Ter cancro permitiu-me comprovar algumas daquelas ideias que sempre defendi em teoria.
Uma delas (e que escrevi na 1.ª página do blogue logo no dia em que o criei) é a de que tudo tem uma razão. Por mais difícil que seja percebê-la.
E esse será um dos maiores desafios que qualquer grande adversidade nos traz. O de perceber a sua razão de ser e retirar conclusões que permitam transformar algo muito mau em coisas positivas que nos façam crescer na relação com os outros.
Durante a quimio, comecei a sentir vontade de me tornar missionária.
Estava a reagir bem aos tratamentos e sentia que tinha de mostrar esse exemplo e, com ele, dar força a quem passava pelo mesmo.
Quando, como ontem (e na semana passada), me telefonam ou mandam mensagem a dizer "foi diagnosticado um linfoma ao ...; tens tempo para vir cá a casa tomar um cafézinho?", consigo perceber o porquê da minha doença.
Acredito que não passei/passo por tudo isto em vão e sinto que, dentro daquilo que é possível numa fase tão dolorosa e confusa quanto aquela em que se recebe um diagnóstico de cancro, posso ajudar a serenizar quem me procura cheio de dúvidas e medos. Os mesmos que tenho sentido.
A partilha é, assim, mútua. Dou e recebo alento.
Só assim faz sentido esta coisa de viver.
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