quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sanidade Mental

Tenho pensado muito sobre o que será a sanidade mental. Vejo tanta atrocidade e estupidez à minha volta que não consigo chegar a nenhuma conclusão. Ou melhor, aquilo que mais se pode aproximar de uma conclusão é a sensação de que não podem exigir que tenha muita.

Se calhar nem tenho nenhuma. É o mais provável, depois de ter recusado ser curada por alguém que só com uma peça de roupa minha faria o trabalhinho.

É verdade, dias antes de começar a quimio recebi o telefonema que poderia ter mudado tudo.

"Olha, vou dizer-te uma coisa......não sei se acreditas nestas coisas".

Alto que vem lá bomba, pensei eu. Diz.

"Falei com o meu irmão sobre a tua situaçáo e ele conhece um senhor que também já só tinha 3 meses de vida".

Também já só tinha 3 meses de vida?!!! Porreiro, está a começar melhor do que eu imaginava. Também, não é uma palavra utilizada para fazer comparações? Quer dizer que já fui sentenciada à morte e não sei?

Bem, acho que nunca raciocinei tanto, em tão poucos segundos.

Sim, continua. "Se quiseres, é só levar uma peça de roupa tua a um senhor que vê logo o que tens. Esse senhor que o meu irmão conhece, ainda anda por aí".

Uau. Melhor que o Euromilhões. Tenho é um pequeno defeito ou feitio que é o de desconfiar de tudo o que não seja amplamente divulgado pela imprensa.

Além disso, acredito piamente que se já tivesse o destino traçado, os meus médicos não iam andar a esquartejar-me e injectar drogas. Se não fosse pelo lado humano da questão, que aquilo doi à brava, seria pelo lado económico (aqueles procedimentos médicos custam balúrdios).

Ainda meia atordoada com a sorte que me estava a bater à porta, agradeci a atenção, expliquei que não acreditava em "galinha gorda por pouco dinheiro" (não por estas, mas por poucas palavras) mas que se mudasse de ideias iria pedir o contacto de tão "iluminado" santo na terra.

Sei que devemos respeitar crenças diferentes das nossas e procuro ser cada dia menos intolerante. Também sei que a intenção foi das melhores e não queria ser injusta.

Mas, sinceramente, às vezes perco a pachorra. Já basta o que basta.

Assim não dá para ser sãzinha da cabeça.

5 comentários:

  1. Amiga, hoje escrevo só para te dizer: tenho saudades tuas à brava.Até me veio à lembrança akele furo em plena ponte do freixo... bjs

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  2. Pobres daqueles que se deixam levar nessas "cantigas"...
    beijo

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  3. Suzzzzzzz, temos de combinar um cafézinho. Também tenho saudades.
    Lembro-me muitas vezes dessa aventura na Ponte do Freixo. Acho que merecia um post.
    Hilariante

    Beijos

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  4. Bem...
    Começo a ficar curiosa com a aventura na Ponte do Freixo. Acho que merece ser partilhada, prá malta se divertir mais um pouquinho.

    Fico à espera desse post!!!

    Bjinhos

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  5. Quem seria iluminado o suficiente pata este tipo de sugestão?! ;)

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