É difícil manter a clareza de espírito quando recebemos a notícia de que uma pessoa, de quem gostamos muito, tem cancro. Especialmente se essa pessoa foi das quem sofreu mais com o nosso.
E a dificuldade aumenta se essa pessoa, que trabalhou mais de 50 anos, se tinha reformado há menos de um mês, para gozar um, mais que merecido, descanso.
Apesar de continuar a acreditar que tudo tem a sua razão de ser e há-de ter um lado positivo, sinto-me meia perdida num momento em que a família se prepara para travar nova batalha contra um inimigo silencioso e traiçoeiro.
Pensava que a minha experiência, enquanto paciente e familiar próxima de pacientes de cancro, me tinha dado alguma imunidade e capacidade de discernimento para encontrar as palavras mais adequadas. Mas não é o que estou a constatar. Nada nos prepara para isso. Tal como quando recebi a notícia, o silêncio tem sido o meu refúgio.
Sempre disse que bem pior do que passar por um cancro era passar peloa cancro de alguém que amamos. A sensação de impotência é terrivelmente angustiante. É certo que o papel de quem acompanha é dar amor, ouvir e confortar e isso é da maior importância. Mas assistir à dor dos nossos é algo que transcende qualquer dor física que possamos sentir.
Acho que ainda não acredito. E, defintivamente, ainda não encontrei as palavras certas. Sei que não há regras, há momentos e sentimentos, mas esta é uma daquelas raras fases em que gostava que a vida fosse matemática.
Mas uma coisa sei, estarei lá para o que der e vier e vai correr tudo bem. Será só mais uma prova.
Estamos nisto juntos.
domingo, 29 de abril de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Realismo
"Agora és minha mamã, mas quando fores minha filha vou por-te a fralda".
Vais por-me a fralda, Leonor?
"Sim, agora és minha mamã, mas depois vais ser minha filha".
Sei que a pequena estava a brincar, tal como faria com uma boneca, e não pretendeu dar àquela frase um conteúdo mais profundo. No entanto, gosto de pensar que se referia à minha velhice e ao inverter de papéis que, em regra, existe nessa fase da vida.
Claro que o papá fez-me logo descer à terra quando disse "ela só vai por-te uma fralda, aquela que vais usar na viagem até ao lar"
Vais por-me a fralda, Leonor?
"Sim, agora és minha mamã, mas depois vais ser minha filha".
Sei que a pequena estava a brincar, tal como faria com uma boneca, e não pretendeu dar àquela frase um conteúdo mais profundo. No entanto, gosto de pensar que se referia à minha velhice e ao inverter de papéis que, em regra, existe nessa fase da vida.
Claro que o papá fez-me logo descer à terra quando disse "ela só vai por-te uma fralda, aquela que vais usar na viagem até ao lar"
domingo, 22 de abril de 2012
Muse da Arte Nova em Aveiro - a não perder
Há tempos que ando para escrever este post. Aveiro tem um novo ponto de interesse. A antiga casa "Major Pessoa", no Rossio, um ícone da Arte Nova, foi restaurada e convertida no Museu da Arte Nova.
Vale a pena visitar. O museu é a própria casa, que tem um decoração lindíssima. As exposições, em si, podiam ser melhores.
Mas do que eu gosto mesmo é da cafetaria. O espaço está muito agradável, os scones são deliciosos, as torradas (de pão rústico) também. O pátio, com os puffs, é muito agradável e dá imenso jeito a quem tem criancinhas.
Acreditem, vale mesmo a pena.
Infelizmente, desconfio que não me deixam lá entrar mais, tal foi a javardice que ficou, na mesa e no chão, de pois de ter saído com as minhas crias. A Leonor deixou migalhas num raio de 10 mts e a Benedita resolveu por a mão dentro da chávena do chá (felizmente, já frio) e entorná-lo nas minhas pernas e nas dela.
Era ver, nós a sair e os gémeos a passar, um com o mini aspirador e o outro de esfregona.
Vale a pena visitar. O museu é a própria casa, que tem um decoração lindíssima. As exposições, em si, podiam ser melhores.
Mas do que eu gosto mesmo é da cafetaria. O espaço está muito agradável, os scones são deliciosos, as torradas (de pão rústico) também. O pátio, com os puffs, é muito agradável e dá imenso jeito a quem tem criancinhas.
Acreditem, vale mesmo a pena.
