os temas em si, que eu até gosto de casamentos. Parece-me é que não deviam estar no topo das prioridades.

Voltando ao tema. Esta semana estamos a deparar-nos com a necessidade de tomar a primeira grande decisão, no que à Princesa Rainha se refere.

Vacinar, ou não, contra o H1N1. Logo esta que é de borla. Com opiniões tão divergentes, vamos esperar até 5.ª feira para saber a opinião da pediatra. Decidimos, desde o início que se depositamos confiança na pediatra que acompanha o crescimento da Princesa Rainha, é a ela que temos de ouvir neste tipo de situações.

Mas a sensação é um pouco estranha, até para mim que lido, diariamente, com diferentes interpretações sustentadas em abundante doutrina e jurisprudência. Com a diferença que estamos a falar de leis e não da vida da minha filha.

Devo dizer-vos que não estou a gostar nada de estar do outro lado. É que normalmente sou eu a dizer "a decisão final é sua".

Coisas da vida.

4 comentários:

  1. Olá Susana
    Primeiro que tudo, parabéns pela linda princesa que tens.
    Estive a ler o teu percurso e tem sido o duma grande Mulher, com essa força toda.
    Mas, ter Força e muita coragem é a única opção para lidar com as "desventuras" desta doença.
    Um Beijinho
    TeresaM

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  2. Claro que quem convive de perto com a saúde (ou falta dela) tem montes de oportunidades de sentir que esse sector precisa de ser revisto, de maneira a fazer acertos (mts).
    Basta uma ida à farmácia para vermos pessoas, sobretudo de certa idade, perguntar qto custam os medicamentos prescritos antes de aviarem a receita e, por vezes, dizem: então tenho de voltar cá depois; outros dizem: então dê-me só este que me faz mta falta...
    Qto a decisões sobre a saúde da nossa menina fazes bem em auscultar a pediatra, que terá mais informações do que os leigos na matéria.
    bjs

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  3. Olha amiga, eu ja dei ao pekeno joao! por agora tudo em ordem!

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  4. Curioso, acabei de escrver um post precisamente sobre este assunto.

    Devo ou não vacinar-me contra o h1n1?

    Há medicos que dizem sim, outros não. A minha médica, em quem confio diz que mais vale arriscar e levar a vacina.

    Os riscos da vacina são menores que os riscos de apanhar a doença.

    Mas estou muito indecisa.

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