Infelizmente, desconfio que não me deixam lá entrar mais, tal foi a javardice que ficou, na mesa e no chão, de pois de ter saído com as minhas crias. A Leonor deixou migalhas num raio de 10 mts e a Benedita resolveu por a mão dentro da chávena do chá (felizmente, já frio) e entorná-lo nas minhas pernas e nas dela.
Era ver, nós a sair e os gémeos a passar, um com o mini aspirador e o outro de esfregona.
domingo, 15 de abril de 2012
Antevejo um futuro complicado
"Vou partir-te a cabeça, a boca, o nariz, ah e as bochechas", dizia a Leonor enquanto fazia festas na cabeça da Benedita"
A coisa promete. A pequena já dá sinais de não se deixar ficar.
Já me vejo a apanhar rolos de cabelo do chão.
A coisa promete. A pequena já dá sinais de não se deixar ficar.
Já me vejo a apanhar rolos de cabelo do chão.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Esta é da manaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Eram três da manhã e estava eu, de rabo para o ar, a procurar a chupeta da Leonor. Revirei os lençóis e espreitei para debaixo da cama, várias vezes, e o raio da pêpê parecia ter-se volatizado.
Entretanto, a criatura olhava para mim com ar ameaçador. Em desespero, corri para a cozinha e peguei na pêpê suplente da Benedita.
Cheguei ao quarto e tentei explicar que, às vezes, temos de aceitar coisas que não são bem aquilo que queremos. E que a vida é mesmo assim.
A pequena mirou e remirou a chupeta, dos mais variados ângulos, e acabou por metê-la na boca.
Suspirei de alívio e apaguei a luz.
Passados 5 minutos, começam os gritos "esta é da manaaaaaaaaaaaaaaaa".
Lá tornei a acender a luz, para voltar às buscas. Quando estava quase a pedir reforços (leia-se chamar o papá para ajudar a amansar a fera), eis que resolvo arrastar a cama e acabei por encontrar a porcaria da pêpê.
Volto a apagar a luz, dormito um bocadinho e, passada cerca de uma hora, começo a ouvir "estou cheia de fomeeeeeeeeeeeeeeeeeee".
Toca a reacender a luz e arrastar a criança (que não se calava) para a cozinha.
Como está bom de ver, depois de aquecer o "leitinho branco" e por a manteiga no pão, conforme me ordenou, mandou-me comer a mim.
Arre noite animada
Entretanto, a criatura olhava para mim com ar ameaçador. Em desespero, corri para a cozinha e peguei na pêpê suplente da Benedita.
Cheguei ao quarto e tentei explicar que, às vezes, temos de aceitar coisas que não são bem aquilo que queremos. E que a vida é mesmo assim.
A pequena mirou e remirou a chupeta, dos mais variados ângulos, e acabou por metê-la na boca.
Suspirei de alívio e apaguei a luz.
Passados 5 minutos, começam os gritos "esta é da manaaaaaaaaaaaaaaaa".
Lá tornei a acender a luz, para voltar às buscas. Quando estava quase a pedir reforços (leia-se chamar o papá para ajudar a amansar a fera), eis que resolvo arrastar a cama e acabei por encontrar a porcaria da pêpê.
Volto a apagar a luz, dormito um bocadinho e, passada cerca de uma hora, começo a ouvir "estou cheia de fomeeeeeeeeeeeeeeeeeee".
Toca a reacender a luz e arrastar a criança (que não se calava) para a cozinha.
Como está bom de ver, depois de aquecer o "leitinho branco" e por a manteiga no pão, conforme me ordenou, mandou-me comer a mim.
Arre noite animada
domingo, 8 de abril de 2012
A pressão dos ovos
Nunca pensei que fosse acontecer mas, neste momento, estou a sentir-me pressionada.
Acabei de fazer uma tarte com ovos produzidos em gaiolas melhoradas (segundo dizem na caixa).
Isto significa que, caso tenha corrido mal a experiência, não poderei culpar as galinhas.
sábado, 7 de abril de 2012
Era gaja para ficar viciada
Fosse eu, minimamente, organizada e mais paciente e era gaja para ficar viciada em compras com talões de desconto.
Mesmo à americana.
Era pior se me metesse na droga (pelo menos assim em abstracto)
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Inconsciência
Estávamos no meio do Continente e a minha "Rambo" começou a gritar "Pingo Doce venha cá".
Felizmente o segurança estava longe.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Rambo, o regresso
"Leonor, porque é que o Martim te arranhou a cara?"
"Porque eu estava a bater-lhe"
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